Wanderley:
é isso que faz babar os inconformados e enfurecidos
O
Conversa Afiada e Ceilândia em Alerta reproduz reflexão do professor Wanderley
Guilhermd dos Santos.
No
Segunda Opinião:
A
LAVA-JATO É NOSSA, DEMOCRATAS!
Um
fantasma assombra Curitiba: o fantasma da inocência. Dilma Rousseff e Luiz
Inácio Lula da Silva desafiam todos os órgãos brasileiros de investigação a
encontrar evidências comprometedoras da moral pública de ambos. Há ano e meio
os executivos da Lava-Jato prometem, insinuam, ameaçam, tentam intimidar,
prendem e deixam pessoas incomunicáveis, interrogam, denunciam e sentenciam.
Nada. Os repórteres por assim dizer investigativos dos boletins da oposição
arrancam os cabelos ao invés de furos, bem como os canais de televisão,
difusores de jornalismo fantástico, eliminaram o intervalo entre as novelas e
os noticiários: é tudo ficção. Nada.
Visitei
o sítio “Lava-Jato em Números” e o sítio “Conjur” (Consultor Jurídico) buscando
informações sobre os resultados efetivos da investigação. O último relatório,
publicado em 16 de março de 2016, anuncia que dos 1 114 procedimentos
instaurados resultaram 484 buscas e apreensões, 117 mandados de condução
coercitiva, 64 prisões preventivas, 70 temporárias e 5 prisões em flagrante.
Com o concurso de inúmeras invasões de domicílios, escritórios de profissionais
liberais e 49 acordos de delações premiadas, a intensa mobilização do
Ministério Público e da Polícia Federal produziu 37 acusações contra 179
pessoas, concluídas por 17 sentenças (mais ou menos 50% das acusações, com
número não desprezível de absolvições). Compete aos especialistas estimar a
relação entre o investimento de pessoal, tempo e recursos materiais e os
resultados parciais, bem como a utilização preferencial do sistema Globo de
comunicação (televisão, rádios, jornais e revistas) e a reincidência de
manipulação criminosa da opinião pública mediante vazamentos de informação.
No
sítio Conjur estão resumidas as 17 acusações, denúncias e sentenças concluídas,
mas só consegui acessar 15 processos. Não obstante a contaminação de denúncias
e algumas sentenças com considerações hipotéticas (parece que, é possível que,
etc.), o que espanta é justamente o afã de encontrar uma realidade para além da
realidade diante de seus narizes. Fundados em esforços de inegável mérito e
consistência, os fatos acumulados são suficientes para a denúncia da maioria
esmagadora dos acusados. A Lava Jato constitui a mais importante investigação
da história da República. Por isso mesmo não deve continuar em mãos adestradas
pela paixão partidária e a obsessão punitiva, tanto mais alucinadas quanto mais
fracassam as incursões descabeladas, conduções coercitivas a um cubículo em
aeroporto, grampos inacreditáveis e ousadia suicida na divulgação de conversas
sem outro sentido que não o de expor a intimidade dos invadidos. A Lava Jata
deve ser entregue a procuradores e juízes que zelem pela integridade da
investigação, agora sob a ameaça de que seja impugnada, tantas as infrações ao
direito natural e aos códigos legais. Em coro com os cidadãos racionais do
País, insisto em que a Lava Jato é nossa, livre da ganância partidária
animalesca dos que dela tentam se aproveitar. É importante atentar: em ano e
meio de frenética e dura investigação, permanece imaculado o desafio de Dilma
Rousseff e de Lula – não encontrarão crime em suas vidas públicas. Se
encontrarem, saberemos tomar posição; por ora, não é o que está diante dos
narizes de qualquer alfabetizado.
As
quinze sentenças do Juiz Sergio Moro revelam, com uivos de Nelson Rodrigues, a
veterana operação criminosa do reincidente Alberto Youssef, agora em companhia
de Paulo Roberto Costa (“se não fosse a posição do PP eu não seria indicado
diretor da Petrobrás”), Pedro Barusco e Renato Duque, e seus lugares tenentes
Fernando Baiano, um certo “Ceará” e outros que lá estão. Intermediários,
estado-maior e o consagrado administrador de dinheiro roubado: Alberto Youssef.
Eles estão na maioria esmagadora dos 15 processos sentenciados, e me refiro a
12 sentenças porque em 3 o assunto nada tem a ver com a Petrobrás, um deles
sobre tráfico de drogas, outro sobre manipulação de câmbio no mercado negro e o
terceiro relativo à apropriação de dinheiro por parte de Andre Vargas, o qual,
aproveitando-se da posição de deputado e de vice-Presidente da mesa da Câmara,
achacou a Caixa Econômica e o Ministério da Saúde para obter contratos de
publicidade para empresa de familiares. Esse foi um assalto autônomo, sem
participação da quadrilha.
A
quadrilha, conforme essas sentenças, não é grande: Alberto Youssef, mais aquele
estado-maior, certamente substituído em outras roubalheiras, mais os lugares
tenentes de confiança. Além desses, o grupo de corrompidos varia de processo
para processo, de acordo com a trapaça em andamento – compras de sondas aqui,
de petroleiros alí, Odebrecht aqui, OAS ali, Camargo Correa acolá, e por aí
vai. Políticos? Por enquanto só Luiz Argolo (PP), ex-deputado, sentenciado em 3
ou 4 dos 12 processos concluídos, o já mencionado André Vargas (ex-PT) e João
Vaccari (PT). E é no processo de Vaccari que os procuradores e o Juiz decidiram
acrescentar a eventuais delitos que tenha cometido o desvio de propinas de
empreiteiras, “sob o disfarce de doações de campanha ao PT”. Não há confissão
nem documentação, mas é neste processo e só nele até agora que os responsáveis
pela Lava Jato têm promovido, juntamente com a imprensa, ré confessa e
falsamente arrependida pelo apoio que deu à ditadura de 1964, a maior campanha
difamatória de homens públicos já vista no Brasil. Entre eles, a perseguição ao
maior líder popular desde as greves de final dos anos 70, em plena ditadura
apoiada por essa mesma imprensa. Mas a verdade que assombra Curitiba e todas e
todos os histéricos advogados, cronistas, jornalistas e paneleiro(a)s é a
seguinte: Dilma e Lula são inocentes de todas as acusações em circulação. É
isso que os faz babar inconformados e enfurecidos. A Lava Jato é nossa.
Fonte:
ceilandiaemalerta
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