Depois
do primeiro texto que escrevi, ainda à noite, a Folha publicou novos trechos da
entrevista de Dilma Rousseff à repórter Monica Bergamo. Neles, ela fala de seu
comportamento político e do pouco que já foi divulgado em matéria de política
econômica pelo governo Temer.
De
novo, as frases são duras, diretas cortantes, mostrando uma Dilma disposta ao
combate:
Eu
fui fiadora da democracia. Não tive a menor tentação de reprimir ninguém em
2013 [durante as manifestações].
Nunca
bati na mesa dizendo que eu sei tratar com bandido. Eu não sei tratar com
bandido. Eu sei tratar direitinho com movimento social. Ele, a gente respeita.
Sou,
portanto, a favor da liberdade de imprensa. Agora, o Brasil tem um problema,
sim. Não é possível essa concentração [da mídia]. Estamos falando de regulação
econômica, de restrição [à concentração], porque isso levará a uma maior
democratização. É inexorável. Não é possível ter o controle oligopolista da
mídia. Só isso.
Ela
criticou a ideia de obter equilíbrio orçamentário acabando com as vinculações
e, por consequência, reduzindo os desembolsos com a área social, especialmente
Saúde e Educação:
Não
sei se é dele (Henrique Meirelles)essa ideia de propor o orçamento base zero
[que só cresce de acordo com a inflação do ano anterior]. Mas não é possível
num país como o nosso, não ter um investimento pesado em educação. Sem isso, o
Brasil não tem futuro, não. Abrir mão de investimento nessa área, sob qualquer
circunstância, é colocar o Brasil de volta no passado. É um absurdo.
Nós
passamos um ano terrível em 2015 e fizemos todo o esforço para não ter corte em
programa social. Nós assumimos [a proposta de se recriar] a CPMF, sem pudor.
Nós
nunca entramos nessa do pato [símbolo criado pela Fiesp para protestar contra
aumento de impostos]. Aliás, o pato tá calado, sumido. O pato tá impactado. Nós
vamos pagar o pato do pato, é?
Porque
quem paga o pato, quando não se tem imposto num país, é a população. Vai ter
corte na saúde. Já falaram em acabar com o Mais Médicos, já falaram que o SUS
não cabe no orçamento. Depois voltaram atrás.
Os
que são chamados de coxinhas acreditam que o Bolsa Família é uma esmola. Não é.
Ele tem efeito enorme sobre as crianças.
Entre
fazer isso [cortes em área sociais] e criar um imposto, cria um imposto! Para
com essa história de não criar a CPMF. Só não destrói a educação e a saúde. Não
tira as crianças da sala de aula. É essa a discussão que precisa ser feita e
não uma discussão genérica sobre o pato.
Dilma
dá os primeiros passos para o que será, queira-se ou não, o decisivo daqui a
quatro meses: a comparação.
Fonte:
tijolaco
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