247 – O jornal Globo defende a venda de todas as subsidiarias da Petrobras, nĆ£o sĆ³ a BR Distribuidora: “Ć importante considerar-se que nĆ£o existe qualquer razĆ£o estratĆ©gica para o Estado ter o controle de uma distribuidora de combustĆveis. O mesmo vale para a Transpetro, sob a qual estĆ£o a frota de navios da empresa, terminais e dutos. Sua venda tambĆ©m nĆ£o colocarĆ” a pĆ”tria em risco, tampouco se o controle de todas as demais subsidiĆ”rias for vendido”.
Leia no editorial abaixo:
PrivatizaƧƵes precisam ir alƩm da BR
Inexiste qualquer razĆ£o estratĆ©gica pela qual o Estado deva controlar uma distribuidora de combustĆveis, tampouco as outras subsidiĆ”rias da Petrobras
Se uma pessoa fĆsica ou empresa enfrenta grave situaĆ§Ć£o financeira e nĆ£o tem mais condiƧƵes de se endividar, pƵe bens Ć venda. Mas o que Ć© simples fica complexo no caso da Petrobras, devido Ć carga emocional que grupos polĆticos criaram em torno dela, explorando a campanha nacionalista de sua criaĆ§Ć£o, na dĆ©cada de 50.
A questĆ£o foi em parte superada na gestĆ£o FH, quando o monopĆ³lio estatal do petrĆ³leo terminou sendo quebrado. Mas o dogma ressurgiu no perĆodo do lulopetismo, inclusive com a instituiĆ§Ć£o de um monopĆ³lio no prĆ©-sal, prestes a ser rompido para destravar os bilionĆ”rios investimentos requeridos por esta fronteira de exploraĆ§Ć£o, promissora, mas que exige muito dinheiro.
Com o maior endividamento corporativo do mundo — meio trilhĆ£o de reais —, a empresa tem de se capitalizar por meio da venda de ativos. Em portuguĆŖs claro, privatizaĆ§Ć£o — mas o termo Ć© evitado na estatal, por esse carĆ”ter quase religioso com que o controle da companhia pelo Tesouro Ć© tratado por certos grupos polĆticos.
A necessidade de vender ativos Ć© tĆ£o Ć³bvia que mesmo na administraĆ§Ć£o anterior, de Aldemir Bendine, nomeado pela presidente Dilma para retomar o controle de uma empresa devastada por uma mistura de corrupĆ§Ć£o e gestĆ£o incompetente, foi instituĆdo um programa de venda de participaƧƵes em subsidiĆ”rias. E atĆ© estabelecida, para este ano, a meta de se arrecadar US$ 14 bilhƵes com essas operaƧƵes, objetivo mantido pelo substituto de Bendine, Pedro Parente.
No governo petista, por ser um sacrilĆ©gio falar-se em privatizaƧƵes, o objetivo era vender participaƧƵes sem alienar o controle. DifĆcil, porque, depois das histĆ³rias relatadas na LavaJato, nenhum grupo privado tem grande interesse em ser sĆ³cio minoritĆ”rio da estatal. Pois o risco Ć© grande de pagar parte da conta de erros cometidos pela UniĆ£o na empresa.
A BR Distribuidora, lĆder no seu mercado, Ć© ativo ambicionado. E a Petrobras de Parente percebeu que a empresa teria de abrir mĆ£o do controle da distribuidora, para atrair interessados. Chame-se o negĆ³cio de privatizaĆ§Ć£o ou do que for.
A Petrobras manterĆ” 49% das aƧƵes de controle, venderĆ”, portanto, 51%, e, do total do capital da empresa, ficarĆ” com 60%. Espera-se que o negĆ³cio quebre o dogma da “privatizaĆ§Ć£o” no grupo Petrobras.
Ć importante considerar-se que nĆ£o existe qualquer razĆ£o estratĆ©gica para o Estado ter o controle de uma distribuidora de combustĆveis. Ela ganhou forƧa com o nacionalista Ernesto Geisel na presidĆŖncia da Petrobras, antes de assumir o Planalto. No inĆcio da dĆ©cada de 70, Geisel transferiu, na marra, postos que seriam da Shell no Aterro do Flamengo para a BR. NĆ£o estava em jogo a seguranƧa nacional. O mesmo vale para a Transpetro, sob a qual estĆ£o a frota de navios da empresa, terminais e dutos. Sua venda tambĆ©m nĆ£o colocarĆ” a pĆ”tria em risco, tampouco se o controle de todas as demais subsidiĆ”rias for vendido.
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