O
DIA: Objetivo é desvincular aumento do mínimo para evitar elevação de tributos.
Agora, vice diz que antecipar eleições é golpe
Brasília
- A equipe que prepara medidas para um eventual governo de Michel Temer estuda
proposta para desvincular benefícios — incluindo os da Previdência — dos
reajustes concedidos ao salário mínimo. Hoje, a maior parte das aposentadorias
tem o aumento vinculado ao do mínimo. A ideia é reduzir as despesas com esses pagamentos
e evitar a elevação de impostos.
Os
conselheiros de Temer reconhecem que a medida é impopular, porém necessária, e
afirmam que o melhor momento para executá-la é no início da gestão, quando o
apoio ao governo tende a ser maior. Outro projeto estudado é eliminar as
vinculações constitucionais, como gastos obrigatórios com saúde e educação, que
engessam o Orçamento federal. Temer promete ainda fazer um corte grande nos
ministérios.
Nesta
terça-feira, o vice-presidente confirmou que seu nome preferido para ocupar o
Ministério da Fazenda é Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central no
governo Lula. “Das conversas que tive, Meirelles é de fato o mais cotado”,
afirmou Temer, a um dos políticos que o visitou ontem em Brasília.
OUTRO
LADO
As
ideias da equipe de Temer geraram reações positivas na Bolsa de Valores — que
subiu mais de 2% ontem — e negativas no governo Dilma. O ministro Miguel
Rossetto (Trabalho e Previdência Social) reagiu com indignação à notícia de que
Temer vai insistir na proposta de desvincular benefícios - incluindo os da
Previdência — dos reajustes ao mínimo. Na avaliação de Rossetto, essa
desvinculação é criminosa. “Essa proposta é um crime contra 22 milhões de
aposentados urbanos e rurais que conquistaram dignidade a partir dessa
vinculação”, analisou Rosseto.
“A
vinculação dos pagamentos previdenciários ao reajuste do mínimo é um dos
grandes responsáveis pela retirada de famílias da linha da pobreza”, afirmou. A
avaliação da equipe de Temer, no entanto, é de que esse caminho é mais viável
do que a elevação de tributos nesse momento de recessão. Segundo os assessores
do vice-presidente, agora é hora de investir no emprego. “É preciso ter uma
política econômica que, daqui seis a oito meses, comece a gerar emprego. É
preciso começar a reempregar”, explicou o vice.
GOLPE
Temer
chamou ontem de ‘golpe’ a tentativa de antecipação das eleições presidenciais
para este ano, proposta de alguns parlamentares. Temer disse que, nos Estados
Unidos, “as pessoas ficariam coradas” de apresentar uma proposta como essa.
Comissão
elege Anastasia
Uma
sessão dominada por discussões acaloradas abriu ontem os trabalhos da comissão
especial que analisa o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff no
Senado. Como já havia sido acertado, o nome do senador Raimundo Lira (PB) foi
confirmado para a presidência sem nenhuma contestação de opositores e
governantas. Mesmo sendo do PMDB, aliados da presidente consideram que o senador
tem bom trânsito com todos e uma postura equilibrada.
A
polêmica de mais de duas horas ocorreu com a eleição do relator, senador
Antônio Anastasia (PSDB-MG). A confirmação do nome do senador tucano, em
votação simbólica, marcou a primeira grande derrota dos governistas na
comissão, que conseguiram somar apenas cinco votos contrários. Anastasia,
segundo os governistas, também teria praticado pedaladas fiscais quando era
governador de Minas.
Fonte:
plantaobrasil
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