Por Fernando Brito, editor do Tijolaço
Publico, abaixo, texto do engenheiro Paulo César Lima. ex-funcionário da Petrobras sobre a entrega, pela petroleira brasileira da condição que tinha, até agora, de única operadora de campos petrolíferos da camada pré-sal. Com isso, além do petróleo, começa a entregar conhecimento estratégico sobre a maior jazida de petróleo hoje em desenvolvimento no mundo. E quem leva o primeiro bocado são os franceses da Total.
Os franceses já não são apenas sócios, agora tomam conta dos poços e, claro, de parte da expertise construída por brasileiros sobre a formação das bacias onde há trilhões de dólares em óleo e gás. Lapa, que passa a seu controle, é o sexto maior campo de pré-sal do Brasil, com pouco mais de 30 mil barris diários de produção. E isso porque está só iniciando a exploração, que começou a ser feita comercialmente apenas há dois meses e meio.
O início do adeus ao pré-sal
Paulo César Ribeiro Lima
Com a venda pela Petrobras de 35% de participação no campo de Lapa, em produção no horizonte geológico do Pré-Sal, para a francesa Total, a petrolífera francesa passa a ser a primeira operadora nessa província além da Petrobras.
A Petrobras, que era operadora e tinha participação de 45% no campo de Lapa (BM-S-9), passa a ter 10%. A BG (Shell) e a RepsolSinopec mantiveram suas participações de 30% e 25%, respectivamente. Para o bem ou para o mal, esse é um fato histórico.
A Petrobras vendeu, ainda, participação de 22,5% nos campos do Pré-Sal de Sururu, Berbigão e Oeste de Atapu, resultantes do esfacelemento ilegal de Iara (mesmo bloco do campo de Lula: BM-S-11) promovido no governo Dilma. Pelo menos nesses campos, a Petrobras continuará como operadora.
A Petrobras vendeu também 50% de participação na Termobahia, incluindo as termelétricas Rômulo de Almeida e Celso Furtado, que estão interligadas ao terminal de regaseificação, ao qual a Total terá acesso para suprir essas termelétricas.
Em compensação, a Petrobras terá, além de míseros US$ 2,225 bilhões, outros “extraordinários ativos”: opção de aquisição de 20% de participação no bloco 2 da área de Perdido Foldbelt, no setor mexicano do Golfo do México, assumindo apenas as obrigações futuras proporcionais à sua participação; carta de intenção para estudos exploratórios conjuntos nas áreas exploratórias da Margem Equatorial e na Bacia de Santos; e acordo de parceria tecnológica nas áreas de petrofísica digital, processamento geológico e sistemas de produção submarinos.
Parece que a Total mostra grande visão estratégica, enquanto a Petrobras mostra grande ausência dela. O mais triste é a falta de transparência nos negócios da Petrobras, agora com o nome bonito de Acordo Geral de Colaboração (Master Agreement).
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