POR
JULIA DUAILIBI
Protagonista
de uma cena de agressão a um político petista, o advogado Danilo Amaral aparece
18 vezes na delação premiada da família Machado. Amaral, que hostilizou
Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde de Dilma Rousseff, numa churrascaria em
São Paulo, é sócio da Trindade, “butique de investimentos” que recebeu 30
milhões de reais do esquema do petrolão. Segundo delação premiada de Expedito
Machado, o Did, filho caçula do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, a
Trindade, que aparece 65 vezes na delação, foi usada para lavar dinheiro do
petrolão (leia o volume 1 e o volume 2 da delação).
A
cena da agressão a Padilha, em maio de 2015, foi gravada por um dos amigos de
Amaral, sentado a uma mesa vizinha à do petista, e rapidamente se espalhou pelas
redes sociais.
“Temos
a ilustre presença do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, que nos brindou
com o programa Mais Médicos, da presidente Dilma Rousseff, responsável por
gastos de 1 bilhão de reais que nós todos otários pagamos até hoje. Uma salva
de palmas para o ministro”, disse Amaral, em pé, segurando um copo no qual
batia um talher para chamar a atenção dos presentes. A performance lhe rendeu
breve fama nos dias subsequentes, com sua trajetória de empresário contada em
sites de notícias.
A
Trindade Investimentos começou a ser usada para receber os recursos ilícitos
depois que as empreiteiras, donas de contratos com a Transpetro, resolveram não
pagar propina no exterior nem em espécie. “Foi uma forma que o depoente
encontrou à época para receber valores decorrentes de vantagens ilícitas de
fornecedores da Transpetro com os quais seu pai estava tendo dificuldade no
recebimento”, diz a delação de Did, responsável por operar o esquema de lavagem
do dinheiro do pai.
Segundo
Did, a Queiroz Galvão entregou à Trindade 30 milhões de reais via contratos de
prestação de serviços entre 2010 e 2013. Os contratos, obviamente, só existiram
após a intermediação dos Machado e foram pagos com valores acima dos de mercado
(um dos objetos seria um estudo técnico sobre “ativos de ferro-gusa”, o que não
parecia ser a especialidade da “butique de investimentos”). O dinheiro aportado
na Trindade seria reinvestido em empresas de tecnologia, e o retorno
encaminhado a Did, limpo. Segundo o delator, nenhum dos investimentos deu
lucro. Ele, portanto, teria perdido o montante enviado à “butique de
investimentos”, da qual diz não ser sócio oculto.
“O
depoente engendrou, então, esquema pelo qual aparentaria, para uma empresa,
funcionar como intermediário financeiro e/ou captador de negócios, mas o que em
verdade faria é orientar as empresas devedoras da propina a alocar, com
cobertura em contrato legítimo de prestação de algum serviço, os valores
correlatos na empresa com que o depoente houvesse entrado em acordo”, diz a
delação de Did, na qual ele explica o esquema criado para repassar a propina à
Trindade. “O depoente acordava, então, com a empresa que seria contratada pela
empreiteira que certa parcela dos valores assim alocados seria investida em
participações societárias ou empreendimentos imobiliários, com devolução ao
depoente, a termo, do saldo do principal.”
Did
também ajudou a Trindade com um contrato de opção de compra de 25% da
Pollydutos, empresa fornecedora da Transpetro. Essa opção nunca teria sido
exercida, e o contrato foi desfeito. Uma linha de investigação é saber se a
família Machado pretendia se tornar (ou se tornou) sócia oculta da Pollydutos,
fornecedora da empresa dirigida pelo próprio Sérgio Machado. Outra ajuda que Did deu para o amigo Amaral
foi em 2014, quando auxiliou na venda de um dos ativos de sua empresa para Luiz
Maramaldo, acionista da NM Engenharia. O dinheiro investido na Trindade, a
pedido de Did, seria um “saldo” que Machado pai teria a receber da NM
Engenharia.
Amaral
foi apresentado a Did por Sérgio Firmeza Machado, filho do meio de Sérgio
Machado, ex-executivo do Credit Suisse e considerado o mentor das engrenagens
financeiras promovidas pela família. Amaral também é citado na delação de
Serginho, outro que investiu recursos na Trindade.
Assim
como afirma sobre os terceiros citados em sua delação, Did diz que Amaral não
sabia que os recursos tinham origem ilícita. “Gostaria de destacar que Danilo
Amaral, fundador da Trindade, sempre agiu de boa-fé; que jamais fez qualquer
menção a ele sobre o papel do seu pai nos negócios que originou; que ele via o
depoente como uma pessoa com todos os requisitos para originar bons negócios”,
diz Did na delação. Ele conta ainda que Amaral teria ficado “extremamente
desconfortável” quando Machado pai apareceu na Lava Jato. “Que na ocasião,
constrangido e em conversas bastante duras, lhe foi esclarecido que ele tinha
presumido errado e que os negócios tinham sido originados com base na
influência do pai do depoente.”
Amaral
presidiu a BRA, empresa de transporte aéreo, foi entusiasta de grupos
defensores do impeachment, como Movimento Brasil Livre, e vestiu uma camiseta
de Friedrich Hayek – economista austríaco defensor do liberalismo – para ir às
manifestações contra Dilma, durante as quais, é claro, se mostrou indignado com
a corrupção.
Fonte:
piaui
2 Comentários
Usou dinheiro da corrupção? Deixo aqui meu kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirMas quando você ver essas pessoas fazerm essas palhaçadas já podem ter certeza q tem trapaça no meio, ele Vai pager também por sua palhaçada
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