O
escritor português Miguel Souza Tavares afirma que "as oito horas de
votação na Câmara de Deputados para destituir Dilma Rousseff tiveram função
demolidora para a imagem do Brasil no mundo"; "Entre os povos livres
e civilizados, a ideia que passou é que o Brasil é mesmo um país do Terceiro
Mundo, onde a democracia é uma farsa e a classe política um grupo de
malfeitores de onde está ausente qualquer vestígio de serviço público",
diz; ele faz ainda uma dura crítica ao PMDB: "O partido que comanda o
golpe e mais espera dele vir a se beneficiar, o PMDB, é o exemplo acabado de
tudo aquilo que a política não deveria ser"
O
escritor português Miguel Souza Tavares afirma que "as oito horas de
votação na Câmara de Deputados para destituir Dilma Rousseff tiveram função
demolidora para a imagem do Brasil no mundo".
"Entre
os povos livres e civilizados, a ideia que passou é que o Brasil é mesmo um
país do Terceiro Mundo, onde a democracia é uma farsa e a classe política um
grupo de malfeitores de onde está ausente qualquer vestígio de serviço público.
Entre os países do verdadeiro Terceiro Mundo, alguns dos quais bastante mais
bem governados do que o Brasil, a ideia do país como potencial líder do grupo
dos emergentes caiu por terra com estrondo: perante aquele indecoroso
espetáculo transmitido em direto para o país e para o mundo, as hipóteses de o
Brasil alcançar o ambicionado lugar de membro permanente do Conselho de
Segurança das Nações Unidas só podem ter sido seriamente comprometidas",
afirmou Tavares em artigo publicado no jornal Expresso.
Ele
defende o respeito à democracia. "Não está em causa saber se Dilma governa
mal ou bem: governa mal e devia sair pelo seu pé. Não está em causa se o PT
esgotou o seu tempo e devia dar hipótese de nascença a um novo ciclo político:
sim, devia, e Lula — a quem o Brasil tanto ficou a dever — faria bem melhor em
remeter-se às palestras e nada mais. Já não está em causa sequer saber se há
fundamento jurídico e constitucional para a demissão da Presidente: não há, o
processo é puramente político e, nesse sentido, o impeachment é, de facto, um
golpe, levado a cabo pelos derrotados das presidenciais. Mas em democracia os
governos são julgados em eleições e ninguém tem culpa de que na absurda
Constituição Brasileira, que tenta a fusão impossível entre o presidencialismo
à americana e o governo à europeia, não existam as figuras da moção de censura
ou de eleições antecipadas (uma lacuna que deriva diretamente do igualmente
absurdo sistema político que faz com que o Presidente e chefe de Governo nunca
tenha maioria num Congresso onde convivem 26 partidos, mais uma série de
fidelidades regionais e sectoriais)", ressalta.
Tavares
também é duro contra o PMDB. "O partido que comanda o golpe e mais espera
dele vir a se beneficiar, o PMDB, é o exemplo acabado de tudo aquilo que a
política não deveria ser".
Fonte:
brasil247
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