A “entrevista-bomba” de Eduardo Cunha foi um traque.
Voltou à velha história de que jaques Wagner, em nome do governo, teria oferecido um acordo para não haver investigação contra ele no Conselho de Ética, em troca de que não se abrisse o processo de impeachment.
Mas, além de não ter nada – nem testemunhas – a provar, a narrativa ofende a lógica. Se ele esperava votos para evitar o processo, porque os recusou e deixou a aceitação do pedido de afastamento para ser feita depois de perder a votação quanto à admissibilidade do processo.
É óbvio que contava que PSDB e DEM, que dependiam dele para iniciar o impeachment, fossem refugar, o que não aconteceu.
Ninguém levou a sério as “ameaças de morte” que disse ter sofrido e ele não se pejou de dizer que é o responsável pelo afastamento da presidência, deixando no ridículo os que ainda tentam dizer que o processo foi conduzido institucionalmente: “tenho a consciência tranquila que livrar o Brasil da Dilma e do PT será uma marca que terei a honra de carregar”, afirmou.
Tem razão: o impeachment tem a cara de Cunha.
De resto, mesmo ele tendo alegado que pediu para que aliados não comparecessem, a entrevista só serviu para exibir uma crescente solidão de Cunha, que se agarra aos recursos apresentados à Câmara e ao Supremo que, hipoteticamente, lhe permitiriam anular a votação da Comissão de Ética.
Nem uma nem outro vão acatá-los, já está claro.
Cunha age no limite entre a frieza e a loucura.
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