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Aproveitem o baile. Depois de setembro, a carruagem vira abóbora POR FERNANDO BRITO


Na Folha, hoje:
“Em busca de melhorar o ambiente econômico antes do julgamento final do impeachment, o presidente interino, Michel Temer, encomendou à equipe medidas econômicas que lancem uma agenda positiva em 15 dias” (…)Temer avalia que precisa melhorar a confiança na economia para consolidar sua posição no governo e evitar surpresas no julgamento do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.”
Dá para notar como é tratada a questão econômica, como um  apêndice da conveniência política de confirmar-se no poder usurpado?
Engane-se quem quiser. Estamos vendo – malgrado a sua performance blasé e cínica – o  Dr. Jekyll, embora volta e meia lhe transpareçam os esgares de Mr Hyde.
Hoje, no Estadão, o indispensável José Roberto de Toledo crava a verdade que o nosso jornalismo econômico “de resultados”  finge não ver.
Governos fortes podem cortar primeiro e negociar depois. Governos frágeis gastam por conta para tentar angariar as fichas que lhes faltam. No caso de Temer, não se trata nem de um governo, mas de uma ponte, um remendo até quando o impeachment chegar. Os aumentos bilionários são para tentar garantir que ele deixe de assinar no Diário Oficial da União como “vice-presidente no exercício da Presidência da República”. É o preço do fim da interinidade.
Tudo indica que – do ponto de vista do PMDB – o investimento vai se pagar. Os senadores que não declaram seus votos sobre o destino de Dilma Rousseff não recusam convite para encontrar com Temer. É só uma questão de chegar a um denominador comum. O problema é o prazo. Quanto mais demora, mais cara fica a interinidade e o seu fim. Já aumentou pelo menos uma semana, e sabe-se agora que não terminará antes de 9 de agosto.
Como consequência, a única medida real de contenção de gastos públicos proposta pelo governo do PMDB por enquanto – a emenda constitucional que impõe um teto anual cada vez mais baixo para as despesas – não deve ir a voto no Congresso em menos de 90 dias, na hipótese mais otimista. O mais provável é que demore mais de 120 e só seja votada depois das eleições de outubro. Até lá, deputados, senadores, governadores, prefeitos e burocratas sabem que quem berrar mais alto sugará mais.
O Brasil assiste ao que lhe é vendido como o último baile fiscal. Enquanto isso, quem pode se empanturra o quanto dá. Depois que a orquestra parar, prometem Temer e Henrique Meirelles ao mercado, a música será outra. Advinha quem vai dançar.
Aí só teremos o Mr. Hyde.

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