ELVINO BOHN GASS
Deputado federal (PT-RS) e secretário nacional agrário do partido
Na
ditadura militar, brasileiros ou brasileiras que se revoltassem contra qualquer
coisa eram presos a uma cadeira de zinco ligada a fios desencapados que
disparavam choques, causando convulsões, queimaduras e mordidas que decepavam a
própria língua. Na ditadura militar, quem defendesse eleições livres era
amarrado nu em uma barra de ferro atravessada entre os punhos e os joelhos
enquanto sofria pancadas, choques e queimaduras de cigarro. Na ditadura
militar, quem discordasse de qualquer ação do governo sofria “telefones”, tapas
tão violentos contra os dois ouvidos que rompiam tímpanos e provocavam surdez.
Na ditadura militar, quem denunciasse qualquer ato de corrupção tinha as
narinas fechadas e, na boca, um cano que fazia engolir água até o afogamento.
Na ditadura militar, quem ofendesse o presidente, uma autoridade do regime ou
mesmo um amigo do sistema tinha a cabeça mergulhada num tanque cheio de água e
sua nuca era forçada para baixo até o limite. Na ditadura militar, quem pedisse
direitos iguais era despido e jogado numa cela baixa que impedia ficar de pé
por dias, sem água e sem comida, recebendo rajadas super frias alternadas a
ondas de calor insuportável, enquanto alto-falantes emitiam sons irritantes.
Então,
quando você ouvir o som dos foguetes de Jair Bolsonaro, quando encontrar alguém
com um cartaz pedindo intervenção militar, quando participar de um movimento
onde haja pessoas defendendo isso, lembre-se: você está sendo cúmplice de um
modelo que assassinou, enlouqueceu, mutilou e estuprou muitos brasileiros e
brasileiras. Eles e elas eram pessoas como você. Só queriam poder dizer o que
pensam, manifestar sua inconformidade. Não aceitavam mandos e desmandos sem
qualquer explicação. Consideravam legítimos os direitos das mulheres, do povo
negro, dos indígenas, dos sem-terra e, especialmente, daqueles brasileiros e
brasileiras que, por ganharem pouco ou quase nada, não tinham acesso ao estudo,
à casa própria. O único crime desses homens e mulheres era a sua inconformidade
com um país onde uns poucos brancos e ricos viviam muito bem, enquanto a
maioria era submetida à fome, à miséria e a salários aviltantes.
Entre
esses brasileiros e brasileiras estava uma mulher chamada Dilma Vana Rousseff.
Hoje, é ela quem governa o Brasil. E é por nossa governante ser Dilma, e não um
ditador ou seus comparsas, que você, se quiser, pode protestar livremente,
contra o que bem entender, inclusive contra o governo da própria Dilma. Ela foi
torturada para que você pudesse ter esse direito. Então, faça sua manifestação
como bem entender, mas antes de ofender Dilma, pense nisso.
Esse
artigo foi escrito no Dia Internacional da Mulher em homenagem e gratidão à
brasileira Dilma Rousseff.
Fonte:
brasil247
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