247 – Dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) articularam, em uma reunião realizada nesta quinta-feira 18 com o ex-presidente Lula, que haverá uma grande mobilização nacional no dia 29 de agosto, quando ocorrerá a votação final do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff no Senado.
"O cenário que temos no Senado é diferente do cenário na Câmara. Em abril, a opinião pública apoiava o golpe. Hoje, houve um entendimento de que o golpe aprofundou a crise política e econômica no Brasil", disse o presidente da CUT, Vagner Freitas, no encontro. "Não vamos nos calar. Iremos tomar as ruas de Brasília dia 29 de agosto, exigindo que os senadores não votem pelo golpe", reforçou.
A convocatória foi reforçada pela vice-presidente da entidade, Carmen Foro. "Aqui está quem cerrou fileiras nos últimos meses em defesa da democracia. O próximo período, companheiras e companheiros, será de guerra. Estou falando da guerra em defesa dos nossos direitos, que estão sendo atacados, e a guerra que será as eleições nos municípios", afirmou. A central sindical e outros movimentos organizaram recentemente diversos atos contra a retirada de direitos pelo governo interino.
Segundo informações da CUT, durante a reunião, realizada em Guarulhos (SP), Lula criticou a cobertura que um setor da imprensa faz do julgamento de impeachment.
"É inadmissível que a Dilma, presidenta da República, faça agendas pelo País e a imprensa ignore completamente. Eles estão deixando a Dilma anônima. Esse bloqueio é imposto pelos donos desses meios de comunicação, que são responsáveis pelo golpe. A internet é a única possibilidade que a gente tem de furar a grande mídia".
Para Lula, as medidas tomadas pelo governo interino provocaram problemas que não enfrentávamos "há muitos anos". "Nós voltamos a ter reajuste salarial abaixo da inflação. Nós voltamos a ver sindicatos fazendo acordos para preservar emprego", disse. O ex-presidente também falou da entrega do pré-sal para empresas estrangeiras, como defende o novo presidente da Petrobras e o governo Temer.
"Qualquer governante que ache que precisa vender o patrimônio público para superar a crise, não sabe governar. Agora, eles querem entregar o pré-sal. Logo o pré-sal, que é a maior descoberta de reserva de petróleo no século XXI. Vejam, o que os EUA fizeram assim que descobrimos o pré-sal? Eles colocaram em funcionamento a 4º Frota da Marinha no Atlântico. Desde então, eles estão de olho no petróleo e ficaram muito contrariados quando aprovamos a partilha", disse.
Por fim, Lula lembrou as conquistas da classe trabalhadora durante os governos petistas e enviou um recado "para as elites". "O País elegeu um metalúrgico e uma mulher para a presidência. Nossas medidas começaram a incomodar a parte de cima da sociedade, já que os de baixo subiram um degrau. Nosso recado para as elites é que gostamos do andar de cima e vamos lutar para continuar no andar de cima", disse.
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