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E no lugar da política, o que virá? POR FERNANDO BRITO



Não é preciso dizer que está evidente que há, na população, uma mistura de choque e desânimo diante do que  vai sendo revelado a seus olhos.
Durante dois anos, claro, isso serviu para alimentar o ódio da classe média ao PT, meio que deixando de lado o que já começava a surgir em relação a Eduardo Cunha e ao PMDB e ao PSDB, com a ajuda de uma mídia que, sobre os dois partidos, jamais os tratava como “quadrilha” e em campanha diária, como aos petistas.
Agora, porém, as represas de dejetos se romperam e a lama passa, arrastando tudo, dos que enriqueciam pessoalmente aos que, simplesmente, jogavam o jogo da política como ele passou a ser, crescentemente, no pós-ditadura: campanhas que dependiam cada vez mais de dinheiro.
A representação parlamentar que vinha de eleições ada vez mais caras, financiadas por empresas sobre cujo “civismo” não há o que comentar.
E a tal “governabilidade” que sempre atormentou os governantes eleitos pelo voto popular, que sempre precisou da entrega de partes do governo ao “centrão” passou a depender também de olhos bem fechados.
Chegamos a um ponto em que a ironia se torna extrema.
À iminência do afastamento de uma mulher contra a qual só as mais ridículas “forçações de barra” podem alegar atos desonestos por uma representação parlamentar que lembra o cenário, como disse, da Mariana pós-Samarco.
Ao empoderamento sem precedentes de instituições nas quais, todos sabemos, o sistema de garantias e privilégios que lhes são concedidos os torna frequentemente soberbos, autoritários e arbitrários.
Não é possível ter piedade de figuras tão  podres da política brasileiras como as que agora são acusadas, ainda mais porque elas se mostraram enfiadas até a medula numa conspirata para a derrubada de um governo eleito.
Mas não se pode deixar de ver que que estamos colocando o destino do país – e de nossas vidas – nas mãos de homens que não estão sujeitos ao nosso controle, que são os votos – e cujas decisões (judiciais) não são para discutir, mas para cumprir, obedientemente.
O nome que isso tem, desde Roma, é ditadura.

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