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Arminio se rende às ideias de Lula e defende combate à desigualdade

"Discordo radicalmente de uma linha de pensamento mais antiga, que é fazer o bolo crescer para depois distribuir", afirma o economista e ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga


247 - O economista e ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga avalia que não há conflito entre crescimento econômico, distribuição de renda e proteção social. Sem reduzir a desigualdade, ele destaca ser improvável o destravamento da economia. A ideia é um dos principais componentes das políticas executadas pelo governo Lula, que incluiu os mais pobres no consumo para assegurar o crescimento. 

“Discordo radicalmente de uma linha de pensamento mais antiga, que é fazer o bolo crescer para depois distribuir. O bolo não vai crescer, a situação do país é precária e altamente instável. Essas coisas [redução da desigualdade] têm de acontecer em paralelo com outras mudanças”, disse em debate na FEA/USP. 

De acordo com ele, essa agenda passa pela continuidade da diminuição dos subsídios do BNDES, aumento das concorrências interna e externa, e a revisão das desonerações e da carga tributária. 

“Há muito espaço para eliminar aberrações tributárias”, complementou, citando exemplos como empresas e trabalhadores enquadrados em regimes especiais como o do Simples e o do Microempreendedor Individual (MEI). “A desigualdade segue alta, o Estado não age adequadamente no investimento em pessoas e em infraestrutura. O Estado brasileiro é relativamente grande e pouco produtivo”, afirmou. 

O economista mostra que o Brasil é um dos países que mais transferem renda para os mais ricos e, ao mesmo tempo, menos aos mais pobres - entre os 20% mais ricos, cerca de 25% da renda é oriunda de transferências governamentais, diz ele. “Precisamos gastar mais e melhor no social, mesmo que o retorno seja um pouco lento, conforme mostram alguns pesquisadores”, afirmou.

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