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GLOBO DESCOBRE QUE TEMER PROMETE AJUSTE, MAS PROMOVE GASTANÇA


247 – A política fiscal expansionista do interino Michel Temer, que ampliou o rombo das contas públicas para R$ 170 bilhões, concedendo aumentos para diversas categorias do funcionalismo, começa a incomodar as forças políticas que deram apoio ao golpe de 2016.
Isso porque, embora a crise fiscal tenha sido o argumento para afastar a presidente Dilma Rousseff, em pouco mais de dois meses no poder, Temer só fez agravar as condições fiscais da economia. A dívida pública, por exemplo, registrou, no mês passado, o maior crescimento da história (leia aqui) e a colunista Miriam Leitão, porta-voz da ortodoxia econômica, gritou que "o rei está nu", ao denunciar a gastança promovida por Temer (leia aqui).
Agora, o próprio jornal O Globo, no editorial Aumentar salários de servidores é incoerente, denuncia a incoerência fiscal do interino.
"O presidente interino Michel Temer conhece muito bem o descalabro fiscal em que se encontra o país", diz o texto. "Mas o próprio governo Temer tem agido em sentido contrário — eleva gastos, em vez de contê-los. E começa a criar suspeição sobre tetos muito elevados na previsão de déficits. Afinal, eles devem ser reduzidos por meio de corte de despesas e não mantidos, para acomodar a elevação de gastos numa crise de falta de dinheiro no Tesouro. Pior: e ainda com ameaças de que se as corretas propostas de mudanças não forem aprovadas, será aumentada a já escorchante carga tributária."
Com atraso, O Globo descobre que a farra fiscal vem sendo promovida pelo próprio Temer e não pode ser atribuída ao passado. "Aumentar despesas numa crise fiscal é um disparate. Mas, nesta leva de aumentos, o governo se defendeu com a explicação de que se tratavam de reajustes já negociadas na gestão Dilma", afirmam os editorialistas. "Mas, na semana passada, o Planalto anunciou que novos projetos de lei de reajustes serão enviados ao Congresso, desta vez para auditores fiscais da Receita — que chantageiam o governo com a ameaça de não lavrar multas — e agentes da Polícia Federal, entre outras categorias. A continuar assim, o Planalto dará razão a petistas que criticam as novas metas fiscais — para 2017, R$ 139 bilhões —, tachando-as de licença para a gastança."
O Globo toca ainda num outro ponto que estimula a gastança – a necessidade de compra de apoio parlamentar para consolidar o impeachment. "Não é fácil a posição do presidente interino. Precisa governar, porque a crise é grave, mas o ideal é que já tivesse a certeza da permanência no cargo até o final do mandato. Enquanto isso, tenta não contrariar senadores, os juízes do julgamento de Dilma, e, pelo visto, corporações, cuja média de salários é a mais elevada do país e ainda têm estabilidade no emprego. Um mundo à parte no Brasil. O risco, porém, é, ao tentar satisfazer a todos, Temer inviabilizar seu possível governo até 31 de dezembro de 2018."
Aos poucos, a elite brasileira começa a se dar conta de que, em vez de patrocinar um golpe, deveria ter apoiado a presidente Dilma Rousseff em suas propostas de ajuste apresentadas no início do segundo mandato.

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