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PROTESTOS CONTRA O GOLPE: ATÉ A MAÇONARIA ESTÁ REVENDO OPINIÕES.



Presença marcante em todos os atos ‘contra a corrupção’ puxados pela direita e nas manifestações a favor do impeachment, os maçons normalmente passam despercebidos.

Discretos e silenciosos, não vociferam ‘fora PT’, ‘fora Dilma’, ‘Lula na cadeia’, ou ‘vai pra Cuba’ em coro com a massa. Mas estão lá, sempre. Estiveram até mesmo na triste reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade de 2014.

Curiosamente, ontem, 31 de março, aniversário de 52 anos do golpe militar de 1964, lá estavam os maçons na mesma Praça da Sé, onde a primeira Marcha da Família ocorreu em oposição ao governo João Goulart, contra o que temiam ser a ‘implantação de um regime comunista no Brasil’ e favorável ao golpe militar (que veio duas semanas depois).

Era um grupo muito pequeno, não mais que cinco pessoas, mas o banner que ostentavam chamou atenção: “Maçons em defesa da democracia.” Parecia pegadinha. O que estariam fazendo ali?

Lauro Fabiano, analista de sistemas e membro da loja ‘Fernando Pessoa’ de São Paulo (loja é como são chamados os locais de reunião maçonicas, termo derivado do latim que nada tem a ver com comércio), esclareceu ao DCM:

“Estamos aqui mostrando que, apesar da maioria da maçonaria brasileira ser conservadora, nós temos muitos maçons de esquerda. Com um pensamento progressista, socialista, comunista, várias correntes da esquerda. Estamos nos posicionando contra esse golpe que se pretende dar num governo legitimamente eleito.”

Maçons de esquerda?

“Temos maçons no PT, no PcdoB, no PCB, no PCO. Somos maçons que tentamos resgatar a maçonaria de origem francesa, que apoia os movimentos sociais. E não somos poucos.”

Quantos?

“O percentual é baixo, começamos há pouco tempo pela internet. Mas já temos um grupo de aproximadamente 150 membros espalhados pelo Brasil. Em relação ao número total de maçons no Brasil hoje, que deve estar na faixa de uns 300 mil, é um percentual baixo. Agora, tem também muitos despolitizados, que vão seguindo a maioria, e estes podem se interessar.”

Mas não há uma resistência ou censura por parte da maçonaria? Podem discutir isso abertamente?

“Não. A discussão ocorre mais pela internet, no mundo virtual. Porque ao vivo o pessoal não é bom de diálogo, já vem com aquela conversa “ah, você é comunista”, então dificilmente chega no nível partidário da discussão. E nas lojas é mais complicado de se debater porque, como a maçonaria brasileira é descendente da inglesa, os ingleses colocaram a regra de que não se discute política nos templos.”

Como se vê, quanto mais a luta se prolonga, há uma maior probabilidade de alguns setores da direita, notadamente os desinformados, começarem a acordar para o que está acontecendo. A forte adesão da classe artística demonstrada ontem foi igualmente importante. Ao ver atores da Globo repetirem “Não vai ter golpe!”, até aquela sua tia que assiste novelas pode repensar. Ou, no mínimo, parar para pensar.

Encontrar membros da maçonaria na Praça de Sé fez perceber que nem tudo está perdido.


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