"A
truculenta reação da REDE GLOBO a uma solicitação de Direito de Resposta,
apresentada nos termos da Lei, expõe mais uma vez a extrema dificuldade desta
emissora em lidar com os princípios democráticos que norteiam a liberdade de
imprensa, e que deveriam ser observados com rigor numa CONCESSIONÁRIA DE
SERVIÇO PÚBLICO", diz o nota do ex-presidente Lula, sobre reportagem de
ontem do Jornal Nacional, que condena pedido apresentado por sua defesa; na
reportagem de ontem, Globo usou email de jornalista da Globonews, apagando o
logo, para tentar provar que Lula teria sido procurado pelo Jornal Nacional
antes de reportagem ofensiva, publicada na véspera de sua condução coercitiva
Em
nota divulgada na noite de ontem, o Instituto Lula comentou reportagem de ontem
do Jornal Nacional (confira aqui), que atacou o pedido de direito de resposta
apresentado por sua defesa. Confira abaixo:
REDE
GLOBO MENTE E CENSURA DEFESA DE LULA
O
Jornal Nacional da Rede Globo mentiu na edição deste sábado, e isto não
surpreende.
A
VERDADE: A reportagem do Jornal Nacional NÃO PROCUROU a assessoria do Instituto Lula, na
quinta-feira (10 de março) para comentar
a denúncia dos procuradores do MP de São Paulo contra o ex-presidente
LULA.
A
MENTIRA: A mensagem de e-mail exibida no
Jornal Nacional deste sábado é de um repórter da GloboNews, e não do JN ou de
qualquer outra redação da REDE GLOBO.
A
PROVA DA MENTIRA:
Ao
reproduzir parcialmente o e-mail deste jornalista, a REDE GLOBO apagou
deliberadamente o logotipo da GLOBONEWS, para enganar o público.
Os
contatos entre a assessoria de Imprensa do Instituto Lula e a redação do Jornal
Nacional sempre foram feitos diretamente.
É
degradante que a REDE GLOBO utilize o nome de um profissional da Globo News
para montar a farsa que foi ao ar no JN deste sábado.
O
mesmo vale para as mensagens enviadas à assessoria de imprensa dos advogados de
Lula, e que não mencionavam reportagem no Jornal Nacional sobre a denúncia do
MP.
O
que o Jornal Nacional tentou fazer na edição deste sábado foi lançar uma
cortina de fumaça sobre as mentiras e gravíssimos erros cometidos na edição de
quinta-feira.
2)
Os advogados do ex-presidente Lula preparam as medidas judiciais cabíveis
diante da recusa da REDE GLOBO em
atender ao Direito de Resposta e para reparar as novas ofensas dirigidas neste
sábado ao ex-presidente Lula.
3)
A solicitação de Direito de Resposta do ex-presidente Lula foi feita nos termos
da lei, tempestivamente, como se pode confirmar na carta dos advogados, que
está anexada a esta nota.
A
reportagem de quinta-feira é parcial e caluniosa porque, ao longo de 9 minutos
de reportagem, o ex-presidente Lula foi acusado 18 vezes (sem fundamento e sem
resposta) pela prática de 10 diferentes crimes, foi alvo de 9 ofensas e 2
calúnias, a mais grave e desrespeitosa, quando o repórter comparou Lula a um
traficante de drogas, calúnia que extrapola até mesmo as leviandades contidas
nos autos da denúncia.
4)
O texto de resposta do ex-presidente Lula à Rede Globo não tem ironias nem se
alonga em comentários críticos ao jornalismo da Rede Globo, como alegou a
emissora para censurá-lo.
O
texto tem 950 palavras. Na reportagem de 10 de março, o apresentador Willian
Bonner, o repórter José Roberto Burnier e os promotores José Carlos Blat e
Cássio Conserino utilizaram 1.085 palavras para -- sem provas e sem defesa –
ofender, difamar e caluniar o ex-presidente, sem qualquer respeito ao
equilíbrio jornalístico.
O que Lula aponta na resposta censurada é a
parcialidade do Jornal Nacional – veiculado por uma concessionária de serviço
público – que não respeitou nem seus direitos nem o direito do público à
informação correta.
O
que a Rede Globo chamou neste sábado de “ironias” são as duras verdades que a
emissora se recusa a ouvir.
5)
A truculenta reação da REDE GLOBO a uma solicitação de Direito de Resposta,
apresentada nos termos da Lei, expõe mais uma vez a extrema dificuldade desta
emissora em lidar com os princípios democráticos que norteiam a liberdade de
imprensa, e que deveriam ser observados com rigor numa CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO
PÚBLICO.
Entre
estes princípios estão o equilíbrio editorial,
o respeito ao contraditório, o rigor na apuração, o juízo imparcial da
notícia e a serena humildade diante dos fatos.
Na
parte de sua resposta que foi censurada, Lula recorda que a REDE GLOBO levou 30
anos para pedir desculpas ao povo brasileiro por ter apoiado o golpe 64,
praticando um jornalismo de um lado só ao longo de duas décadas.
O
jornalismo arrogante, de um lado só, voltou às telas do Jornal Nacional neste
sábado, por meio de um dos porta-vozes daqueles tempos sombrios. Esta é uma
noite para lembrar que as ditaduras, sejam as políticas, sejam as midiáticas,
cedo ou tarde chegam ao fim.
LEIA
AQUI A RESPOSTA DO EX-PRESIDENTE LULA AO JORNAL NACIONAL:
“Eu,
Luiz Inácio Lula da Silva, e minha mulher, Marisa Letícia, não somos e nunca
fomos donos de nenhum apartamento tríplex no Guarujá nem em qualquer outro
lugar do litoral brasileiro.
Meu
patrimônio imobiliário hoje é exatamente o mesmo que eu tinha ao assumir a
presidência da República, em janeiro de 2003:
O
apartamento onde moro com Marisa, e onde já morávamos antes do governo, e o rancho “Los Fubangos”, um pesqueiro na
represa Billings.
Ambos
adquiridos a prestações. Também temos dois apartamentos de 70 metros quadrados
que Marisa recebeu em permuta por um lote que ela herdou da mãe.
Tudo
em São Bernardo do Campo. Tudo registrado em nosso nome no cartório e na
declaração anual de bens.
Esta
é a verdade dos fatos, em sua simplicidade: entrei e saí da Presidência da
República com os mesmos imóveis que adquiri ao longo da vida, trabalhando desde
criança, como sabem os brasileiros.
Não
comprei nem ganhei apartamento, mansão, sítio, fazenda, casa de praia, no
Brasil ou no exterior.
Jamais
ocultei patrimônio nem registrei propriedade particular em nome de outras
pessoas.
Nunca
registrei nada em nome de empresas fictícias com sede em paraísos fiscais,
artifício utilizado por algumas das mais ricas famílias deste País para fugir
ao pagamento de impostos.
As
informações sobre o patrimônio do Lula – verdadeiras, fidedignas, documentadas
– sempre estiveram à disposição do Ministério Público e da imprensa, inclusive
da Rede Globo.
Estas
informações foram deliberadamente ocultadas do público na reportagem do Jornal
Nacional que apresentou as acusações do Ministério Público de São Paulo.
Eu
não fui procurado pela Globo para apresentar meu ponto de vista. Ninguém da
minha assessoria foi procurado. O direito ao contraditório foi sonegado.
Alguém
se apropriou indevidamente do meu direito de defesa.
Não
é a primeira vez que isso acontece e certamente não será a última.
Mas
eu fiquei indignado ao ver minha mulher e meu filho sendo retratados na
televisão como se fossem criminosos.
Mesmo
na mais acirrada disputa política – e o jornalismo não está acima dessas
disputas – nada justifica envolver a família, a mulher, os filhos, como ocorreu
nesse caso.
Fiquei
indignado porque, ao longo de 9 minutos, o apresentador William Bonner e o
repórter José Roberto Burnier me acusaram 18 vezes de ter cometido 10 crimes
diferentes; sem nenhuma prova, endossando as leviandades de três membros do
Ministério Púbico de São Paulo.
Reproduziram
ofensas, muitas ofensas, a partir de uma denúncia que sequer foi aceita pela
juíza. E ainda por cima, denúncia de um promotor que já foi advertido pelo
Conselho Nacional do Ministério Público, porque atuou fora da lei neste caso.
A
Rede Globo me conhece o suficiente para fazer uma avaliação equilibrada das
acusações lançadas por aquele promotor, antes de reproduzi-las integralmente
pelas vozes de William Bonner e Roberto Burnier.
A
Rede Globo recebeu, desde 31 de janeiro, todas as informações referentes ao
tríplex, com documentos que comprovam que nem eu nem Marisa nem nosso filho
Fabio somos donos daquilo. É uma longa e detalhada nota, chamada “Os documentos
do Guarujá: desmontando a farsa”.
Cheguei
a abrir mão do meu sigilo fiscal e anexei a esta nota parte de minha declaração
de bens.
Quando
divulgamos este documento esclarecedor, o Jornal Nacional fez uma série de
matérias tentando desqualificar o que estava dito lá. Duvidaram de cada
detalhe, procuraram contradições, chegaram a distorcer uma entrevista do meu
advogado.
Quanta
diferença...
Na
reportagem sobre a denúncia do procurador, nada foi questionado. Tudo foi
endossado e ratificado como se fosse absoluta verdade.
A
Rede Globo sempre poderá dizer que estava apenas “retratando os fatos”,
“prestando informações à sociedade”,
“cumprindo seu dever jornalístico”.
Só
não vai conseguir explicar ao povo brasileiro a diferença gritante de
tratamento: quando acusam o Lula, é tudo verdade; quando o Lula se defende, é
tudo suspeito.
Em
40 anos de vida política, aprendi a lidar com o preconceito, com a inveja e até
com o ódio político.
Mas
não me conformo, como ex-presidente desse imenso país chamado Brasil, não posso
me conformar de ser comparado a um traficante de drogas, como aconteceu no
final da reportagem.
Essa
comparação ofensiva, injuriosa, caluniosa, não está nos autos da denúncia do
Ministério Público.
Não
sei quem decidiu incluir isso na reportagem, mas posso avaliar seu caráter.
Se
esta mensagem está sendo lida hoje na Rede Globo é por uma decisão da Justiça,
com base na Lei do Direito de Resposta, aprovada pelo Congresso Nacional e
sancionada pela presidenta Dilma Rousseff no final do ano passado.
Esta
lei garante que a Liberdade de Imprensa seja realmente um direito de todos e
não um privilégio daqueles que detém os meios de comunicação.
É
ela que nos permite enfrentar a ocultação de informações, a sonegação do
contraditório, a falsidade informativa, a lavagem da notícia.
Estes
vícios foram sistematicamente praticados pelos grandes veículos de comunicação
do Brasil durante a ditadura e fizeram tão mal ao País quanto a censura, que
abolimos na Constituição de 1988.
A
Rede Globo levou mais de 30 anos para pedir desculpas ao País por ter apoiado a
ditadura, praticando um jornalismo de um lado só. Graças à lei do Direito de
Resposta, não tenho de esperar tanto tempo para responder às ofensas dirigidas
a mim e a minha família no Jornal Nacional.
Eu
não estou usando este direito de resposta para me defender apenas, e a minha
família. É para defender a democracia, o estado de direito e a própria
liberdade de imprensa, que só é verdadeira quando admite o contraditório e
respeita a verdade dos fatos.
Quando
estes princípios são ignorados, em reportagens como aquela do Jornal Nacional,
o maior prejudicado não é o Lula, é cada cidadão e a sociedade, é a
democracia”.
LUIZ
INÁCIO LULA DA SILVA
Fonte:
brasil247
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