O envio do ministro das Relações Exteriores, José Serra, e do “embaixador” Fernando Henrique Cardoso ao Uruguai, para tentar impedir que a Venezuela assuma, pelo rodízio já muito antes previsto, a presidência do Mercosul é uma das maiores manifestações de sabujismo que se viu e uma ofensa às tradições de nossa diplomacia de jamais envolver-se em assuntos internos de nossos vizinhos.
Goste-se ou não do governo venezuelano, é um fato que ele foi eleito e é um fato que se está, neste momento, à beira da convocação do que eles têm lá como instrumento para afastar os eleitos: o referendo revogatório,que consiste num plebiscito pela continuidade ou não de um governo. O próprio Hugo Chávez submeteu-se a um deles, em 2004.
A ida de FHC no entanto, tem um efeito didático: mostra que é o governo Temer não tem um chanceler tucano, apenas. Mas que concedeu aos tucanos a capitania diplomática, que exercerão com exclusividade e autonomia.
Falta-lhes pouco para levar a mão ao peito ao ouvirem o The Star-Spangled Banner, o hino dos EUA.
Muito mais do que a presidência do Mercosul, o que está ficando definido é que temos chefias – a formal e a informal – de nossas relações diplomáticas entregues totalmente em agradar aos Estados Unidos e portarem-se como seus “embaixadores do big stick” no subcontinente sul-americano.
Talvez porque seja mesmo a ideia “matar a pau” a esquerda por estas terras.
Exclui-se, talvez, desta política as necessárias e muito mais promissoras relações com a China que, não por acaso, são afagadas pelo próprio presidente interino, que já anunciou sua ida, como mascate, àquela nação, talvez seu único gesto útil destes quase 60 dias de usurpação, embora sua diminuta figura talvez só configue aos chineses, espertos que só, a chance de ganhar muito por aqui, pagando bem pouco.
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