O
pedido de expulsão da ministra da Agricultura Katia Abreu, apresentado nesta
sexta-feira pelo diretório baiano do PMDB, liderado por Geddel Vieira Lima,
deflagrou as reações da ala governista contra o que estão chamando de “golpe do
Michel” – a aprovação do rompimento com o governo por aclamação numa reunião
relâmpago, sem discussão e votação. Eles devem contestar internamente e até
mesmo na Justiça Eleitoral a legalidade do ato, com base na decisão da
convenção do dia 14, que deu 30 dias para o Diretório Nacional decidir sobre a
relação com o governo Dilma. “Não houve delegação para rompimento”, diz um dos
articuladores da reação.
Eles
vão alegar que, da forma como foi conduzida a decisão, os membros do Diretório
Nacional tiveram subtraído o seu direito de opinar e de votar, o que pode levar
à anulação da decisão pelo TSE. Esta seria a derrota completa de Michel Temer,
embora ele já tenha colhido um desgaste enorme com a decisão. Ficou com a pecha
de golpista e teve sua imagem colada à dos que aparecem na fotografia, agora
emblemática, dos que festejaram o rompimento de forma tão inusual: Romero Jucá,
Eduardo Cunha, Moreira Franco e Eliseu Padilha.
As
declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros, contra a decisão, que
considerou “precipitada” e “burra”, expressam a reação interna que está sendo
articulada. O PMDB da Câmara está
rachado mas o do Senado está unido, com a defecção de Romero Jucá.
Nas
últimas horas, os governistas fizeram várias reuniões para discutir a reação,
ao mesmo tempo que negociam com o Planalto quem vai permanecer no ministério.
As manifestações de solidariedade a Katia avalizaram sua permanência no cargo e
levantam uma pergunta: “ E se outros ficarem, também terão suas expulsões
requeridas?”. Aí pode ter outro racha no partido, como aquele que deu origem ao
PSDB, diz um dos insurgentes.
Além
de Katia, ao contrário do que tem sido divulgado, o ministro da Saúde, Marcelo
de Castro, deve permanecer. E também Helder Barbalho de Portos, depois que seu
pai, Jader Barbalho, embora muito amigo de Michel, decidiu permanecer ao lado
do governo após um encontro com o ex-presidente Lula.
Por
outro lado, dezenas de cargas ocupados por indicação de Michel, Moreira Franco,
Jucá e Eliseu Padilha estão sendo mapeados para serem demitidos.
Jucá
tornou-se alvo particular da ira dos governistas e também dos petistas depois
da afirmação de que o “petróleo” tem DNA do PT. “Logo ele, que já apareceu em
tantas delações premiadas da Lava Jato”, dizem os governistas.
A
repactuação entre o governo e a ala governista do PMDB, somada às alianças que
estão sendo negociadas com PP, PR, PSD e pequenos partidos, estão sendo
favorecidas pela resistência ao impeachment que vem das ruas: as manifestações
de sexta-feira, os atos de apoio a Dilma e as declarações de personalidades e
organizações representativas. Já se fala
em 200 votos contra o impeachment.
Fonte:
brasil247
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