Um
dos equívocos dos petistas e da defesa de Dilma foi afirmar que Eduardo Cunha
deflagrou o impeachment por vingança no momento em que o PT se recusou a ficar
ao seu lado no julgamento de cassação que ele enfrenta no conselho de ética.
O
motivo principal, e que está cada vez mais claro, não foi vingança, mas sim uma
clara e desesperada tentativa de se proteger e proteger a cúpula peemedebista
do furor da Lava Jato. Por esse motivo ele se transformou no homem mais
poderoso e mais temido de Brasília.
A
conspiração contra Dilma conseguiu a adesão majoritária da Câmara e do Senado
porque a promessa que foi oferecida a deputados e senadores é que derrubado o
seu governo e empossado o de Temer haveria chance de todos escaparem da Lava
Jato. Por menor que fosse, seria a última. Continuar com Dilma no poder seria
caminhar para a guilhotina.
O
início do processo de cassação de Cunha coincide com o início do processo de
impeachment. De lá para cá, Dilma foi afastada a toque de caixa de suas funções,
pela Câmara e pelo Senado, e foi confinada numa "prisão dourada"
chamada Palácio da Alvorada, mas a cassação de Cunha ainda nem foi votada.
O
estranho poder de resistência de Cunha se explica porque o mesmo conluio que
derrubou Dilma dá sustentação a ele.
Nem
o afastamento de suas funções como deputado e como presidente da Câmara,
determinado pelo STF foi suficiente para diminuir o ímpeto do apoio a Cunha por
uma razão evidente e não é por gratidão a ele, mas por medo.
Seus
apoiadores, a começar do presidente interino, têm mais medo dele do que do STF.
Preferem correr o risco de acobertar aquele que Janot chamou de
"delinquente" do que abandoná-lo à própria sorte. Isso porque, tal
como derrubou o governo Dilma ele pode derrubar a Câmara, o Senado e o governo
provisório.
Todos
que o sustentam, liderados pela cúpula do PMDB vivem o dia a dia na ilusão de
que, enquanto o mantêm em sua residência oficial de Brasília, onde desfruta de
mordomia de 500 mil reais por mês em serviçais e serviços e, portanto, longe de
Curitiba, ficam mais distantes do pesadelo que tomará conta de todos quando for
decretada sua cassação e, em consequência, a sua prisão, preventiva ou
provisória.
Não
é só ele quem luta com todas as forças para não ser cassado, há oito meses, mas
todos aqueles cujos nomes circulam em várias listas de beneficiários do esquema
sujo criado dentro da Petrobrás porque sabem que, enquanto o apoiam não correm
perigo, mas, no momento em que ele perder sua última batalha, no momento de sua
batalha de Waterloo, todos perderão.
Eles
fazem de tudo para salvá-lo porque sabem que não serão salvos por ele se ele
for transferido para Curitiba. Serão, isto sim, seus alvos.
Fazem
de tudo para salvá-lo porque sabem que ele não terá nenhum escrúpulo em contar
tudo o que sabe a respeito deles para abater a sua pena.
Toda
a Brasília sabe que Cunha é o verdadeiro homem-bomba prestes a explodir. As
explosivas gravações e as delações de Sérgio Machado e de seus filhos vão
parecer brincadeira de criança quando, por hipótese, Cunha estiver atrás das
grades e, para livrar a sua cara vai apontar todas as caras e mãos sujas de
petróleo que até agora lhe prestam reverência.
O
divisor de águas será o dia da sua cassação. Rápido no gatilho como é, é bem
provável que se antecipe ao pedido de prisão – como fez Sérgio Machado - e
resolva se transformar no maior delator premiado da história da Lava Jato. E
começar a contar a verdadeira história do impeachment.
E
então Brasília vai tremer.
Fonte:
brasil247
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