Imagem Reprodução - Edição: Fátima Miranda |
Passado as eleições de 2016 para prefeitos e vereadores a mídia tradicional corre para alardear a seus leitores o fim da esquerda, especialmente do PT. Observam também, o fim das pretensões presidências de Lula em 2018 e alardeiam inclusive que internamente no PT um grupo grande de pessoas ligadas a estrutura partidária (deputados, senadores e membros da sociedade organizada) propõe criar uma nova legenda para abrigar petistas insatisfeitos e algumas pessoas de legendas de esquerda que defendem um reagrupamento ideológico apara não se correr o risco de sumir politicamente após esse desgaste do PT.
É inegável a derrota política das esquerdas, especialmente do PT, mas também não podemos ignorar que a legenda ainda possui um legado muito forte na sociedade e que com o passar do tempo vai aflorar, especialmente quando as “maldades” do governo Temer na área trabalhista, previdenciária, econômica, etc, começarem a aparecer de maneira mais clara para a sociedade, especialmente os mais pobres.
Necessário também não esquecer que passamos uma verdadeira onda conservadora a nível mundial, aonde governos progressistas vem perdendo apoio, independente de tudo isso ocorrer com apoio financeiro oculto do governo americano às oposições que retomam o poder através de golpes parlamentares ou pelo voto mesmo.
Historicamente eleição municipal não tem relação mais forte com a nacional, pois o que tem maior peso é a influência política local dos candidatos e apenas nas grandes capitais, podemos afirmar que o fator político nacional tem algum peso maior. Portanto, dizer que o PT acabou no mínimo desconhecer o passado e história, mas o também é verdade que o PT só voltará a ter influencia forte que teve se reinventando e voltando-se para os movimentos sociais e de mobilização, o que alguns especialistas e confesso que concordo com eles duvidam ou entendem que levará bastante tempo, pois a militância envelheceu, muitos acabaram entrando na estrutura burocrática, outros infelizmente se corromperam ideologicamente e não querem perder os benefícios da estrutura que conquistaram.
Outra guerra perdida, mas que precisamos repensar em como dar a volta por cima é a da informação, pois o discurso moralista e preconceituoso contra um governo mais voltado ao social acabou minando todo o apoio das classes menos favorecidas, primeiro conquistaram a classe média formadora de opinião fazendo-a crer que o governo era meramente assistencialista e retirava ganhos econômicos deles para simplesmente dar a quem mais precisava depois usando um moralismo hipócrita fez crer que a corrupção era cria de um partido político apenas gerando muitas vezes um ódio doentio em determinado extrato da sociedade que costumo chamar de “midiotas”, tudo isso ocorreu sem que houvesse qualquer reação seja do governo, seja do partido dos trabalhadores, cabendo a militância espontaneamente nas redes sociais tentar preservar as conquistas que sempre estiveram a perigo e que após muitos anos de resistência acabou culminando no golpe parlamentar de 2016.
A nossa juventude atual precisa ser mais bem compreendida para se entender melhor como trabalhar para reconquistá-la. O exemplo da estudante líder nas ocupações de escolas Ana Julia pode mostrar alguns caminhos, mas ainda é cedo para conclusões.
Os demais partidos do campo progressista como PDT, PSB e Rede estão cada vez mais parecidos com os partidos tradicionais e os partidos mais a esquerda como PC do B, Psol, PSTU estão mais preocupados em ocupar o vácuo do PT do que em encontrar saídas para a crise de identidade que toda a esquerda está passando, o que entendo ser mais um fator que contribuirá para atrasar ainda mais a busca de qualquer saída para este momento.
A postura ate mesmo oportunista do Psol, por exemplo, que adotou um discurso da negação da política e da negação de sua identidade ideológica mais a esquerda no Rio de Janeiro com seu candidato Freixo, mostra bem que as esquerdas ainda não compreenderam bem o momento político histórico que vivenciamos. A campanha de Freixo mostrou Dilma como se ela fosse aliada da direita, não falou em nenhum momento sobre o golpe parlamentar contra uma Presidente democraticamente eleita, ignorou apoios e até a presença de um Eduardo Suplicy (mais votado pra vereador em São Paulo) e por quem não paira qualquer suspeita ou denuncia de corrupção, praticamente comprando o mesmo discurso daqueles que golpearam nossa democracia colocando nas costas de um partido inteiro a corrupção que sabemos é sistêmica e de pessoas não de partidos.
A grande quantidade de votos brancos e nulos no Rio de Janeiro (maior que os votos em Crivella eleito) mostra que lá a população não conseguiu vislumbrar diferenças entre Freixo e Crivella e que também podemos constatar foi a causa de sua derrota para o candidato com discurso religioso e do apartidarismo o que corrobora com o que falei anteriormente.
Ou as esquerdas se unem, voltam-se a sociedade organizada, deixando um pouco de lado a luta institucional da burocracia do poder e buscam compreender o processo de mudanças de paradigmas de pensamento e organização da sociedade, o individualismo e o conservadorismo religioso com toda a carga de intolerância que vem junto ou teremos muitos anos de retrocessos sociais, políticos e econômicos e como conseqüência de tudo isso, por conta do aumento da marginalização, uma sociedade cada vez mais alienada da política jogando todos numa vala comum sem identificar diferenças ou o que é pior, perder a capacidade de ter utopias que o estimulem a lutar por uma sociedade melhor, mais humana e mais igual.
Ricardo Parafatti - Tecnólogo em Comercio Exterior
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