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Reunião discutiu rumos dos movimentos das periferias diante do cenário político — Foto: Paula Lopes Menezes/Periferia em Movimento |
Após
reunião no último fim de semana, movimentos formados nas periferias de São
Paulo decidiram criar nos próximos dias um coletivo contra o processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Denominado
#periferiascontraogolpe, os participantes pretendem reunir criadores,
produtores, articuladores políticos e culturais comprometidos com as demandas
das periferias e mobilizar-se contra o processo de impedimento que tramita no
Congresso Nacional.
No
último sábado (19), após dias em que o clima político fritou nervos, cerca de
60 moradores das diversas periferias de São Paulo se reuniram em uma sala da
Ação Educativa, na região central.
“Estou
perdida, com medo de sair na rua de vermelho”, desabafou a professora e
articuladora cultural Suzi Soares, 49.
Na
noite anterior, ela havia participado das manifestações em apoio ao
ex-presidente Lula e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff na
avenida Paulista.
“Apoiei
o ‘Lula lá’, mas não consegui aplaudir ele ontem, ao mesmo tempo precisava
estar ali. E hoje estou em busca de apoio para essa minha angústia. A corda vai
arrebentar para o lado mais preto e a gente tem que buscar forças”, afirmou.
A
insatisfação e as divergências, presentes nas redes sociais e nas manifestações
nas ruas, davam o tom dos discursos expostos no encontro. Educadores da rede
pública de ensino, artistas, jornalistas e integrantes de movimentos culturais
das periferias buscavam respostas para dúvidas como: quais são os nossos pontos
de convergência? O que nos conecta?
“É
complicado não se posicionar nesse momento. Antifascismo é a grande
convergência desse grupo. Estamos nos defendendo de uma mídia que orquestrou o
golpe de 64, e que está em conluio com jurídico até a última raiz. Se houver um
golpe, haverá um retrocesso”, disse a Solange Amorim, 46, diretora escolar no
Campo Limpo, zona sul.
Assim,
como Suzi, ela também participou da manifestação com ressalvas. “Vejo o PT
passando por um processo de degeneração política, mas nem por isso deixei de
estar na Paulista. Encontrei fundamentalmente uma classe social representada”.
Para
a maioria, muitos desanimados com o governo petista, mas contra o processo de
impeachment, a concordância vinha na apreensão com o retrocesso nas políticas
públicas alcançadas pelos movimentos.
“Tivemos
várias conquistas nas quebradas com o governo federal, apesar dos problemas.
Mas houve diálogo. A proposta é nos alinharmos para não corrermos o risco de
perder os direitos que quase não temos. A elite está articulando tudo, para
eles nós somos tudo um só, o pobre e periférico. E essa raiva que já existe, do
racismo e discriminação, pode aumentar”, disse Alex Barcellos, 36, articulador
cultural.
O
coletivo pretende retomar a cobrança sobre um manifesto assinado por mais de
150 coletivos e que foi apresentado para a presidente Dilma Rousseff antes da
sua reeleição. A íntegra do manifesto pode ser lida em Manifesto dos Coletivos
Culturais Periféricos de SP em favor da reeleição de Dilma Rousseff.
Por
Cleber Arruda, 33, correspondente da Brasilândia
cleberarruda@agenciamural.com.br
Colaboraram
Jéssica Moreira e Semayat Oliveira, do coletivo Nós, Mulheres da Periferia, e
Thiago Borges, do Periferia em Movimento
Fonte:
medium
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