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Eduardo Paes: “Seria injusto não reconhecer o papel de Lula e Dilma na Olimpíada”


O prefeito Eduardo Paes diz que a Rio 2016 teve muito planejamento antecipado



O prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante a cerimônia de encerramento da Olimpíada no domingo.  GETTY IMAGES
Os Jogos Olímpicos do Rioconquistaram a maioria dos brasileiros e estrangeiros durante as últimas semanas, mas o legado que deixa para o Rio de Janeiro é um debate que ainda está aberto. Nesta terça-feira, o prefeito da cidade, Eduardo Paes, recebeu o EL PAÍS para fazer um balanço sobre os Jogos e projetar o futuro da cidade pós-olimpíada. Gripado e cansado, disse que se surpreendeu com as duras críticas antes dos Jogos. Destacou ainda que a situação fiscal da cidade é boa, e que ela está preparada para enfrentar seu futuro.
Pergunta. O que mais causava preocupação durante a realização dos Jogos?
Reposta. Eu sempre fui otimista, a gente sabia o que estava fazendo. Eu ficava olhando para essas críticas malucas e os absurdos que falavam sobre a cidade e da olimpíada meio incrédulo, meio sem entender. As pessoas adoram falar do jeitinho brasileiro que resolve tudo. Não tem jeitinho. Tudo foi muito planejado. É óbvio que tudo pode ter uma necessidade e aí o jeitinho brasileiro ajuda muito. Agora, tudo foi muito planejado. Não me surpreendeu. A questão da mobilidade, que é o enorme desafio, a gente sabia o que tinha mudado. Para mim não foi surpresa. O que me surpreendeu foi o exagero das criticas no período anterior.
P. Acha que o Governo interino aproveitou o evento para se beneficiar politicamente?
R. A olimpíada foi fruto de um trabalho de muitas mãos. Seria injusto não reconhecer o papel do presidente Lula, da presidente Dilma, do Cabral, do Pezão... O Michel Temer foi super colaborativo, entendeu a importância do evento. Quanto mais gente quer aparecer, mais feliz vou ficar. O presidente Temer ajudou muito. Esse recurso de 3 bilhões que deu para o governo do Estado foi mais dinheiro do que já tinha sido colocado até então.
P. A prefeitura está preparada para dar o aporte para a Paralimpíada, que hoje necessita de 200 milhões para ser realizada?
R. Já está tudo encaminhado. Vamos fazer uma bela Paralimpíada.
P. O senhor sempre destacou que a prefeitura tem uma situação fiscal confortável. Com o fim da olimpíada e dos grandes projetos, vai continuar sendo assim?
R. Temos uma gestão fiscal bem feita. Agora, não estamos numa ilha, estamos dentro Brasil. Se o Brasil está nessa recessão, óbvio que vamos sentir. Mas acho que já sobrevivemos ao momento mais difícil. A gente reduziu nossa dívida, temos folha de pessoal sob controle, custeio sob controle. É uma questão de competência e capacidade de gestão. A situação é mais confortável do que a que eu encontrei.
P. Depois da olimpíada já não haverá os três bilhões de reais para segurança pública que o Governo Federal disponibilizou e nem a mesma visibilidade internacional. Como o senhor, que já admitiu a possibilidade de se candidatar ao Governo do Estado, lidaria com essa questão?
R. Acho que a segurança melhorou muito ao longo dos últimos anos, mas ainda falta muito para cumprir. Essa melhora é possível de fazer, se tiver foco, trabalho e dedicação. Quero acreditar que o Governo do Estado vai continuar tocando um projeto de segurança pública sem enfrentar esses sobressaltos malucos como não pagar salários. Isso realmente não dá pra aceitar.
P. O Boulevard Olímpico da zona portuária foi um sucesso, mas muitos cariocas parecem preocupados sobre como vai ser depois dos Jogos, se o lugar vai continuar seguro. Qual plano a prefeitura tem para lugar?
R. Aquilo ali é uma orla que a cidade ganhou. Mais uma, como Copacabana ou Ipanema. O que dá segurança é a ocupação do povo. E já havia um monte de gente frequentando a zona portuária antes da Olimpíada. Isso não é um processo que começou ontem. A gente vai fazer o que já vinha fazendo. Vai ter artista de rua, food truck, restaurante funcionando...
Menino assiste da comunidade da Mangueira a queima de fogos da cerimônia de encerramento da Olimpíada no Maracanã.  AFP
P. O projeto original de reforma do porto possuía um plano de habitação popular, já que o centro concentra a maioria dos empregos formais do Rio. A prefeitura tem projetos para também habitar o lugar?
R. Esse é o principal objetivo. A gente tem um plano de habitação popular que exige muito ativismo estatal. E a gente quer que o mercado faça mais residência. Mas o mercado imobiliário brasileiro parou nos últimos dois anos da crise. Então o mercado retomando, metade dos Cepacs [títulos para financiar operações urbanas consorciadas que recuperam áreas degradadas nas cidades] obrigatoriamente vão para residência. Então nossa intenção é que o lugar também se consolide como polo de crescimento do mercado imobiliário brasileiro.
P. O esquema de BRT [corredores exclusivos de ônibus] montado para os Jogos recebeu elogios, mas os veículos que iam para as periferias estavam mais lotados que o normal em horário de pico. No terminal Alvorada, se dizia que a prefeitura tirou ônibus das linhas para usá-los na olimpíada. Teve esse remanejamento de veículos?
R. A gente comprou mais ônibus para as olimpíadas. O fato é que o sistema está muito carregado. Teve dia que o BRT carregou 850.000 pessoas. Um sistema que tem dois anos. E é o que eu sempre disse: não dá pra achar que você vai ter uma situação de normalidade e perfeição num evento dessa dimensão. As pessoas se locomovem, tem mais gente rua.
P. Uma pesquisa da FGV qualificou o legado da Olimpíada como positivo, mas também que o Rio precisa de um novo projeto de cidade para não decair. Que plano pode ser esse?
R. A gente fez um plano estratégico, o Rio 500, que foi preparado ao longo do ano passado inteiro. Ele foi lançado em março desse ano, dia de aniversario de 451 anos do Rio. E ali a gente olha esse papel que já era previsto anteriormente: o papel de cidade global, com uma indústria de entretenimento, de turismo, de pesquisa e desenvolvimento, de telecomunicação... As vocações naturais da cidade.

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