Por Gisele Federicce, 247 – A cerca de um mês da votação final do processo de impeachment no Senado, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, se diz em seu momento de maior otimismo de que o resultado no Senado e, portanto, o afastamento da presidente Dilma Rousseff será revertido.
"A situação não é mais a mesma de um mês atrás. Evoluiu muito a tese da defesa da democracia, a tese de que se trata de um golpe. A população não quer golpe, a população não quer [Michel] Temer", enfatizou, em entrevista ao 247 por telefone. "Nunca tivemos tanta certeza, nunca estive tão otimista em relação a isso. Tenho certeza que ela vai voltar ao seu cargo e a democracia será restabelecida", completou.
Ele anunciou para agosto uma "retomada" das manifestações de rua contra o impeachment e contra a retirada de direitos dos trabalhadores pelo governo interino. Questionado se não houve um momento de paralisação dos protestos desde que Temer assumiu o Planalto, ele explicou que não há como "fazer uma manifestação atrás da outra, senão há um refluxo do movimento".
"Não dá para ter protesto o tempo inteiro, mas no mês do impeachment haverá muita manifestação", anunciou. Segundo ele, há atos articulados pela CUT marcados para os dias 5, 9 e 20 de agosto, sem contar a grande manifestação do dia 31 de julho, organizada pelo MTST. "Nós vamos derrotar o Temer, os golpistas, a corja da mídia tradicional, esse golpe horroroso. Não vamos permitir que isso aconteça", ressaltou. "Vamos tomar as ruas de vermelho".
Segundo Vagner Freitas, vem sendo feita uma articulação junto aos senadores indecisos em relação ao impeachment para que eles "não votem pelo golpe". Ele afirma ter "certeza" de que a presidente terá os seis votos necessários para a reversão de seu afastamento. "Nunca estive tão otimista quanto à nossa vitória. Os senadores [que votarem pelo impeachment] vão ter suas vidas manchadas politicamente como golpistas. Vamos fazer de tudo para isso", afirmou.
Greve geral
Segundo Vagner Freitas, está sendo construída ao mesmo tempo, entre as maiores centrais sindicais do País, uma greve geral contra a retirada de direitos pelo governo interino. Anúncios recentes de medidas como tempo maior para aposentadoria ou a reformulação da CLT foram motivos para que as centrais se unissem, inclusive as que não são de esquerda, como a UGT e a Força Sindical, de Paulinho da Força (SD).
"Essa unidade nos dá a possibilidade de lutar contra o golpe. Você fortalece a luta contra o golpe", analisou. "Estamos construindo a greve geral, ela nasce como uma reação dos trabalhadores ao que o patrão faz. Nesse momento estão mandando proposta para o Congresso que retira benefícios. O trabalhador vai para a rua, sim. A motivação da greve geral é a retirada de direitos. A greve se consolidará a partir disso, a partir da resistência", disse.
Sobre possibilidade de negociar com o governo interino, rechaçou com firmeza: "De maneira nenhuma, a CUT não negocia com golpista. Nós não reconhecemos golpista. Nós vamos derrubá-lo com a força do povo. O golpe não é contra Dilma, ela também foi um alvo, mas o golpe é contra os trabalhadores". "A gente vai negociar, sim, vai negociar com a presidenta Dilma, que vai voltar a exercer o mandato", acrescentou.
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