Os
áudios do novo homem-bomba de Brasília, Sergio Machado, ex-presidente da
Transpetro, revelam o fator psicológico que hoje move a classe política em
Brasília. Há, em praticamente todos os atores relevantes, uma preocupação
central, que é preservar o próprio pescoço. Para salvar o seu, Machado tratou
de comprometer seus padrinhos no PMDB e também políticos da oposição em suas
gravações que começaram a vazar nos últimos dias.
De
todos os alvos, o mais explícito foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que falou
da necessidade de “estancar a sangria”, referindo-se claramente à Operação Lava
Jato. Sua fala fortalece a tese de que a presidente afastada Dilma Rousseff
caiu porque não conseguiu oferecer proteção à oligarquia política que manda no
País. O ponto é que, depois dos áudios de Machado, o presidente interino Michel
Temer, mesmo que queira, terá pouca margem de manobra para “estancar essa
sangria”.
Esse
cenário de incerteza, quando o Brasil se vê a pouco mais de dois meses de
sediar a Rio 2016, amplia a crise política e mantém a paralisia econômica. Como
Temer ainda é interino, reformas estruturais, como a da Previdência, já foram
adiadas. E como os grampos agora atingem o PMDB, Dilma e seus aliados ainda
tentam virar votos no Senado, alegando que houve desvio de finalidade no
processo de impeachment.
O
ponto central é que o Brasil, depois da votação de 12 de maio no Senado, ainda
não se estabilizou. E nada indica que o terremoto esteja perto do fim. Nesse
ambiente incerto, volta a ganhar corpo a tese de que só novas eleições
colocariam o País de volta nos trilhos. Mas de nada adianta pensar em novas
eleições se, antes, não houver um pacto político sobre qual será o modelo de
governabilidade. O presidencialismo de coalizão, em que o Executivo é
extorquido pelo Legislativo em troca de apoio parlamentar, foi implodido.
Enquanto
praticamente todos os políticos pensam apenas na sua salvação individual, o
Brasil desmorona e corre o risco de chegar àquele que seria seu grande evento,
a Rio 2016, numa vergonhosa convulsão social.
Fonte:
brasil247
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