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GLOBO
ELEGE MARCO AURÉLIO COMO SEU NOVO ALVO
Família
Marinho afirma em editorial que o ministro do STF Marco Aurélio Mello
‘exorbita’ em impeachment do vice Michel Temer; “a determinação do ministro
Marco Aurélio desequilibra a balança, por invadir área do Legislativo. Ainda
bem que a decisão final será do plenário da Corte. A crise política, já grave,
não pode desembocar num choque institucional entre Judiciário e Legislativo”,
diz o texto
A
Família Marinho elegeu o ministro do STF Marco Aurélio Mello seu novo alvo, ao
afirmar, no editorial do ‘Globo’ que ele ‘exorbita’ em impeachment do vice
Michel Temer. “A determinação do ministro Marco Aurélio desequilibra a balança,
por invadir área do Legislativo. Ainda bem que a decisão final será do plenário
da Corte. A crise política, já grave, não pode desembocar num choque
institucional entre Judiciário e Legislativo”, diz o texto.
Leia
abaixo:
O
plenário, ao debater liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio contra
entendimento anterior do tribunal, precisa evitar um choque entre poderes
A
divulgação, sexta- feira, pela assessoria de imprensa do Supremo Tribunal
Federal, de decisão do ministro Marco Aurélio Mello, determinando que o presidente
da Câmara, Eduardo Cunha, aceitasse pedido de impeachment do vice- presidente
Michel Temer foi justificada como um erro.
O
documento sequer estava assinado pelo ministro, alegava- se.
Fazia
sentido a explicação, porque a aceitação do pedido do advogado Mariel Márley
Marra, naqueles termos, seria uma ingerência do STF na esfera de decisão de
outro Poder. Mas, se erro houve, foi apenas de antecipação do que o magistrado
já decidira. De fato, Marco Aurélio, na terça- feira, viria a determinar que
Cunha aceitasse o pedido de impeachment, recusado por ele anteriormente. Daí o
advogado ter recorrido ao Supremo.
É
surpreendente esta liminar, por vários motivos. Um deles, citado pelo próprio
Cunha, é que o Supremo, ao julgar em dezembro a ADF ( Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental) impetrada pelo PCdoB contra o rito do
impeachment da presidente Dilma, sacramentou o poder do presidente da Câmara de
aceitar ou não processos de impedimento, sem precisar instalar comissões
especiais. Em 2011, situação semelhante ocorreu com o então presidente do
Senado, José Sarney, e a Corte reafirmou o posicionamento.
Salvo
depois de definições formais de jurisprudência ( súmulas vinculantes), juízes
estão livres para mudar de opinião. Ocorre, porém, que nesta matéria
específica, tamanha reviravolta — a necessidade de comissões especiais para
avaliar cada pedido de impeachment, e há dezenas na Câmara — não provocará
apenas grande tumulto no funcionamento da Casa. Terminará sendo uma barreira à
abertura desses processos.
Uma
questão grave é aumentar o já grande envolvimento do Supremo no processo de
impeachment de Dilma, e que tende a crescer com a promessa do advogado- geral
da União, José Eduardo Cardozo, de não economizar nos recursos à Corte em
defesa da presidente. Não há mesmo como imaginar um impeachment de presidente
sem recursos ao STF. Mas existem, nos meios jurídicos, doutrinas opostas quanto
a isso. No impedimento de Collor, por exemplo, o Supremo, por sua composição à
época, procurou deixar o Legislativo com um espaço de manobra mais amplo.
No
julgamento da ADF, em dezembro, o ministro relator do caso, Edson Fachin,
apresentou um voto mais neste sentido, em alguns pontos. Foi vencido pelo entendimento,
em direção oposta, do ministro Luís Roberto Barroso, de cujo voto saíram as
linhas básicas do rito que está sendo seguido. Tudo conforme a Constituição.
Mas
a determinação do ministro Marco Aurélio desequilibra a balança, por invadir
área do Legislativo. Ainda bem que a decisão final será do plenário da Corte. A
crise política, já grave, não pode desembocar num choque institucional entre
Judiciário e Legislativo.
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