247 - As manifestações que pedem a saída do presidente provisório Michel Temer e a manutenção de direitos já estão ocorrendo em cinco estados brasileiros. Os atos, organizados pela frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, se iniciaram na manhã desta sexta-feira, 10, e acontecem até o momento no Paraná, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas e Mato Grosso do Sul. Estão programadas manifestações em 23 estados.
Em Maceió (AL), os manifestantes se concentraram na Praça do Centenário, no bairro do Farol, em Maceió, e saíram em caminhada até o Centro. O protesto foi encerrado por volta das 13h sem registro de confrontos. De acordo com a organização, cerca de 3,5 mil pessoas participam do ato. A Polícia Militar (PM) registrou a presença de mil pessoas.
Em Campo Grande (MS), um boneco batizado de "Michel Terror" foi carregado à frente da caminhada que percorreu as principais ruas da capital. A organização fala em 5 mil pessoas participando do ato.
Já na Paraíba, manifestantes interditaram ruas de Campina Grande para pedir a saída de Temer e contra mudanças na previdência. Segundo a organização, 1 mil pessoas participaram do ato.
No Paraná, o Movimento dos Sem Terra bloqueou ruas, protestou em frente a agência do INSS e junto à Refinaria Getúlio Vargas, da Petrobras, em Araucária. Cerca de 1,2 mil pessoas participam dos protestos.
Enquanto em Mossoró (RN), integrantes do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro/RN) interditaram pela manhã o trecho do Km 46 da BR-304, em Mossoró, no Oeste potiguar. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, cerca de 200 manifestantes participaram do ato.
Leia reportagem da Agência Brasil sobre o protesto no Rio de Janeiro:
Rio tem ato em defesa da democracia e contra governo Temer
Um abraço simbólico no castelo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sede da instituição, no Rio de Janeiro, marcou hoje (10) um ato em defesa da democracia no país. Com faixas e cartazes contra o governo interino de Michel Temer, contra o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, o que para muitos foi um golpe, e em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), a manifestação reuniu cerca de 500 pessoas, entre servidores, estudantes e terceirizados, segundo os organizadores.
Vinculada ao Ministério da Saúde, a Fiocruz reúne especialistas de referência na América Latina na área de saúde coletiva. Oferece cursos para formar profissionais de excelência e investe em alta tecnologia, na fabricação de remédios e de vacinas, por exemplo.
De acordo com o historiador e pesquisador da Fiocruz Carlos Fidelis Ponte, que participou do ato, as mais recentes declarações de autoridades do governo interino sinalizam para perdas de direitos sociais, em especial o SUS.
Radicalização
"As propostas são radicais. Mexem na estrutura econômica de atenção à saúde e abrem setores-chave da economia, como o pré-sal e o financiamento de programas sociais à iniciativa privada. Achamos que tem impacto muito grande e podem atingir gerações. Não deveriam se propostas por um governo interino que tem um mês", disse.
Os servidores da Fiocruz também temem pela autonomia da instituição em relação ao governo federal. Lembram da exoneração do presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Ricardo Melo, por Michel Temer, em pleno mandato legal, em maio. Medidas como essa, na opinião de Carlos Fidelis, ameaçam a tradição de eleições internas para presidência da fundação, quando sai uma lista tríplice com nomes de servidores para presidir a Fiocruz. O mais votado tem sido respeitado pela Presidência da República e conduzido ao cargo.
O ato na Fiocruz ocorre simultaneamente a uma série de manifestações de servidores públicos federais contra o governo interino, ao longo do dia, no centro do Rio. No Largo da Carioca, 15 sindicatos estão reunidos contra a reforma da Previdência e contra o projeto de lei que prevê congelamento de salários e desligamento de servidores visando o corte de gastos públicos.
IBGE
Denunciando conflito de interesse na nomeação do novo presidente do órgão, o economista Paulo Rabello de Castro, os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), protestam agora à tarde. É a primeira vez em 13 anos que uma pessoa de fora do quadro da empresa assume a direção. Os servidores públicos querem eleição interna para o cargo.
"O indicado, amigo do presidente interino, é vinculado a interesses privados, em especial do mercado de capitais, sendo diretor-presidente da SR Rating e fundador da RC Consultores. São credenciais absolutamente incompatíveis para um cargo de direção no IBGE", afirma a nota da instituição, lamentando a maneira como Wasmália Bivar foi retirada do cargo.
O IBGE é o órgão do governo responsável que apura a inflação oficial e a situação socioeconômica da população. Produz cerca de 220 documentos usados para balizar políticas públicas, desde o cálculo do fator previdenciário ao Produto Interno Bruto.
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