“Operação
Mãos Limpas não deu certo porque se partidarizou, não podemos cometer o mesmo
erro”
Por
Lúcia Rodrigues
Caros
Amigos
A
ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, conhecida
por sua rigidez na condução dos casos enquanto esteve à frente do órgão, não
admite a hipótese do juiz Sérgio Moro sair candidato à presidente da República
nas próximas eleições.
“Ele
não pode fazer isso. Eu seria a primeira a ir para os jornais e dizer da minha
revolta contra alguém que usou a toga para se promover. Isso não vai acontecer.
Isso é especulação.”
Eliana
cita o caso italiano para advertir sobre a politização da justiça. “A Operação
Mãos Limpas não deu certo porque se partidarizou, não podemos cometer o mesmo
erro.”
O
Instituto DataFolha realizou recentemente pesquisa de intenção de voto, em que
coloca Moro entre os possíveis pré-candidatos à Presidência em 2018. O juiz
também tem sido criticado por juristas de renome por conduzir a Operação Lava
Jato de forma política, mirando apenas nos governos petistas.
“Financiamento
de campanha por empreiteiras não foi invenção do PT. Isso existe desde o Brasil
Colônia. Todo mundo sabe disso. As campanhas eleitorais sempre foram feitas com
dinheiro de empreiteiras, que sempre mandaram neste país. O poder econômico
sempre esteve aliado ao poder político”, frisa.
“A nação inteira sabe que não é só o PT”, completa.
Para
ela, a Operação Lava Jato é um divisor de águas por ter mandado para cadeia
“figurões da República e donos de empreiteiras”. Eliana ressalta que a legislação sobre crime
organizado permitiu que Moro lançasse mão dessa prerrogativa. Antes, segundo
ela, quem tinha bons advogados protelava os processos e se eximia da
condenação.
Ilegalidades
Apesar
de falar na condição de hipótese, por alegar desconhecimento do processo, a
ex-corregedora é categórica ao criticar a condução coercitiva sem que haja uma
intimação prévia do depoente. “Ninguém pode ser levado coercitivamente, se não
for intimado antes. Para haver condução coercitiva é preciso que a pessoa se
recuse a comparecer perante o juiz, que se recuse a atender o chamado
judicial.”
Sobre
os grampos na presidente Dilma, Eliana é direta: “Eu sempre disse que foi
ilegal. Pode ter conotação política, e juridicamente é condenável. Até o
Supremo já reconheceu.”
Ela
não antecipa qual seria sua decisão sobre um eventual julgamento de Moro se
estivesse à frente do órgão que investiga os atos dos juízes.
“Todas
as vezes que um juiz se comporta fora dos parâmetros da legislação, ele está
sujeito a sofrer um processo. E esse processo conduz a uma investigação e
aplicação de sanções. Mas é muito difícil trabalhar sobre hipóteses de uma
realidade que não se conhece. Eu acho muito difícil uma pessoa cometer tantas
ilegalidades sem justificativa, cometer falta primaria. É por isso que eu fico
receosa de falar sobre uma coisa que eu não conheço”, enfatiza.
Fonte:
carosamigos
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