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PF investiga senador Ronaldo Caiado após denúncia cifrada




Tramita, sob alto sigilo, na Polícia Federal (PF) a denúncia de que o senador por Goiás Ronaldo Caiado seria dono oculto de empresa que internaliza recursos remetidos por brasileiros na Austrália


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Alvo de uma série de denúncias, nos últimos dias, o senador goiano Ronaldo Caiado (DEM) — líder da extrema direita no Congresso — está na alça de mira do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Nota divulgada pelo ex-senador Demóstenes Torres, disseminada pela mídia nesta sexta-feira, soma-se às suspeitas de que Caiado teria recebido recursos ilícitos de um esquema de lavagem de dinheiro que passa por empresas em Londres e Sydney, na Austrália.

Tramita, sob alto sigilo, na Polícia Federal a denúncia de que o senador por Goiás seria dono oculto de empresa que internaliza recursos remetidos por brasileiros na Austrália às famílias, a maioria delas residente em Goiás. O possível vazamento dessa informação para Torres seria a base da ameaça cifrada, aberta nesta manhã:
“Essa madrugada fez Ronaldo perder a voz, mas o decorrer dos dias próximos o fará perder o mandato”, disse Torres. “A partir de agora a Justiça vai resolver a minha situação e a dele. Reafirmo tudo o que disse. A minha agonia está no fim e a de Ronaldo Caiado apenas se iniciando. Tenho dito”, acrescentou o ex-senador.
Leia a nota de Demóstenes Torres:
“Ronaldo Caiado, à míngua de qualquer argumento, partiu para a adjetivação. Deu uma sapituca, reconheceu quase todos os fatos que apresentei, tentando lhes dar um ar de normalidade. Traz apenas três pontos novos e inverídicos: que eu tenha chorado perante ele e dispensado sua lealdade; que tenha Eurípedes Barsanulfo contido o então diretor-Geral da Polícia Civil, Marcos Martins, em uma suposta invasão do meu gabinete na Secretaria de Segurança Pública; e que o meu suplente de senador José Eduardo Fleury tenha tentado me chantagear.
“Quanto ao primeiro, ninguém jamais me verá nessas condições. Além do quê, Caiado acredita que o sentimento de lealdade é apenas uma doença de cachorro. No segundo, ainda que fosse verdade, o que nego, nunca pedi para que comprassem minhas brigas. Sempre fui homem o suficiente para enfrentar os meus próprios desafios. O terceiro é apenas mais uma da safra caiadista de invencionices. José Eduardo Fleury foi um suplente honesto e dedicado, a quem sempre respeitei.
“O senador comete um ato falho. Eu jamais disse que Agripino Maia teve qualquer esquema com o Detran. Ou teve, Caiado? Sua mitomania atravessa todas as frases e se consubstancia na afirmação de que os integrantes da CPI ouviram 250 mil horas de gravações e o inocentaram. Isso seria o equivalente a passar mais de 28 anos ouvindo, 24 horas por dia, todos os grampos da Operação Monte Carlo. É apenas mais uma fantasia construída para dar ar de veracidade à personagem que o senador canastrão representa.
“Essa madrugada fez Ronaldo perder a voz, mas o decorrer dos dias próximos o fará perder o mandato. Não adianta grunhir porque se gritaria resultasse em algo, os porcos não morreriam daquela forma. E repito: comigo é nos termos que já propus, exceto em uma disputa intelectual, porque cérebro Caiado não possui. Aguarde. Quem viver, verá.
“A partir de agora a Justiça vai resolver a minha situação e a dele. Reafirmo tudo o que disse. A minha agonia está no fim e a de Ronaldo Caiado apenas se iniciando. Tenho dito”.

Caiado x Demóstenes: briga antiga

Demóstenes Torres, logo após a perda do mandato em 2011, no Senado, acusou o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado por associação ao contraventor Carlos Cachoeira nas campanhas que disputou à Câmara Federal nos anos de 2002, 2006 e 2010. Segundo Demóstenes, as digitais da contravenção seriam facilmente identificadas com uma investigação nas contas de material gráfico, de transporte aéreo e de gastos com pessoal.
Caiado refutou as acusações, mas não impediu que Torres seguisse com as denúncias. O ex-senador contou que Caiado era amigo de Cachoeira e médico do filho do contraventor, que recorre de uma condenação de primeira instância a mais de 39 anos de prisão pela Operação Monte Carlo da PF, deflagrada em 2012, e que resultou na cassação de Demóstenes e na CPI do Cachoeira, que não obteve resultados concretos.
— Ronaldo, fazia sim, parte da rede de amigos de Carlos Cachoeira, era, inclusive, médico de seu filho. Mas não era só de amizade que se nutria Ronaldo Caiado, peguem as contas de seus gastos gráficos, aéreos e de pessoal, notadamente nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, que qualquer um verá as impressões digitais do anjo caído. Siga o dinheiro — recomenda Torres.
Investigadores da PF seguiram o conselho de Demóstenes e teriam chegado à capital australiana, segundo informou uma fonte à reportagem do Correio do Brasil, residente em Sydney, acerca do possível envolvimento do senador em um esquema gigantesco de lavagem de dinheiro. Demóstenes também citou, em um pronunciamento no ano passado, um suposto “esquema goiano” que teria financiado a campanha do presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), e outros integrantes da chapa, que elegeu ao governo potiguar a então senadora Rosalba Ciarlini.
— Caiado não ousou me defender, me traiu, mas, em relação a Agripino Maia, figura pouquíssimo republicana, disse que ele merece o benefício da dúvida. Poucos sabem, mas o político potiguar e seus companheiros de chapa em 2010 foram beneficiados pelo ‘esquema goiano’, com intermediação de Ronaldo Caiado — disse Demóstenes.
E fez outras ameaças:
— Me deixe em paz, senador. Continue despontando para o anonimato. É o seu destino. Não me move mais interesses políticos. Considero vermes iguais a você Marconi Perillo e Iris Rezende. Toque sua vida, se fizer troça comigo novamente não o pouparei. Continue fingindo que é inocente e lembre-se que não está na sarjeta porque eu não tenho vocação para delator — concluiu.

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