Paciente recebe fitinha vermelha que simboliza a campanha mundial contra a Aids, que atinge 37 milhões de pessoas no mundo. REUTERS/Nacho Doce/File Photo |
Mais um paciente portador do vírus HIV, o segundo no mundo, conseguiu se curar da doença mesmo depois de interromper o tratamento contra a Aids. O anúncio oficial do avanço médico, publicado na revista científica Nature, será feito nesta terça-feira (5).
Dez anos após a cura de um primeiro paciente com Aids, uma segunda pessoa, identificada apenas como "o paciente de Londres", parece não ter mais o vírus HIV mortal em seu organismo, 19 meses após o fim de tratamento contra a doença. Os dois pacientes receberam transplantes de medula para tratar câncer no sangue, recebendo células de doadores que apresentam uma mutação genética rara que impede o HIV de se instalar no organismo.
O transplante mudou o sistema imunológico do "paciente de Londres", dando a ele a mesma resistência do doador. O resultado renova as esperanças de cerca de 37 milhões de pessoas portadoras do vírus no mundo, já que os tratamentos antirretrovirais prolongam a vida dos infectados pelo HIV, mas não eliminam o vírus.
Esperança
Apenas 59% dos portadores têm acesso aos medicamentos, e 1 milhão de pacientes morrem de Aids a cada ano. A aparição de uma nova forma de HIV, resistente a medicamentos, preocupa os especialistas.
“Ao conseguirmos uma remissão de um segundo paciente utilizando técnicas similares, nós mostramos que o ‘paciente de Berlim’ não foi uma anomalia”, declarou o principal autor do estudo, o pesquisador Ravindra Gupta, professor de Cambridge, no Reino Unido. Ele se referia ao primeiro caso mundial de cura do HIV. “Atualmente, a única maneira de tratar o HIV é pelo uso de medicamentos que contêm o vírus e que os pacientes devem tomar durante toda a vida”, esclareceu o Dr. Gupta.
Procedimento não pode ser usado em todos
Uma questão importante, sublinhou o pesquisador, é que o transplante de medula – um procedimento perigoso e doloroso – não é uma opção viável de tratamento para os milhões de portadores do vírus. Mas o progresso da pesquisa vai permitir aos cientistas focalizar as estratégias de tratamento.
“Encontrar um meio de eliminar completamente o vírus é uma prioridade urgente e global, que é particularmente difícil porque o vírus penetra nos glóbulos brancos do infectado”, explicou o Dr. Gupta.
A façanha será apresentada nesta terça-feira em uma coletiva de imprensa da equipe médica que realizou o experimento, em Seattle, nos Estados Unidos. O “paciente de Londres” foi infectado pelo vírus em 2003, no Reino Unido, e recebeu um tratamento antirretroviral desde 2012. No mesmo ano, ele foi diagnosticado com um tipo avançado da doença de Hodgkin, um câncer no sistema linfático.
O transplante de células-tronco ocorreu em 2016, de um doador portador da mutação genética que só é encontrada em 1% da população mundial.
Com informações da AFP
Fonte: br.rfi.fr
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