Charge:
Latuff / Brasil 247
Salvador
da pátria, Joaquim Barbosa pagou 335 mil dólares por apartamento em Miami via
ilhas Virgens Britânicas; o que o #panamaleaks não vai te contar agora
por
Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo
Messi,
Macri, Mubarak, Eduardo Cunha, Joaquim Barbosa. Os #panamaleaks estão bombando.
A empresa Mossack & Fonseca avisou seus clientes, ontem, que tinha sido
vítima de uma invasão em seu banco de dados.
Na
verdade, há mais de um ano o Consórcio Internacional de Jornalistas
Investigativos, ICIJ, numa parceria que envolve 100 empresas jornalísticas de
todo o mundo, está debruçado sobre os registros de mais de 214 mil empresas
offshore criadas pela Mossack. Algumas podem ter servido a propósitos legais.
Mas, na maioria das vezes, trata-se de esconder dinheiro sujo, sonegar imposto
ou esconder patrimônio.
Joaquim
Barbosa, o Batman do mensalão, segundo descreveu hoje o Miami Herald, escondeu
o preço do apartamento que comprou em Miami, na Flórida: U$ 335 mil dólares em
dinheiro. Os brasileiros poderiam ter descoberto este valor se Barbosa tivesse
pago os impostos locais, já que eles são relativos ao valor total da transação.
Mas, os U$ 2 mil nunca foram pagos!
Foi
a Mossack quem criou a empresa de Joaquim Barbosa, Assas JB1, registrada nas
ilhas Virgens Britânicas.
Ouvido
pelo Miami Herald, Barbosa culpou a intermediária que cuidou da transação por
não pagar os impostos locais e disse que qualquer pessoa com acesso a um
serviço privado, exclusivo de corretores de imóveis, poderia ter descoberto
quanto ele pagou pelo apartamento em 2012. Isso, de um campeão da moralidade
pública que, no julgamento do mensalão, cobrou transparência alheia! Cabe,
neste caso, utilizar a teoria do “domínio do fato”?
Barbosa
pode não ter cometido um crime, mas o certo é que foi levado no bico. Pagou
mais de R$ 1 milhão, em dinheiro de hoje, por um apartamento de 73 metros
quadrados! Só novo rico para cair neste conto de Miami…
O
QUE O #panamaleaks NÃO VAI TE CONTAR AGORA
27
de janeiro de 2016. Vigésima segunda fase da Operação Lava Jato. Título: Triplo
X. Alvo? O ex-presidente Lula. Suspeitava-se que ele era dono de um triplex no
edifício Solaris, no Guarujá. Uma empresa, de nome Murray, tinha em seu nome ao
menos uma unidade. A Murray foi criada pela Mossack & Fonseca, a mesma que
ajudou o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa.
Quem
sabe se a Murray não era de Lula ou de um parente dele?
Busca
e apreensão na sede da Mossack na avenida Paulista, em São Paulo. Prisão de
funcionários da empresa. Inclusive de um que havia sido gravado ao telefone com
a filha falando em destruição de provas. A Globonews vibra! O Lula vai cair!
Relembremos parte do diálogo (no link tem a gravação):
Nossa,
um homem que admite ter picado a mala inteira de papel? Que história saborosa!
O que será que havia nesta mala? Qualquer jornalista daria tudo para saber o
final desta história.
5
de fevereiro de 2016. Ademir Auada é solto. O G1, da Globo, não teve a curiosidade de perguntar: que tipo de papel ele cortou? o que tinha naquela mala?
Nem
a PF, nem o MPF acharam necessário mantê-lo na cadeia. Auada, que estava no
Panamá quando teve a prisão decretada, entregou a lista de seus clientes — que
milagrosamente não vazou!
Esta
é uma das coisas que o #panamaleaks não vai te contar agora.
Auada
era um intermediário entre a Mossack e clientes brasileiros.
Ele
cuidava de ao menos 10 empresas que estão nos arquivos que a Polícia Federal
apreendeu na sede da empresa panamenha em São Paulo.
Estes
#panamaleaks, incrivelmente, não interessaram aos jornalistas brasileiros,
embora os documentos tenham se tornado públicos.
Por
que? São empresários, médicos, escritórios de advogados e bancos.
Provavelmente, muitos dos responsáveis frequentam as manifestações contra a
corrupção no Brasil. O Viomundo vai investigar a papelada através de um
crowdfunding.
Papel
importante neste imbróglio ocupa Ricardo Honório Neto, funcionário da Mossack
no Brasil, para o qual a mídia também não deu a menor bola. Sobre a mesa dele a
Polícia Federal encontrou manuscritos que equivalem ao controle de uma conta
bancária. Entram as taxas de manutenção cobradas pela Mossack, saem pagamentos
de despesas da firma.
Ricardo
lidava com os clientes no dia-a-dia. São deles as anotações referentes a Paula
Azevedo Marinho e Paula Marinho, ao lado de valores e datas de pagamento e das
offshore A Plus Holdings (Panamá), Juste (ilhas Seychelles) e Vaincre LLC (Las
Vegas, Nevada).
Nos
documentos, elas aparecem relacionadas à Glem Participações, do genro de um dos
donos do grupo Globo, João Roberto Marinho. Mas… suspense… só os arquivos da
Mossack poderão revelar com absoluta certeza quem são os donos reais das três
offshore.
Honório,
de azul, deixa a cadeia; o banco Safra, de Luxemburgo, pediu a criação de quase
mil empresas offshore para seus clientes!
Neste
caso, a falta de curiosidade de parte da mídia brasileira chama a atenção.
O
Jornal Nacional foi a Nevada, à sede da Mossack em Las Vegas, mas nem perguntou
sobre a Vaincre LLC, que está registrada lá e é uma das donas da mansão de
Paraty.
Esperemos,
pois, até o mês de maio. Ou que o Fernando Rodrigues, desta vez, nos surpreenda
positivamente.
PS
do Viomundo: Vale a pena esperar. Denunciado recentemente por pagar propina de
R$ 15 milhões para deixar de recolher R$ 1,5 bilhão em impostos, na Operação
Zelotes, Joseph Safra é um dos controladores do banco que é vice-campeão no
número de empresas offshore encomendadas à Mossack&Fonseca: quase mil! Essa
lista de clientes do Safra queremos muito ver…
Fonte:
cafezinho
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