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KOTSCHO: APÓS ODEBRECHT, TEMOS UMA TERRA ARRASADA


Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho
Foram R$ 10 milhões de caixa dois para o PMDB de Michel Temer, em 2014, segundo a Veja, e R$ 23 milhões para o PSDB de José Serra, em 2010, segundo a Folha.
Estas são, em  resumo, as grandes novidades das delações da Odebrecht publicadas pela imprensa neste final de semana de largada da Olimpíada do Rio, na reta final do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Dois anos e cinco meses após a deflagração da Operação Lava Jato, as investigações chegam ao PMDB e ao PSDB, os dois grandes partidos que, ao lado do PT, denunciado desde o início, se revezam no comando da política brasileira desde a redemocratização do País.
No mesmo lote de novas delações, a maior empreiteira nacional citará a presidente afastada Dilma Rousseff que, segundo o marqueteiro João Santana, não só sabia, como coordenava a arrecadação de caixa dois para as suas campanhas.
O ex-presidente Lula, também citado em outras delações, já enfrenta meia dúzia de processos em Brasília, São Paulo e Curitiba.
Pelo andar da carruagem, ao final desse processo não restará ninguém para contar a história e acusar os adversários por corrupção, e nenhum líder político de expressão sobreviverá para reformar e reconstruir o apodrecido sistema político-partidário brasileiro a partir de 2018.
O cenário é de terra arrasada.
Os grandes partidos e as grandes empreiteiras nacionais saem destruídos desta guerra sem vencedores, que arrasou a nossa economia e instalou uma crise política sem precedentes e sem data para acabar.
Os maiores derrotados somos todos nós, cidadãos-contribuintes, assaltados por esta promíscua aliança público-privada, que gerou aumento da inflação, queda do PIB e um crescente deficit fiscal.
Em tenebrosas transações, agora reveladas, roubaram até a nossa esperança, e nos deixaram sem perspectivas de dias melhores, até onde a nossa vista alcança.
Peço desculpas aos leitores, pois sei que não é agradável tratar destes assuntos em pleno primeiro domingo olímpico, mas é a nossa triste realidade.
Vida que segue.

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