Milhões de pobres ascenderam à classe média e foram às compras nestes 13 anos |
Por
Paulo Nogueira
A
Folha, depois de anos de pesquisas e levantamentos da mais extraordinária
inutilidade, descobre enfim o seguinte.
Vou
usar as palavras do próprio jornal: “Em 13 anos de PT no poder, o Brasil
distribuiu sua renda como em nenhum período da história registrada pelo IBGE.
Todos ganharam. Quanto mais pobre, melhor a evolução. Foram 129% de aumento
real (acima da inflação) na renda dos 10% mais pobres. Nos 10% mais ricos,
32%.”
Quer
dizer: num país em que a desigualdade social é o maior e mais arraigado dos
males, um real câncer, são números que merecem aplausos de pé.
Nenhum
desafio para o país é maior do que o de reduzir a iniquidade. O abismo entre os
poucos ricos e os muitos pobres é uma chaga muito mais deletéria do que a
corrupção.
Quanto
mais igualitária uma sociedade, menos corrupta ela é. Os países nórdicos estão
invariamente na ponta nas listas de países com menor grau de corrupção, e o
motivo é exatamente o igualitarismo. Você proporciona boa educação gratuita às
crianças, ensina a elas noções vitais de ética, dá a todos boas oportunidades,
protege os mais desfavorecidos e cria uma cultura segundo a qual praticar corrupção
é um horror. Sonegar na Escandinávia, como faz abertamente a Globo, por
exemplo, transforma você num pária.
Por
mais pecados que o PT tenha cometido em 13 anos, e não são poucos, o fato de
ter dado foco aos desvalidos o redime.
Você
tira muitas conclusões dessa reportagem da Folha.
Uma
é que isso – a redução – foi escondido estes anos todos, o que é um absurdo,
quase um crime de lesa pátria, dado o tamanho abjeto e histórico da
desigualdade.
Era
algo que a Folha deveria ter feito na campanha de 2012, para ajudar seus
leitores a entender melhor o que estava em jogo.
Outra
é a inépcia do PT em se defender: como o partido não levantou, ele próprio,
este tipo de coisa?
Estudos
dessa natureza jogam luzes onde existem sombras, o que é a tarefa mais nobre do
jornalismo.
Mas
a imprensa brasileira faz exatamente o oposto, ou por má fé ou por
incompetência: joga sombras até onde existe luz.
E
então você entende o paradoxo do trabalho da Folha.
Mesmo
com fatos acachapantes, apenas 31% dos brasileiros acreditam que sua vida
melhorou nestes 13 anos de PT.
Ora,
ora, ora.
Com
o massacre cotidiano da imprensa sobre primeiro Lula e agora Dilma, a percepção
das pessoas é que nestes 13 anos só houve corrupção.
Avanços
sociais foram censurados numa mídia partidarizada, aparelhada pela direita e
frequentemente desonesta.
E
denúncias de corrupção, verdadeiras ou imaginárias, foram estupidamente
ampliadas – não genericamente, mas contra um alvo específico: o PT.
Isso
quer dizer o seguinte: é fácil, é simples explicar o paradoxo. As melhoras não
são sentidas porque elas são soterradas por um noticiário envenenado.
E
é exatamente pelo combate à desigualdade que a mídia – a voz da plutocracia
predadora – tanto luta para derrubar o governo.
Não
há propósitos moralistas na campanha da imprensa contra Dilma e Lula. O que
existe é apenas a mesma lógica que a levou, no passado, a investir contra
Getúlio e contra Jango.
A
lógica das empresas de jornalismo é esta: defender seus interesses e os da
classe que representa, a plutocracia.
Para
sorte da sociedade, apareceu o jornalismo digital, com sites independentes e
livres que funcionam como um contraponto potente ao esforço da mídia em manter
o Brasil como um dos recordistas mundiais em desigualdade social.
Modestamente,
nos orgulhamos de pertencer a este bloco de sites.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Fonte:
diariodocentrodomundo
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