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Reforma trabalhista: 37,3 milhões sem carteira assinada ganham metade do salário




Por Ricardo Kotscho, para o Balaio do Kotschoe Jornalistas pela Democracia - “É horrível ser patrão nesse país” (Jair Bolsonaro)

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Bom mesmo, para o presidente eleito, é ser trabalhador sem carteira assinada, sem direitos, ganhando a metade dos empregados formais.

Para ele, que votou a favor da “reforma trabalhista” de Michel Temer, ainda foi pouco o que fizeram. Tem que arrochar mais os trabalhadores para deixar os patrões mais satisfeitos.

Temer prometeu que a sua reforma iria gerar novos empregos, mas aconteceu exatamente o contrário.

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O que cresceu foi a informalidade, não o emprego, como mostram os novos dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira.

Em 2017, já eram 37,3 milhões os brasileiros trabalhando sem carteira assinada, 1,7 milhões a mais do que em 2016, o ano do golpe.

É a multidão que se vê vendendo churrasquinho e cachorro quente nas esquinas, os peões de obra sem direitos trabalhistas, os camelôs tomando conta das calçadas, as empregadas domésticas que viraram diaristas, os bóias-frias na agricultura.

O total de trabalhadores informais no ano passado já atingia 40,8% de toda a população ocupada que exerce algum tipo de atividade remunerada.

Entre a população de negros e pardos, o índice dos “sem-carteira” é ainda maior, chega a quase metade (46,9%).

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Na agropecuária, o carro-chefe da economia nacional, a informalidade chega a 66,8% entre os homens e 75,5% das mulheres.

Carteira de trabalho, que agora querem pintar de verde-amarelo, virou coisa do passado.

Para os patrões, não tem coisa melhor: os “sem-carteira” recebem, em média, 48,5% do que é pago aos com carteira assinada.

Se estão achando que ainda é pouco para arrochar o salário dos trabalhadores, fica só faltando revogar a Lei Áurea.

Não falta muito.

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Com a extinção do Ministério do Trabalho, fatiado em secretarias sob o comando de Sergio Moro e do Posto Ipiranga, e da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), se depender da poderosa bancada do agronegócio, onde a informalidade é maior, vai acabar a fiscalização do trabalho escravo.

Quem achar ruim vai ser chamado de “vermelho”, inimigo da pátria, pessimista que torce contra.

Para quem sempre viveu no bem-bom do serviço público, como militar ou deputado, sem precisar bater ponto, o importante é melhorar a vida dos patrões que apoiaram e bancaram suas campanhas.

A nova ordem não está para brincadeiras.

E agora não tem mais essa história de pedir impeachment, batendo panelas e cercando patos amarelos.

Derrubar Dilma foi brinquedo de criança, com um simples peteleco.

Quero ver agora derrubar os generais perfilados em torno do capitão presidente no Palácio do Planalto.

Vida que segue.

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