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ENTREVISTA DE DELCÍDIO PODE ANULAR DENÚNCIA CONTRA LULA

Por Patricia Faermann
Jornal GGN - Cassado por unanimidade entre os pares, ao tentar obstruir a investigação da Operação Lava Jato com um plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Delcídio do Amaral agora afirma que "tentou alertar várias vezes" a presidente afastada Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula das consequências de o Planalto não brecar as investigações da PF e do MPF.

Assim, o parlamentar cassado coloca em xeque o depoimento que prestou à Procuradoria-Geral da República (PGR) e que supostamente baseia toda a denúncia contra o ex-presidente Lula, acusando-o de se reunir com o chefe de gabinete Diogo Ferreira, José Carlos Bumlai e o filho Maurício Bumlai para comprar o silêncio de Cerveró por R$ 250 mil.

Se aquela denúncia, por um lado, afirma que o ex-presidente se encontrou com o parlamentar e outros investigados para obstruir a Lava Jato, por outro, agora Delcídio contraria-se, anunciando que tanto Dilma quanto Lula foram "alertados" pelo senador, que negaram, decidindo "deixar [as investigações] assim", na "estratégia" de que a presidente, ao final, "sairia fortalecida do processo". 

Essa afirmação que não consta nos autos de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, é parte de uma entrevista concedida por Delcídio do Amaral, nesta quinta-feira (19), à Rádio Gaúcha. 

"Eu alertei várias vezes. Não só a presidente Dilma, mas ministros e o próprio Lula. Mas a estratégia era deixar as coisas assim. Conselheiros próximos a Dilma entenderam que ela sairia fortalecida do processo, o que foi um erro grosseiro. Isso chegou ao Planalto e contaminou definitivamente a gestão da presidente", disse Delcídio.

O que o parlamentar classifica como "estratégia" por parte do governo de deixar que as investigações da Lava Jato prosseguissem, partiu, segundo Delcídio, do ministro Aloizio Mercadante e de José Eduardo Cardozo - duas das figuras mais próximas da presidente afastada e que saberiam avaliar o risco de não brecar a Lava Jato, se Dilma e Lula estivessem realmente envolvidos no esquema.

"Eles [Mercadante, Cardozo e Dilma] subestimaram o processo e tiveram uma visão equivocada da gravidade do problema. Quando reagiram, já era tarde demais", interpretou o senador.

Após as declarações, Delcídio novamente entra em contradição ao admitir que "a presidente Dilma é uma pessoa decente" e que "na verdade, ela herdou esse processo sistêmico, que já existia". "Acho que o que aconteceu é que ela não se envolvia diretamente, mas tinha conhecimento de como as coisas aconteciam", completou, por fim, sem conseguir passar certezas dos fatos, mas assumindo parcialmente a inocência da presidente.

Mas ao fim da entrevista, o senador retoma o tom e volta a afirmar que Lula foi quem o incluiu no "papel" de comprar o silêncio de Nestor Cerveró. "São aqueles erros que você comente que trazem consequências. Estou pagando muito caro por isso. Jamais poderia ter aceito um papel como esse", disse.

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