Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:
"Contas
de Dilma foram investigadas e aprovadas", diz coordenador jurídico
O
advogado Flávio Crocce Caetano, coordenador jurídico da campanha de Dilma
Rousseff em 2014, diz que as informações sobre delação premiada de executivos
da construtora Andrade Gutierrez, divulgadas pela mídia, carecem de confirmação
formal e que, mesmo se a acusação se confirmar nos autos do Supremo Tribunal
Federal, ela é “mentirosa”.
“Em
relação ao teor da delação, se é que é essa mesma, é preciso chamar a atenção
porque a empresa doou para todos os candidatos, e doou mais para Aécio Neves do
que para Dilma, e é absolutamente improvável que (essas doações) tenham sido de
fontes distintas. As doações foram legais, e, mais uma vez repetindo, mas não
tem como fugir disso, elas foram aprovadas pelo TSE”, afirma Caetano,
ex-secretário nacional de Reforma do Judiciário. Segundo a imprensa, a Andrade
Gutierrez doou R$ 20 milhões para a campanha de Dilma Rousseff em 2014 e,
embora legais, as doações teriam sido feitas com propina. No entanto, a
construtora doou R$ 32 milhões para a campanha de Aécio, de acordo com a
petição apresentada no TSE em fevereiro pela defesa da chapa Dilma-Temer, o
pedido de extinção da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (Aime) número
7-61.2015.6.00.0000.
Na
ação, a defesa questiona: “Por que os autores (do pedido de impugnação da chapa
Dilma-Temer) não apontaram os valores recebidos daquelas empreiteiras para o
financiamento da campanha de 2014?”.
A
“razão é simples e conhecida de todos”, dizem os advogados: “As empreiteiras
doaram recursos para todas as campanhas eleitorais ou pelo menos para as mais
importantes, seja para as campanhas presidenciais, seja para os cargos
estaduais. E doaram de forma muito significativa e substancial para as
campanhas de Aécio Neves e do PSDB”. As empreiteiras, de acordo com a petição, doaram,
no total, R$ 78,85 milhões em recursos para a campanha de Aécio em 2014.
Além
da suposta e estranha acusação da propina em doações legais, existe um
fato que compromete a credibilidade da
delação da Andrade Gutierrez, mesmo que o teor dos delatores seja confirmado.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo em outubro do ano passado,
mensagens por Whatsapp de executivos da cúpula da Andrade Gutierrez, no período
eleitoral de 2014, “revelam a torcida dos empreiteiros e até a decepção com a derrota
do então candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves”.
“Bora
Brasil!! Bora Aécio!!!”, afirmou, por exemplo, de acordo com o jornal, Ricardo
Sá, presidente global da AG Private, divisão da Andrade Gutierrez responsável
por clientes do setor privado no mundo todo, no momento em que o resultado das
apurações das eleições estavam indefinidas.
Gilmar
Mendes
Flávio
Caetano comenta também a eleição, hoje (7), do ministro Gilmar Mendes para
presidir o Tribunal Superior Eleitoral, justamente no momento em que se espera,
para os próximos meses, o julgamento, pela corte, dos pedidos do PSDB e seus
aliados de cassação da chapa eleita em 2014. Segundo Caetano, não há nenhuma
novidade na eleição de Mendes como presidente.
“Já
se sabe que o ministro Gilmar Mendes seria presidente há dois anos. Não tem
nenhuma novidade no fato de ele ser homologado como presidente hoje”, diz o
advogado. Segundo ele, é evidente que a oposição tem nas ações no TSE uma
aposta da qual pode lançar mão, caso sua atual investida pelo impeachment
fracasse.
“A
aposta da oposição vai dependendo dos humores. Se eles perderem o impeachment,
vão para cima do TSE achando que lá é a solução. Como não há razão para o
impeachment, também não há razão nenhuma para cassação da Dilma e do Temer,
porque não tem nada de ilegal na campanha.” O próprio TSE aprovou as contas de
Dilma por unanimidade (sete votos a zero), em dezembro de 2014, lembra.
O
advogado explica que o presidente do TSE, que será Gilmar Mendes a partir de
maio, é o porta-voz da corte. “Nessa condição, ele é quem fala pelo tribunal.”
Em segundo lugar, ele organiza a pauta da corte. “Quando for o momento de
submeter um caso a julgamento, como o do pedido de cassação da chapa
Dilma-Temer, a relatora vai pedir para colocar em pauta e o presidente vai
incluir. Ele preside a sessão do julgamento, mas vota como qualquer outro
ministro.”
A
relatora dos pedidos de cassação é a ministra Maria Thereza de Assis Moura. Ela
é considerada equilibrada e pouco afeita à política. Em fevereiro de 2015,
Maria Thereza decidiu arquivar ação proposta pelo PSDB, mas em outubro o TSE
reabriu o caso, em decisão por cinco votos a dois.
“A
relatora é uma juíza já experiente, bastante equilibrada, professora de
Direito, e que tem sua atuação pautada pela técnica. Tem uma postura de magistrada,
mais parecida com o ministro Teori Zavascki, do STF, que é um ministro com
postura de juiz”, diz Caetano.
Fonte:
ocafezinho
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