Não consegui contato com Carlos Eduardo Gabas, ex-ministro da Previdência, pessoa com quem tenho relações de amizade e de quem sou testemunha do comportamento austero e intolerante com corrupção nas funções que dividimos, como membros do Conselho Fiscal do Sesc, em 2012/2013, quando lá representei o Ministério do Trabalho.
De qualquer forma, neste período obscuro da história brasileira onde as pessoas são culpadas até por um “ouvi dizer”, não me furto a reproduzir as suas declarações ao Estadão, depois de ter sua casa vasculhada. Gabas, como qualquer pessoa, deve responder por seus atos, mas para responder é preciso ser perguntado, e não o foi. Parte-se logo para a invasão de uma casa.
Não tenho negócios, nem nunca tive com Gabas ou com órgãos que ele dirigisse. Muito menos o blog, todos viram, teve qualquer publicidade do governo federal, que me levasse à gratidão ou a qualquer cumplicidade Mas não refugo diante do dever de protestar com um tipo de ação policial-judicial que expõe as pessoas à execração pública.
‘Não tenho absolutamente nada a ver e
quero que se esclareça isso’, diz Carlos Gabas
Alvo de buscas da Polícia Federal em sua residência nesta quinta-feira, 23, na Operação Custo Brasil, o ex-ministro Carlos Gabas afirmou nesta manhã que considera importante que as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público avancem, mas disse que não tem relação nenhuma com as investigações de hoje e que, inclusive, já acionou sua advogada para ir à PF prestar depoimento sobre o caso.
“Não tenho absolutamente nada a ver e quero esclarecer isso”, disse Gabas que foi ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC) do Governo Dilma, ministro da Previdência Social e já ocupou o cargo de secretário especial da Previdência Social depois que a Pasta foi unida ao ministério do Trabalho.
Segundo o ex-ministro, o Ministério da Previdência durante a sua gestão não teve nenhum relacionamento com a Consist. A empresa teria pago propinas após vencer uma licitação do Ministério do Planejamento para prestar serviços de informática no âmbito do acordo técnico entre o Ministério do Planejamento e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e o Sindicato das Entidades Abertas de Previdência Privada (SINAPP) para gestão de margem consignável em folha de pagamento dos servidores públicos federais.
A citação a Gabas foi feita pelo ex-vereador petista preso na Lava Jato e delator Alexandre Romano, conhecido como Chambinho e um dos responsáveis pelo esquema de propinas no Planejamento. Segundo Chambinho, Gabas teria recebido propina acertada com o PT cobrada da Consist. O negócioteria como principal beneficiados o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicação), preso nesta manhã, e sua mulher a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Segundo o delator, o ex-ministro teria se beneficiado do esquema a partir de 2012 porque, segundo Chambinho, na renovação do acordo de cooperação que tinha a Consist como beneficiária no Ministério do Planejamento, o secretário executivo adjunto da pasta Valter Correia “colaborou”. A partir daí, a JD2, uma das empresas utilizadas para fazer o repasse da propina, “iria receber 50% do valor de 1/3 que era dedicado ao Ministro do Planejamento Paulo Bernardo”.
O delator diz ter ouvido do sócio da JD2 que o valor era dividido entre Gabas, Valter Correia e uma terceira pessoa. A propina foi paga nessa proporção até janeiro de 2015, quando aumentou a participação da JD2. “Ficando esta estabelecida no valor de R$ 300 mil.”
O ex-ministro rechaça as afirmações do delator, disse que elas são baseadas apenas no que Chambinho disse ter ouvido de outra pessoa. “Eu quero que esclareça, eu quero ir lá prestar depoimento”, afirmou.
Tomei a liberdade de sublinhar os “teria”da narrativa.
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