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BUMLAI DESMONTA ACUSAÇÃO DE DELCÍDIO CONTRA LULA GABRIELA BILO



Jornal GGN - Mais uma testemunha convocada pela Justiça de Brasília para falar sobre a suposta tentativa de obstrução da Lava Jato por meio da compra do silêncio do delator Nestor Cerveró reforça a tese, antecipada pelo GGN, de que foi o ex-senador Delcídio do Amaral quem tentou evitar uma colaboração do ex-diretor da Petrobras, não o ex-presidente Lula.

Preso a reboque das investigações da Lava Jato, Delcídio aceitou fazer uma colaboração premiada na qual acusou Lula de ter sido o mentor do esquema em que o senador cassado aparece como o responsável, de fafot, por pagamentos feitos a Cerveró. 

Segundo a denúncia da Lava Jato, Delcídio fez repasses a Cerveró após dialogar com seu filho, Bernardo, além de ter esboçado um plano de fuga cinematrográfico para o delator. O senador cassado teve ajuda do advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, e de um ex-assessor. Parte dos recursos foram solicitados à família Bumlai.

Pego em flagrante, Delcídio decidiu dizer que Lula foi o mandante do esquema, em troca de liberdade e outros benefícios cedidos pelo Ministério Público. O objetivo de Lula, segundo ele, era evitar que Cerveró fizesse uma delação contra Bumlai que pudesse respingar no ex-presidente.

Durante o julgamento, os depoimentos das principais testemunhas convergiram no sentido de que Delcídio, na verdade, agiu em causa própria. A motivação era clara: ele trabalhou com Cerveró na Petrobras no governo FHC e temia que suas negociatas fossem objeto de delação.

Segundo reportagem da Agência Brasil, José Carlos Bumlai reforçou essa tese, em depoimento prestado na sexta (10).

Bumlai admitiu que seu filho, Maurício, repassou, ao todo, R$ 100 mil para Delcídio, mas não para pagar Cerveró. Foi uma "ajuda em caráter pessoal", "para manter o padrão de vida" de Delcídio, coisa que ele não fazia apenas com o salário de senador.

Cerveró negou participação de Lula e ainda disse que seu advogado atuara em conluio com Delcídio, recebendo por fora para dificultar um acordo de delação com o MPF por mais de um ano.
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O pecuarista José Carlos Bumlai confirmou hoje (10) que seu filho, Maurício Bumlai, fez dois repasses de R$ 50 mil ao ex-senador Delcídio do Amaral , mas negou que o dinheiro tenha qualquer relação com a compra do silêncio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

Na ação em que prestou depoimento nesta sexta-feira, Bumlai é réu junto com Delcídio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o banqueiro André Esteves e mais duas pessoas, todos acusados de buscar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, ao tentar impedir que Cerveró assinasse um acordo de delação premiada com a Justiça.

O pecuarista, que já foi condenado a nove anos de prisão na primeira instância em outro caso da Lava Jato, cumpre prisão domiciliar em São Paulo. Ele foi interrogado, por videoconferência, nesta sexta-feira (10) pelo juiz Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília.

Bumlai confirmou que Delcídio de fato falou sobre uma possível delação de Cerveró em uma conversa que teve em 2015 com seu filho, Maurício Bumlai, mas este teria recusado qualquer envolvimento com o assunto.

“Ele [Maurício] falou [que] não, que não ia fazer isso, porque não tínhamos nada a ver com Nestor Cerveró. Depois, ele [Delcídio] voltou e pediu ajuda em caráter pessoal. Para manter o padrão de vida que ele tem, não era com salário de senador”, disse pecuarista.

“Inicialmente o pedido foi R$ 50 mil , e ele [Maurício] deu. Ai teve um segundo pedido de mais R$ 50 mil, e ele deu também, e é só”, afirmou Bumlai, reiterando que as quantias foram entregues por seu filho somente para manter uma boa relação com o então senador, cujo poder poderia prejudicar os negócios da família.

O pecuarista negou qualquer envolvimento com Cerveró, com quem não tinha nenhuma relação antes do ex-diretor da Petrobras ser preso, em 2015. Os dois dividiram uma cela por quase um ano na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. “Se eu tivesse que pedir alguma coisa, teria pedido ali”, disse Bumlai, que classificou a acusação de "absolutamente mentirosa".

À época dos repasses, em 2015, Delcídio chegou a ser preso em pleno exercício do cargo de senador, acusado de tentar montar um esquema para impedir o acordo de colaborlação de Cerveró com a Justiça. Ao Conselho de Ética do Senado, no processo que resultaria na cassação de seu mandato, Delcídio disse que encaminhou R$ 250 mil dados por Bumlai ao ex-diretor da Petrobras a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em depoimento anterior no mesmo caso, Bernardo Cerveró, filho de Nestor, admitiu ter recebido dois repasses de R$ 50 mil de Delcídio, a título de “ajuda à família”. Segundo Bernardo Cerveró, o então senador chegou a pedir que seu pai não celebrasse acordo de delação premiada.

Na próxima terça-feira (14), às 10h está marcado o depoimento de Lula no caso. O advogado do ex-presidente confirmou que ele comparecerá à audiência.

A Agência Brasil entrou em contato com a defesa de Delcídio do Amaral, que não quis se manifestar.






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