O dia 20 de novembro é considerado como o dia de Zumbi dos Palmares e
da Consciência negra. Em contraponto ao dia 13 de maio, data da
assinatura da falsa abolição escravidão e que não é reivindicada pelo
movimento negro, o dia 20 de novembro é marcado pela morte de Zumbi dos
Palmares em 1695. Tal data é tratada com um dia para homenagear Zumbi, e
tudo o que ele e tantas outras pessoas pretas representam na luta
contra o racismo, tais ações servem para fortalecermos, para além dos
calendários, nossos quilombos ainda muito necessários para o combate ao
racismo e o capitalismo.
De acordo com a lei federal 10.639, de 9 de janeiro, de 2003, o dia
20 de novembro é incluído como Dia Nacional da Consciência Negra no
calendário escolar. E a lei 12. 519/2011, sancionada pela ex presidenta
Dilma Rousseff, define a data como feriado, porém fica a critério dos
municípios adotá-los.
Nesta última segunda feira (7), a Justiça do Rio Grande do Sul
derrubou a lei que institui o feriado na cidade de Porto Alegre,
alegando inconstitucionalidade em sua aplicação.
Em menos de um ano de sua aplicação, afinal foi em 24 de novembro de
2015 que a Justiça aprovou como feriado, dia da Consciência Negra e da
Difusão da Religiosidade, muito comemorado pelo movimento negro, porém
deixando empresários e comerciantes racistas com dores de cotovelo.
Na
época tentaram entrar com um recurso na justiça para impedir o nosso
feriado, mas não tiveram sucesso. Durante as votações do projeto ainda
tentaram ajustar a data para o terceiro domingo do mês e não o dia 20,
mas tal proposta também foi derrotada. Então a justiça jogou o feriado
do dia 2 de novembro para responsabilidade federal, e o dia 20 ficou sob
competência do município de Porto Alegre.
Agora passando por cima dos direitos que conquistados com muita luta, alegam que o feriado trás prejuízos para a economia local.
Segundo o magistrado, a data não representa nenhum indicativo para ser tratado como um dia de guarda, que não é fundamental e sem significado para qualquer denominação religiosa...
É no mínimo absurdo tais pronunciamentos. Outros feriados que
comemoram os santos e os símbolos do homem branco não são mencionados.
Os poucos “espaços” que temos ou conquistamos são tido como grande
empecilho ao homem branco. Empresários alegam que não são contra o dia
da Consciência Negra, mas não podem sofrer prejuízos, como se fossem
eles mesmos que produzissem ou trabalhassem para isso, e não os seus
funcionários que vem sofrendo ataques brutais de seus direitos.
Vemos um giro à direita nessas eleições municipais, junto ao cenário
golpista que vemos no governo federal, que já começou a aplicar ataques
brutais em toda classe trabalhadora, e que inclusive já pronunciou que
muitos direitos serão cortados, começam tirando um feriado de extrema
importância para mantermos nossa história viva, tal medida pode muito
bem servir de exemplo de como será a linha política, nesse contexto mais
à direita, em relação aos setores oprimidos. Amanhã pode ser as cotas
nas universidades, e se não dermos uma resposta, até o direito de andar
numa calçada.
Ativistas do movimento negro irão tentar entrar com um recurso no
STF, alegando falta de razoabilidade da medida de cortar o feriado do
dia 20, segundo informações só a prefeitura e o estado podem fazer tal
ação e não se pronunciaram a respeito. Isso demonstra muito bem o
racismo embutido nesse sistema judiciário, que não hesita em punir um
dos nossos, mas vira as costas, como sempre fez na hora de nos dar
aquilo que é nosso
Fonte: esquerdadiario
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