DCM - De um amigo do DCM em Brasília, bem informado e lúcido, conhecedor das guerras intestinas na política:
A golpe intramuros tucano tem elementos fundamentais que você não vai ver contemplados nas colunas dos analistas tradicionais.
Primeiro e mais interessante fato: o dedo de Gilberto Kassab.
Segundo: engana-se quem imagina que a destituição de Tasso Jereissati da presidência do PSDB é fruto de uma disputa interna entre grupos a favor e contra o desembarque do governo Temer.
O foco ali é outro e atende duas raposas, Aécio Neves e José Serra, ambos em busca de sobrevivência.
Mais sujo que pau de galinheiro, Aécio precisa garantir uma vaga na Câmara para evitar o risco de, como a irmã e o primo, ir parar na cadeia.
Serra, por sua vez, não esconde de mais ninguém que jogou a toalha. Seduzido por Kassab, resignou-se a encerrar a carreira numa função que despreza, que é a de governar São Paulo – entre outras coisas, Serra não suporta conviver com gente do interior.
Pela lógica, além de Kassab, que pode se tornar vice-governador sem um voto, se fortalecem Aécio, que terá garantias de que não será incomodado na triste sina de recuperar sua massa falida, o próprio Serra, que aproveitou a brecha para dar um “bote” na sigla, e, por tabela, Geraldo Alckmin, o inocente útil que vai acabar desempenhando o papel de “coelho” nesta corrida de longa distância em direção aos cofres públicos da presidência e dos governos estaduais.
Quem perde? Além do próprio PSDB, João Doria.
Vai acabar ficando sem a chance de disputar o Planalto pelo PSDB, tampouco o Palácio dos Bandeirantes, forçado a amargar por mais dois anos o martírio de dirigir a capital paulista.
Mas não pense que a dupla Serra-Kassab terá céu de brigadeiro pela frente.
A nuvem negra no caminho de ambos tem nome e endereço fixo: Márcio França, atual vice-governador de SP.
Notório franco atirador – deu uma enquadrada que em João Doria, semana passada, na casa do gestor —, França vai assumir com o desligamento do titular e está disposto a tudo para garantir a vitória e se manter no comando do estado.
A seu favor, ele terá a Mont Blanc do Bandeirantes, que sabe usar com desenvoltura e um apetite voraz.
Tasso Jereissati volta para o seu papel secundário, Goldman aos 82 mostra que continua sendo o “velho Goldman”, e Alckmin confirma o karma de Forrest Gump de Pindamonhangaba.
Sem o menor, esforço viu cair no seu colo a chance de disputar a presidência da República pela segunda vez.
Só resta saber se desta vez vai pegar o touro à unha, como se espera de um bom canastrão com densidade nacional, ou se vai continuar enganando no perfil do falso bonzinho.
É bom que decida desde já, pois o apoio de Serra, Aécio, Goldman e cia não vai ter mesmo – o interesse deles já foi selado na tarde de quinta.
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