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O filósofo e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro (Foto: Luiza Sigulem) |
Para
o filósofo e ex-ministro, o grampo de Dilma e Lula abre precedente para que
arbitrariedades sejam cometidas contra qualquer cidadão
Em
um texto publicado em sua página pessoal no Facebook, o filósofo e ex-ministro
da Educação, Renato Janine Ribeiro, criticou o grampo de conversas entre o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff,
interceptado pela Polícia Federal e divulgado na imprensa do País na noite de
ontem (16).
Ao
comentar o episódio, Janine enfatizou o caráter arbitrário da medida, condenada
por juristas como Dalmo Dallari ((leia mais), e advertiu que ela abre precedente
para que decisões de exceção sejam cometidas contra qualquer cidadão
brasileiro.
Leia
a seguir o texto na íntegra
“Esqueçam
por um momento que foram Dilma e Lula os grampeados ilegalmente ontem à tarde.
Pensem que, agora, não há mais limite algum ao grampo ilegal e a seu uso
igualmente ilegal. A qualquer momento, um policial e um juiz podem mandar
gravar você. Você, empresário, psicólogo, o que seja. Conheço psicólogos que
atendem pelo telefone. Podem ser grampeados – e com boas razões, porque,
afinal, há clientes que superfaturam ou corrompem, e que contam isso ao
terapeuta. Há sacerdotes que ouvem confissões. Confissão é de coisa errada, não
é? Ótima razão para gravar e apurar. Empresários podem sonegar, ótima
justificativa para grampeá-los, todos, não é? Mesmo que não soneguem. Isso já
começou, quando o sigilo acusado-advogado foi rompido. Claro, o acusado é
bandido, não é? E nestas gravações, caro amigo, cara amiga, podem descobrir
coisas que nem desonestas são, mas que vão te causar um mal danado. Podem
descobrir, empresário, que você pretende lançar um novo produto na praça. E
podem divulgar este segredo para seu concorrente. Podem descobrir que o
analisando teve um filho antes de casar, que pretende reconhecê-lo, mas que
está difícil fazer isso porque vai dar problemas com o cônjuge. Todo mundo tem
uma vida íntima. Esta vida íntima pode ser gravada. Pode ser divulgada pela
Internet ou vendida a uma pessoa que não gosta de você.
É
por isso que as liberdades burguesas – faço questão de usar o nome meio
pejorativo que a esquerda lhes deu, mas que tem uma certa razão, porque são
liberdades do indivíduo contra a interferência do Estado – são tão importantes.
Hoje muitos estão felizes porque acham que pegaram Lula e Dilma. Na verdade,
pegaram você. Você não tem mais proteção contra os agentes da lei. Eles farão
com você o que quiserem. Poderão chantagear você.
E
não venha com o quem não deve não teme. A vida íntima não é feita de
ilegalidades. Ela é feita de segredos, sim, que ninguém tem o direito de
invadir. Ninguém tem o direito de saber uma multidão de coisas que são suas.
OK, Mark Zuckerberg sabe. Mas ele está interessado em big data e não em você
especificamente. Então fique contente, e quando sua vida pessoal for exposta,
lembre que você apoiou isso.
(Reflexão
depois de ouvir a gravação Lula-Eduardo Paes. Nada de relevante para a
sociedade saber, Nada mesmo. Puro exercício de prepotência: vejam quem manda. E
mesmo isso – a brincadeira de Paes que Lula, você tem alma de pobre – está
vindo à tona. Quando pegarem sua vida íntima, debocharem de seus gostos,
venderem sua intimidade, aproveite sua descida aos infernos para fazer
contrição, confissão, talvez comunhão).”
Link
curto: http://brasileiros.com.br/BTeQ6
Fonte:
brasileiros
1 Comentários
Infelizmente, os meios de comunicação de massa não contribuem para esclarecer, mas, sim, para manter privilégios de alguns grupos, inclusive o de violar leis, como foi o caso dos grampos.
ResponderExcluirBom seria se todos/as lessem as palavras de Renato Janine Ribeiro.
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