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CRIME DE ESTUPRO: Até quando julgaremos as vítimas? - Por Elder Pereira



Eu poderia começar este pequeno artigo dizendo os velhos chavões que estamos acostumados a ler e a ouvir nas redes sociais: "poderia ser sua filha, sua irmã, uma tia, sua mulher, uma parente, etc..."

Mas não, isso todo mundo já sabe e tem consciência do poder dessas palavras. Sim, pode mesmo acontecer, ninguém está imune ou livre de ser vítima de um crime bárbaro como é o estupro, sexo forçado, violência sexual e muitas vezes doméstica, não duvidem disso...

É difícil lidar com os comentaristas da internet.

Nas últimas horas tenho visto todo o tipo de comentário sobre o recente estupro sofrido pela Beatriz, 17 anos, no Rio de Janeiro e, por mais incrível que possa parecer, muitos dos comentários (femininos), o que é lamentável, tenta a todo custo justificar a violência sofrida por essa jovem mulher. 

Mas o que é que está acontecendo com a humanidade? O que está acontecendo com a irmandade que deveria haver entre nós?

Nada justifica o estupro...

Ao ler os comentários justificando o estupro coletivo sofrido pela jovem Beatriz, seria o caso de se dizer: não penso, logo relincho? Peguei pesado caros leitores? Se sim, que me perdoem minha sinceridade, costumamos neste Blog ser democráticos até conosco mesmo, isso se chama democracia, respeito a constituição que nos dar esse direito de dizermos o que pensamos, o que não pode é ficar no anonimato.

Quando o caso de estupro acontece com uma "mulher direita", segundo os padrões da sociedade, a tendência é culpar, sem demora, o estuprador, já notaram isso? Não raro, quando isso acontece, aparecerem linchadores virtuais querendo acabar com a vida do meliante com as próprias mãos, senão, com os próprios dedos através de comentários e mais comentários incitando ao ato criminoso, também...

Entretanto, quando o caso ocorre com uma "mulher qualquer", segundo também os próprios padrões dessa sociedade podre e adormecida em seus preconceitos, a coisa muda de figura. A coisa é culpa dela, "deu mole", "quem manda se vestir assim?", "também olha aonde a mesma vive", "ela procurou", que lástima isso caros leitores.

O fato é que existe, por mais que se queira negar, um Tribunal da Internet, os juízes e acusadores se avolumam cada vez mais na ânsia de condenar quem quer que seja sem lhes dar a menor chance de defesa. Quando a vítima consegue se defender, apresentar a sua versão dos fatos que fora vítima, seu nome já estará enlameado até a altura da canela.

Deveríamos sentir vergonha de sermos assim afinal, se trata de um ser humano, nosso próximo, não é legal condená-la sem dor e nem piedade como se fosse um cão sarnento condenado ao isolamento virtual, ao linchamento virtual. Alguém já parou pra pensar o que sente uma vítima de estupro? Deveria...

Dar pra se imaginar a dor de uma mãe ao tomar conhecimento de um crime desse contra sua filha?

A misoginia e a violência contra as mulheres cresceu de forma tão assustadora em nosso país que até se criou uma Lei, a Lei Maria da Penha que poucas vítimas tem conhecimento até porque só consultam quando precisam e os governos não fazem tanto ou quanto deveriam em relação a isso.

Portanto, quando decidir condenar uma vítima de violência sexual ou doméstica, coloque suas barbas de molho, a próxima poderá ser alguém que você conheça ou até você mesma afinal, vivemos num mundo onde infelizmente o respeito ao próximo e as leis é utopia!


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