No cenário de indigência moral, política e estética de um País sem rumo, é bom ter momentos como este |
Não
deu certo a blindagem para proteger Temer, mas o espetáculo surpreendeu. Foi de
uma beleza sutil, sem folclorização excessiva
Não
deu nada certo a cuidadosa blindagem com que os organizadores da Olimpíada
tentaram proteger o presidente ilegítimo Michel Temer na abertura oficial dos
Jogos, na noite desta sexta-feira 5.
As
vaias que iam fatalmente acontecer... aconteceram. O usurpador estava
visivelmente constrangido.
O
zelo chegou ao requinte. O telão evitou imagens da triste figura e o presidente
do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, agradeceu genericamente às
“autoridades brasileiras”. Nenhum nome pronunciado.
A
Folha de S.Paulo, sempre solícita na defesa de Temer e do golpe, tinha
previamente tentado dizer que vaias, no Maracanã, são genéricas, não
específicas. Ou seja, vaia-se por vaiar, não porque as Olimpíadas do Rio nascem
à sombra de um governo sombrio.
As vaias que iam fatalmente acontecer... aconteceram. O usurpador estava visivelmente constrangido (Foto: Beto Barata/PR) |
O
Maracanã aplaudiu perigosamente a delegação de Cuba, do Uruguai e da Palestina.
Devia ter muito bolivariano infiltrado por lá.
A
ovação à delegação dos atletas olímpicos refugiados reitera o tom de toda a
abertura: solidariedade e boas intenções.
O
espetáculo surpreendeu. Foi de uma beleza sutil, sem folclorização excessiva,
na medida do bom gosto – tudo aquilo que se desconfia que o Brasil é incapaz de
fazer. Aquela coisa do carnaval – um excesso de improvisação e voluntarismo que
acaba dando certo.
Um
comovente show produzido por artistas brasileiros com a participação de
artistas brasileiros. Essa gente sempre acusada pela elite ignóbil e ignorante
de ser parasita, de viver das migalhas das benesses oficiais, das leis de
incentivo etc. Artistas capazes de espargir talento e produzir beleza.
No
cenário de indigência moral, política, estética de um Brasil que perdeu o rumo,
ainda bem que há momentos como este. O aplauso é belo; e a vaia foi linda.
O Maracanã aplaudiu perigosamente a delegação de Cuba, do Uruguai e da Palestina (Foto: Adrian Dennis/AFP) |
Fonte:cartacapital
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