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O Brasil à venda, próximo capítulo - Por Consuelo Maria Da Consolação Cerqueira


Por Consuelo Maria Da Consolação Cerqueira
Publicado originalmente no Blog RENATUCHOA

O bando que arregaça o país não dorme e nem deixa a gente dormir. Mal sabíamos que as hienas estariam à espreita e que em democracia não se cochila!  

A democracia vivenciada nos últimos 13 anos trouxe em seu bojo um enorme mal-estar dos privilegiados, afirma Jacques Rancière em "O Ódio à Democracia". E chegamos até a pensá-la garantida, ledo engano! O que aprendemos, nesses tempos duros, é que a luta pela democracia deve ser permanente. No descuido, sua ausência nos leva a caminhos sem volta, nos enreda em labirintos.

Em terras de passado escravista, a democracia trouxe aos da Casa-Grande, o ódio de Classe. E ele chega arrasando. Aliado aos interesses do Capitalismo neoliberal, pró-USA, inimigo do BRICS, do Mercosul, essa elite corrupta, agora, além de atacar direitos e conquistas dos trabalhadores, tem que dar fim ao Estado de Bem-Estar.

Qual direito perdi hoje? E o Golpe, como um tornado, vai arrasando o país e o levando para a era das botas, da senzala, do atraso, da dependência econômica, das privatizações, da precarização. E empunhando as baionetas, os golpistas já se enfileiram rumo ao definitivo: apearem a presidenta e entregarem, de vez, as nossas estatais, nossa água pura, nossos minérios, nossas terras brutas. Pois, com nosso petróleo, já começou a farra, mas nada sem resistência.

Ou como diz Moniz Bandeira em "A desordem Mundial", o objetivo dos EUA e Europa é a dominação do planeta, num vale tudo em devastação e esse Golpe é apenas um episódio.
Até antes do Golpe a mídia fazia espalhafato com a Lava Jato, crise era a tônica.

O que temos vivido, tal qual pesadelo, é que enquanto se propaga o ódio aos petistas vindo de todas as frentes do Judiciário, mídia, MPF, STF, PF, PGR, sem fôlego, sem dó, tentam, em jogo aberto mesmo, se safarem das contínuas delações. E elas vão chegando em enxurradas, escandalosamente, como agora. E, sem nenhuma surpresa, repetem-se nelas os mesmos ícones da política:  Aécio, Temer, Renan, Serra, Padilha...E agora, em mais uma jogada desesperada, o interino quer antecipar o impeachment para se safar, pois, como presidente ficará blindado, o fato será passado, com amparo na Lei. E pesarão, mais que nunca, a mão contra a esquerda, Lula e Dilma, sem piedade. Precisam salvar o Golpe, tanto para se salvarem das grades, como para salvar o Projeto de entrega do país em curso. 

E quem ainda se mantém como espectador, fique alerta, será o cheque-mate.Todos pagarão, sem exceção.

Em aliança com essa mídia, sem a qual não haveria Golpe, exímia em tapear, mentir e livrar os aliados, esses vão tirando do foco as denúncias, as delações que os incriminam. Na contrapartida, para convencer e ganharem de lambuja, vão carregando as bordoadas odiosas sobre Lula e Dilma, principalmente. A ordem é criminalizar toda a esquerda, incriminar Dilma, caçar Lula, o que já fazem há 40 anos, mas, agora, tirá-lo da disputa em 2018. O homem dos 49 "honoris causas", respeitado no mundo todo, por ter resgatado do "Brasil profundo" à vida digna, mais de 50 milhões de brasileiros, num dos países mais desiguais do mundo, vive perseguido, acuado, humilhado.

Assim se enraíza o fascismo, o Estado de Exceção.  Contexto que nos remete de pronto a Hannah Arendt em “As Origens do Totalitarismo”, quando se refere ao caso Dreyfus. Alertando-nos de que o nazi-fascismo nasceu bem antes do nazismo da Segunda Guerra. Daí a importância da defesa intransigente da democracia e urgência em se parar o Golpe. É questão de vida e morte.

É a guerra contra o povo brasileiro, como bombas sob os céus da Síria.

 Voltemos à geopolítica. Gilberto Maringoni, acrescenta-nos que depois do fim da URSS, que pôs fim à bipolaridade URSS e EUA, os EUA, de 1993 até agora, triplicaram suas intervenções diretas em países no mundo. De 16, de antes de 1993 para 48 intervenções, depois do fim da bipolaridade. Já em outra trilha, a Rússia e, antes, a China, que são países continentais, avançam suas economias, mas forjando um novo equilíbrio, se diferenciando, por não apresentarem a marca de Império, o “intervencionismo”, como o americano. Era essa a via que o governo Lula/Dilma escolhera rumo a um país soberano, através do BRICS, do Mercosul.

Empolgado, Mauro Santayna, em 2013, afirmava que o BRICS apresentava um desafio à hegemonia anglo-saxônica e ocidental, mostrando que outro mundo seria possível na diplomacia, na ciência, na economia, na política e na questão militar. Pois é, amigos, é essa soberania em construção, que agora, está em risco, caso percamos na relação de forças.
Entendendo o Golpe. O correspondente estrangeiro, Pepe Escobar fala desse Golpe como "Guerra híbrida", ou "Teoria do Caos armada", que é " a guerra por meios linguísticos".

Essa que se materializa, aqui, nas terras bananeiras, num alinhamento judiciário-midiático-legislativo-executivo pró-USA e Wall Street que, no rabo, traz alguns países da Europa. Esse eixo, para sustentar sua geopolítica, tem arrastado o mundo às guerras sangrentas. Mas, agora, nada de guerra com explosões e mutilações de corpos, nem presença dos militares. A nova "guerra", agora, é instaurada via setores e instituições entreguistas e em alinhamento, sintonia. Aqui, em terras bananeiras, ela se instaura por uma turma de homens brancos, elitistas, fascistas, misóginos, trapaceiros. Esses a quem o tempo não lhes trouxe sabedoria, mas aguçou-lhes as vilanias, a perversidade, o egoísmo a ponto de arremessarem as bombas e retirarem a dignidade de um povo friamente. Podemos até inferir que é, sim, uma "guerra híbrida", meu amigo, essa a aqui instalada. Guerra de longo prazo, mais suave, incluindo todo tipo de manipulação, como a financeira e a midiática, essa mesma!

Sobres as denúncias da Wikileaks, Pepe Escobar é taxativo: a NSA forneceu toda a informação necessária inicial sobre as relações da alta cúpula da Petrobrás e as construtoras, como Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS, Camargo Correa e outras, a seu juiz "escolhido" e "orientado", Moro. Tinham pressa em acabar com o monopólio da Petrobrás sobre o Pré Sal, que Lula tanto protegeu, entre outros. E atacar, principalmente, o BRICS, que contraria até as tripas, os interesses americanos, como a OTAN.

Opor-se ao Golpe ao Estado de Exceção interessa a todos, progressistas, humanistas, democratas, socialistas. Em perigo nossa soberania e elementares direitos. As grandes mobilizações pelo país, inclusive na abertura das Olimpíadas do RJ e nela, a vaia de 165 decibéis contra Temer e a sequência de manifestações nos estádios tem levado a denúncia do Golpe ao mundo, via mídia internacional livre e tudo isso nos dá ânimo e também aliados.

Isso nos sinaliza que a história de luta e resistência de décadas dos trabalhadores e sociedade civil organizada ainda está viva e pulsa.  E a bandeira urgente, passada a tormenta, deverá ser por uma constituinte exclusiva para se efetuar a Reforma do Sistema Político. E, isso, sabemos, só será viável com volta de Dilma, sem impeachment.


E Pedro Stédile já se antecipou: "Prendam Lula que ocuparemos as portas dos tribunais e símbolos do judiciário nesse país todo." Não dar arrego é a nossa sina!

Consuelo Maria da Consolação Cerqueira

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