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Economista explica que discurso do rombo de Dilma é para cortar salários e programas sociais

Fabio Graner, jornalista

Temer fala em rombo, interessante notar que até dois meses e meio atrás fazia parte do governo, com vice presidência e mais de 7 ministérios formulando até a política econômica do governo Dilma

O discurso foi de realismo e transparência de que tem que lidar com uma herança fiscal negativa. Mas o "fato concreto" é que a nova equipe econômica anunciou uma forte expansão fiscal de curto prazo, com múltiplos objetivos políticos e econômicos.

Aproveitando-se da lua de mel que vive com o mercado financeiro e de sua fama de fiscalista, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, jogou o ajuste fiscal pra frente. Ao invés de elevar o contingenciamento, como mandaria a cartilha ortodoxa, o governo interino o reduziu à metade, além de dizer que haverá uma frustração de receitas bem maior do que se estimava.

É claro que a forte rigidez orçamentária dificultaria um maior corte de gastos no curto prazo, mas, efetivamente, ainda que o discurso passe longe disso, a nova equipe econômica seguiu a cartilha keynesiana que já vinha sendo praticada nos últimos meses. Assim, parece apostar no gasto público para tentar conter no curtíssimo prazo a trajetória negativa da economia.

Meirelles, Romero Jucá e companhia sabem que se há um momento que permite fazer uma expansão fiscal é agora. Simplesmente porque podem jogar a culpa no governo afastado e ao mesmo tempo injetar dinheiro rápido na economia, pagar investimentos, emendas parlamentares e agradar os ministros políticos (incluindo o presidenciável tucano José Serra).

Além disso, evitam atritos políticos no curto prazo para o presidente interino, Michel Temer, que já teve sérias dificuldades com a cosmética redução de ministérios e que ainda depende do Senado para continuar no poder. Afinal, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff ainda levará algum tempo para ser concluído. Assim, esse movimento expansionista deve ser temporário.

Ao anunciar o rombo fiscal de R$ 170,5 bilhões, Meirelles e companhia acabam reforçando o poderio do discurso sobre a necessidade de se tomar medidas duras para controlar o gasto público, voltar a gerar superavits primários (a economia para pagamento de juros da dívida) e reverter a escalada do endividamento.

Tenta, assim, dar mais senso de urgência para as propostas de reformas, como a da Previdência e do aumento da desvinculação das receitas da União, e coloca ainda mais provável o cenário de elevação da carga de impostos para reequilibrar as contas públicas a partir do ano que vem.

No final das contas, prevaleceu o pragmatismo que se espera de um governo peemedebista. Meirelles, um ortodoxo com visão e intenções políticas, partiu para uma ação que pode soar mal para alguém com seu perfil, mas que na prática faz sentido dado o ambiente econômico e político no Brasil.

Provavelmente a escolha pragmática deve gerar algum muxoxo no mercado financeiro e dar ao Banco Central uma desculpa adicional para segurar o juro alto por mais tempo, que já está pressionado pelas recentes surpresas negativas da inflação. Agora é esperar as cenas dos próximos capítulos.


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