No brasil247
O gigante adormecido está acordando, após o corte de 30% nas verbas da Educação, em meio à corrida armamentista desencadeada por Bolsonaro.
Desde a manhã de segunda-feira, quando centenas de estudantes cariocas protestaram contra o presidente em frente ao Colégio Militar, onde ele participava de uma cerimônia, manifestações de professores e alunos se alastram pelo país.
Embora desta vez os meios de comunicação escondam os protestos, ao contrário do que aconteceu em 2013, alunos, estudantes e funcionários já saíram às ruas em São Paulo, Curitiba, Salvador, Niterói e em Passos, no sul de Minas.
“A gente vai lutar com todas as nossas forças pelo direito de estudar numa instituição de ensino de qualidade e manter nosso campus aberto”, diz Giovana Assis, aluna do Instituto Federal de Passos, onde o MEC cortou R$ 16 milhões, o que corresponde a 40% da verba deste ano.
O Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasafe) convocou para o próximo dia 15, quarta-feira, o Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação, que também já está mobilizando as entidades estudantis de todo o país.
Segundo o Sinasafe, este dia servirá como “esquenta” para a greve geral do dia 14 de junho convocada pelas centrais sindicais.
Com a oposição partidária e parlamentar ainda na tela de repouso, limitada a alguns deputados como Ivan Valente, Alessandro Molon e Paulo Teixeira e outra meia dúzia de quixotes, mais uma vez são os estudantes e professores que saem à frente na defesa dos seus direitos e da democracia.
Na mesmo dia dos protestos no Rio, milhares de manifestantes foram às ruas em Salvador contra o corte de R$ 3,7 milhões na Universidade Federal da Bahia.
Na quarta-feira, estudantes e professores promoveram a “Marcha da Ciência contra os cortes de verbas da Educação”, na avenida Paulista, em São Paulo, ao mesmo tempo em que o movimento “Lutar e Educar”, ligado à Universidade Federal do Paraná, protestou em Curitiba, assim como aconteceu na Universidade Federal Fluminense, em Niterói.
Bolsonaro abriu várias frentes de batalha ao mesmo tempo. Talvez sem se dar conta, além de confrontar o “alto pijamato” dos generais para defender o guru Olavo de Carvalho, o presidente jogou o povo das universidades contra o governo, com a entrada em cena de Abraham Weintraub, o alucinado novo ministro da Educação que resolveu declarar guerra ao “marxismo cultural”.
Ao decretar o liberou geral de armas e munições, o capitão reformado arrumou confusão também com a bancada evangélica, uma das bases de sustentação do seu governo, que já se declarou contrária às medidas.
Aonde ele quer chegar?
Eleito por 57 milhões de brasileiros num colégio eleitoral de 147 milhões (ou seja, 89 milhões não votaram nele), o presidente se dirige cada vez mais aos chamados bolsonaristas de raiz das redes sociais, liderados por seus filhos, e esquece de governar o país.
Em pouco mais de quatro meses de mandato, corre de um lado para outro para apagar incêndios, provocados por ele mesmo, sem conseguir apresentar um programa de governo.
A crise muda de patamar quando sai dos gabinetes e da internet para as ruas, como já começa a acontecer.
Com o desemprego crescente, a economia paralisada e sem perspectivas de melhorar, uma base parlamentar fragmentada comandada por amadores e o PIB em queda, a unica iniciativa do governo até agora foi cortar verbas, fechar conselhos e destruir programas sociais.
Diante deste cenário tenebroso, a sociedade civil está começando a se reorganizar e dar sinais de vida como aconteceu em 1984, já no fim da ditadura militar. A diferença é que agora o governo está só começando.
Vida que segue.
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