Começou a leitura do longo relatório em que o deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF) propõe a anulação da votação da cassação de Eduardo Cunha no Conselho de Ética.
Embora a coisa esteja muito ruim para Cunha, a base governista fez um intenso troca-troca para ver se, na votação da Comissão de Constituição e Justiça não se repita o chabu da Tia Eron no voto que faltou na Comissão de Ética.
Ou será que não foi chabu?
Algo há, diria o velho Brizola.
Míriam Leitão, inesperadamente deslocada da editoria de Economia para a de Política por O Globo, dá a manchete hoje de que, candidamente, Michel Temer aconselhou Cunha a renunciar.
“Cunha sempre disse que não renunciaria, mas nessa conversa mostrou muito mais insegurança. O deputado confidenciou que teme que sua mulher, Cláudia Cruz , e sua filha, Danielle, investigadas na Lava-Jato pelo juiz Sérgio Moro, sejam presas, se ele perder o cargo.”
Embora isso seja o óbvio e já tenha sido publicado um zilhão de vezes, o “confidenciou” denota que foi o próprio “confidente” quem o narrou, porque confissão em público seria meio dose de engolir de Cunha, velho o suficiente na macaquice para saber que não existe segredo de três. Mas, talvez, ainda não sabedor que, com Temer, nem de dois.
Aliás, nesta questão de sigilos, Cunha tem mantido a parte dele.
Mas parece que mais foi dito a Miriam, que ponteou a chiação do “jornalismo de mercado” de que a gastança de Temer estava demais e não era esse o combinado.
“O governo já discute o pós-Cunha na Câmara. Haverá nova eleição apenas para presidente da Casa, e o resto da Mesa permanece, inclusive o vice Waldir Maranhão (PP-MA). (…) A articulação que está sendo feita com os deputados dos vários partidos da base é para que haja um único candidato para substituir Cunha. A avaliação que se faz no Planalto é que, se houver apenas um candidato governista, o processo ajudará a unir a base parlamentar, o que auxiliará a segunda fase da administração que começará após o impeachment.”
Quem sabe ela recebeu as garantias de que na “segunda fase da administração que começará após o impeachment” troque-se as bondades pelas maldades, os gastos generosos pelos cortes impiedosos e saiu de lá cantando, como a Vanusa, “nas Manhãs de setembro/Eu quero sair/Eu quero falar/Eu quero ensinar/O vizinho a cantar.”
A música sabemos bem qual é. E não é nada doce aos nossos ouvidos.
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