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Vídeo da UFJF que toca em questão de gênero gera repercussão nacional




Conversa da drag queen Femmenino com alunos do Colégio João XXIII causou polêmica nas redes sociais e chegou ao Ministério Público


Mais uma enxurrada de comentários em torno da discussão de gênero invadiu as redes sociais a partir de um vídeo publicado pela UFJF em homenagem ao Dia das Crianças. Na gravação, publicada acima e intitulada “Na hora do lanche”, a drag queen Femmenino vai até o Colégio de Aplicação João XXIII saber dos alunos como estava a expectativa para o 12 de outubro e o que os estudantes estavam levando na merendeira. Em determinado trecho, a personagem vivida pelo artista performático Nino de Barros fala sobre não existir separação entre coisas e brinquedos de menino e de menina, fazendo um coro com os pequenos que isso é preconceito. Apesar de ocupar menos de 15 segundos da produção de pouco mais de 4 minutos, o trecho da conversa foi suficiente para gerar discursos inflamados contra a iniciativa.

Três dias depois da publicação oficial, ocorrida no dia 11, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) editou o vídeo e o postou em sua página no Facebook, colocando tarjas pretas com os dizeres: “Prestem atenção na canalhice que estão fazendo com nossas crianças”. Até a manhã desta segunda-feira (9), a postagem já tinha 719 mil visualizações, 13 mil curtidas, 6,8 mil comentários e 13 mil compartilhamentos. Enquanto isso, o vídeo na página da UFJF havia sido assistido em torno de 180 mil vezes.

Diante da repercussão, a universidade se posicionou em sua página oficial no Facebook: “Prezados e prezadas, apreciamos a discussão de ideias. As manifestações a respeito do vídeo certamente serão objeto de discussão e análise pelos responsáveis. Mas comentários homofóbicos, que contenham palavrões, injúria ou firam a política de comentários da página serão excluídos. Temos cópia de todos eles para não haver dúvidas sobre o procedimento adotado, como a exclusão das manifestações ‘tem de fuzilar’, ‘poderia jogar gasolina no próprio corpo’. #VaiTerDragSim.”

Resposta

Nino de Barros também não se deixou intimidar pelos comentários hostis, e na página do Femmenino divulgou no sábado outro vídeo rebatendo as críticas, acompanhado de um texto: “Queremos acabar com a família? Sim, mas apenas com um tipo de família, é um formato muito específico de família patriarcal, que mantém homens e mulheres presos em padrões do passado”. A drag esclareceu ter dito no vídeo “Na hora do lanche” sobre não existir separação entre brinquedos de meninos e de meninas e não sobre não existir meninos e meninas. Ela questionou por que isso seria um ataque à família tradicional brasileira e traçou um panorama histórico sobre os antigos padrões.

“A gente quer que meninos brinquem de boneca e cresçam para ser pais carinhosos, queremos que eles brinquem de vassourinha e dividam as tarefas da casa com suas mulheres. A gente quer que as meninas brinquem de carrinho, gritem, corram e tenham liberdade corporal para crescerem mulheres fortes e donas de si, que não continuem reproduzindo o papel da mulher indefesa que precisa de um macho alfa para protegê-la e sustentá-la. Nós queremos mostrar para as crianças que elas podem ser do jeito que elas quiserem, sem necessidade de continuar replicando as performances de gênero tão quadradas e sufocantes”, diz a nota. Uma das ícones da luta pelas causas LGBTTI no meio acadêmico e na cidade, a drag queen desabafou: “Difícil responder esse tanto de ódio, mas a gente não pode recuar nesse momento!”.

Nota oficial

Em nota divulgada pela assessoria de imagem institucional nesta segunda, a UFJF afirmou ter compromisso com uma educação pública, democrática, de qualidade e inclusiva, tanto nos seus cursos na educação superior quanto na educação básica. “O Colégio de Aplicação João XXIII é uma Unidade Acadêmica da UFJF vinculada ao sistema federal de colégios de aplicação e possui, em seu projeto político-pedagógico, o objetivo de assegurar ao educando a formação indispensável ao exercício efetivo da autonomia com a estruturação de uma sociedade justa e democrática.”








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