A
Comissão Nacional da Verdade, criada para elucidar crimes cometidos durante o
período acaba de completar um ano. Antes de seu encerramento em 2014, tem como
uma de suas principais missões contar o que sofreram as mulheres que foram
contra o regime. São brasileiras hoje na faixa do 60 anos, como as ouvidas por
Marie Claire: vítimas de estupros, choques nos mamilos, ameaças aos filhos,
abortos...
Em
pé sobre uma cadeira, nua, encapuzada e enrolada em fios, Ana Mércia Silva
Roberts, então com 24 anos, esforçava-se para manter os braços abertos,
sustentando uma folha de papel presa entre os dedos de cada mão. Ela estava
naquela posição havia horas. A cada vez que o cansaço lhe fazia baixar
minimamente os braços, um choque elétrico percorria todo seu corpo. E as
gargalhadas preenchiam a pequena sala. Eram vários homens, talvez oito, talvez
dez. Cada um com um rosto, uma história, uma vida. “Um dos meus torturadores
poderia ser meu avô, um senhor de gravata-borboleta para quem eu daria lugar no
ônibus; o outro era um loiro com chapéu de caubói. Havia um homem com jeito de
pai compreensivo que chegou a me dar um chocolate, e um jovem bonito com longos
cabelos escuros, que andava de peito nu, ostentando um crucifixo, de codinome
Jesus Cristo”, afirma.
O
rosto desses algozes, integrantes da repressão militar, e as cenas do dia em
que teve de ser estátua viva perante eles são parte das lembranças que Ana
Mércia, hoje 66, guarda de quase três meses de prisão no DOI-Codi e no Dops,
dois centros paulistanos de tortura e prisão de oposicionistas ao regime
militar, instaurado sete anos antes. Integrante do Partido Operário Comunista,
ela esteve nos porões da ditadura em 1971, mesma época em que o País vivia a
prosperidade do “milagre econômico” e o ufanismo alimentado pela conquista da
Copa de 70 e por slogans como “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Nos meses em que
ficou encarcerada, seu corpo e mente foram massacrados de diversas formas. Mas
não é ao descrevê-las que seus olhos ficam marejados. “Estranhamente, eu não me
lembro de quase nada daquelas semanas, meses. Fiz terapia, mas não consigo
recuperar esses trechos da minha vida. O que mais me dói é isso. Vários pedaços
de mim e da minha existência não me pertencem, ficaram com eles (os
militares)”. Ana Mércia é uma mulher com pouca memória das torturas daqueles
porões. E é também uma metáfora do próprio Brasil, que segue desmemoriado das
histórias do regime militar (1964 a 1985) quase 30 anos depois do fim da
ditadura. A diferença entre Ana Mércia e o Brasil é que ao País foi dada a
chance de recuperar e registrar os detalhes de sua história. É essa a missão da
Comissão Nacional da Verdade, criada pela presidenta Dilma Rousseff (ela mesma
vítima de torturas do Estado) e que tornou acessíveis uma série de papéis até
então secretos. Desde maio de 2012, 19 milhões de páginas de documentos foram
retirados de seus arquivos e estão em análise, e cerca de 350 pessoas foram
ouvidas. É um movimento delicado e, para muitos, atrasado. Até então, o Brasil
já havia debatido por anos como lidar com a violência da época.
A
Ordem dos Advogados do Brasil chegou a pedir, em 2008, a revisão da Lei da
Anistia, que perdoava todos os “crimes políticos” e beneficiava também
torturadores, mas teve o pedido negado pela Justiça. Da sua parte, grupos
militares se opunham à quebra de sigilo e à própria Comissão por temer uma caça
às bruxas. Foi depois de muito diálogo que se chegou à fórmula de um grupo de
trabalho com ênfase na transparência: a Comissão da Verdade pode acessar
qualquer documento que considerar importante e tem o poder de convocar pessoas
para depor, mas não de julgá-las. Do primeiro ano de trabalho, emergiram as
conclusões de que a tortura começou em 1964, pouco depois do golpe, e ocorreu
em pelo menos sete estados diferentes. Nesse pouco tempo, o Estado brasileiro
admitiu que os assassinatos do deputado Rubens Paiva e do jornalista Vladimir
Herzog foram obra de seus agentes, e descortinou o recrutamento e o extermínio
de tribos indígenas da Amazônia pelos militares.
Tudo
isso dá contornos mais nítidos à história recente do País, mas o grupo ainda
tem muito a contar até dezembro de 2014, quando os trabalhos serão encerrados.
Uma das principais incumbências da Comissão é esclarecer a participação das
mulheres na resistência à ditadura e as torturas a que foram submetidas.
“Acreditamos que as mulheres sofreram violências específicas, sexuais,
motivadas também por machismo, que buscavam destruir a feminilidade e a
maternidade delas”, afirma Glenda Mezarobba, uma das coordenadoras do grupo
Ditadura e Gênero, que investiga o assunto na Comissão da Verdade. Os trabalhos
ainda não possuem conclusões definitivas, mas há fortes indícios do que pode
ter acontecido às brasileiras durante as duas décadas de regime militar. “Hoje,
trabalhamos com um número de 500 mortos pela ditadura, 50 deles seriam
mulheres. Mas sabemos que os dois números estão subestimados”, afirma Glenda,
empenhada em refazer a estatística.
CENA COMUM EM 1968: A CAVALARIA DS POLÍCIA MILITAR TOMA A AVENIDA SÃO JOÃO, NO CENTRO DE SÃO PAULO (FOTO: ACERVO MEMORIAL DA RESISTÊNCIA DE SÃO PAULO) |
A
quantidade de processos reclamando anistia sugere que esse número é muito
maior. Desde 2001, o Ministério da Justiça recebe pedidos de indenização de
brasileiros que, de alguma maneira, tiveram a vida marcada pelo regime militar.
São parentes e vítimas de violência ou pessoas que, por motivo exclusivamente
político, ficaram impedidas de trabalhar. Hoje, o órgão contabiliza mais de 73
mil pedidos. Mais de 40 mil já foram aceitos. As mulheres foram fundamentais no
combate ao regime em todas as suas fases. Seu engajamento nos movimentos pela
anistia dos presos políticos, que muitas vezes culminaram com passeatas
exclusivamente femininas, são a parte mais conhecida dessa militância. Mas, nas
organizações de esquerda Ditadura, elas também foram importantes. Guardavam
armas e abrigavam militantes (aliás eram preferidas para essa função, pois
levantavam menos suspeitas), traduziam jornais comunistas estrangeiros,
participavam das aulas de doutrinas ideológicas, da elaboração dos planos de
assaltos e sequestros, tinham aulas de tiro e muitas foram a Cuba fazer curso
de guerrilha. Nas organizações clandestinas, chegaram a dirigentes.
“Era
preciso que houvesse uma mulher em cada esconderijo, para manter a aparência de
uma casa normal”, afirma Glenda. Elas também agregavam uma faceta afetiva e
familiar às organizações, muitas foram mães na clandestinidade ou na cadeia. Na
descrição feita pela psicóloga argentina, naturalizada brasileira, Maria
Cristina Ocariz, a mulher militante parece a expressão viva da frase do
revolucionário argentino Ernesto Che Guevara: “hay que endurecerse, pero sin
perder la ternura jamás”. “Elas tinham a mesma garra que os homens. Perdiam
companheiros, assassinados pelo regime, e ainda assim seguiam na luta, não por
frieza, mas por convicção ideológica de poder construir um mundo melhor para
seus filhos.” Cristina, que hoje coordena a Clínica do Testemunho Instituto
Sedes Sapientiae em São Paulo, um serviço que oferece espaço para reparação
psicológica aos afetados por ditaduras, fez parte da resistência aos militares
argentinos antes de se exilar no Brasil. Na juventude, na década de 70, ela
deixava seu bebê de 1 mês nos braços da mãe, em Buenos Aires, ia a
manifestações e corria para casa a tempo de amamentar seu filho. Quando eram
presas, as mulheres tinham pela frente não apenas a tortura, mas também o
sexismo e a violência sexual. “É claro que ser mulher fazia diferença. Porque
ainda que os homens torturados também tivessem de ficar nus, eles tiravam as
roupas na frente de outros homens. A mulher ficava nua diante dos olhos
cobiçosos e jocosos daqueles homens, essa era a primeira violência”,
afirmaTatiana Merlino, organizadora do livro "Luta, Substantivo
Feminino", publicado em 2010 pela Secretaria Especial dos Direitos
Humanos, que descreve o assassinato de 45 mulheres militantes.
NUDEZ
E TORTURA
“A
primeira coisa que eles fizeram quando entrei na sala de depoimento foi me
mandar tirar a roupa, eu já fiquei apavorada”, afirma Ana Maria Aratangy, de 66
anos. “Eu não esperava por aquilo. Eu mesma fui tirando a roupa, achei que era
melhor do que deixá-los arrancar. Acho que foi pior do que as torturas que
vieram depois”. Ana Maria era membro do Partido Operário Comunista quando foi
presa, aos 24 anos, e estava grávida de algumas semanas, mas não sabia.
Estudante do sexto ano de medicina, ela afirma que sua militância era tímida:
guardava duas armas em casa e tinha leituras consideradas subversivas.
Nem sequer conhecia os líderes do POC. Até por isso, não teve muito a dizer
quando vieram os choques nos mamilos e os tapas no rosto. Tampouco pôde conter
os gritos. Enquanto gritava, sua mãe, que havia sido presa junto com ela, ouvia
da sala ao lado. Ana Maria só saiu da prisão aos cinco meses de gestação. Sua
filha, hoje, tem 41 anos.
“Depois
de nos colocarem nuas, eles comentavam a gordura ou a magreza dos nossos
corpos. Zombavam da menstruação e do leite materno. Diziam ‘você é puta mesmo,
vagabunda’”, afirma Ana Mércia. As violências que seguiam incluíam, em geral,
choques nas genitálias, palmatórias no rosto, sessões de espancamento no pau de
arara, afogamentos ou torturas na cadeira do dragão, cujo assento era uma placa
de metal que dava descargas elétricas no corpo amarrado do prisioneiro. Mas com
as mulheres era diferente. “Havia uma voracidade do torturador sobre o corpo da
torturada”, afirma a psicóloga Maria Auxiliadora Arantes, cuja tese de
doutorado sobre tortura no Brasil será publicada este ano. “O corpo nu da
mulher desencadeia reações no torturador, que quer fazer desse corpo um objeto
de prazer.”
PASSEATA DE MULHERES NO LARGO CARIOCA À CINELÂNDIA, NO RIO DE JANEIRO EM 1983 (FOTO: ALMIR VEIGA (CPDOCJB)) |
Foi
exatamente o que viveu Ieda Seixas, de 65 anos. Aos 23, ela foi presa por causa
da militância do pai, operário. Demorou muito tempo para ser capaz de relatar o
que passou. E, quase 40 anos depois, não consegue conter as lágrimas ao
descrever: “Levaram-me para um banheiro durante a noite, no DOI-Codi, eram uns
dez homens. Fiquei sentada em um banco com dois deles me comprimindo, um de
cada lado. Na minha frente, em uma cadeira, sentou um cara que chamavam de
Bucéfalo. Ele me dava muito tapa na cara, a minha cabeça virava de um lado para
o outro, mas eu nem sentia, porque um dos homens que estava sentado ao meu lado
não parava de passar a mão em mim, colocou os dedos em todos os meus orifícios.
Era tão terrível que eu pedia: ‘Coloquem-me no pau de arara’. Mas aquele homem
dizia: ‘Não, gente. Não precisa levar essa aqui para o pau de arara. Comigo ela
vai gozar e vai falar’.
Todos
riam. Naquela noite, se eu tivesse tido meios, teria tentado me matar.” O
suicídio pode ter sido o destino de outras mulheres que não conseguiram
suportaram a violência sexual. Segundo Luci Buff, da Comissão da Verdade,
começam a aparecer informações de que até mesmo freiras teriam sido estupradas
por militares. Amélia Teles, de 68 anos, relata que não foi capaz de conter o
vômito ao ver que o torturador ejaculava sobre seu corpo nu e ferido, depois de
masturbar-se olhando para a vítima, amarrada na cadeira do dragão. Militante do
Partido Comunista, ela tinha dois filhos, de 5 e 4 anos, quando foi presa, em
1972. O assédio sexual do torturador não foi a pior parte. Em um dos dias na
prisão, depois de ser exaustivamente torturada Amélia viu a porta da sala se
abrir e seus dois filhos entrarem. “Foi a pior coisa do mundo. Eu, amarrada
(nua) na cadeira do dragão, sem nem poder abraçá-los. A minha filha me
perguntou: ‘Mãe, por que você está azul?’. Eram as marcas dos hematomas, do
sangue pisado, espalhados pelo meu corpo”, afirma Amélia. “Eles foram claros
comigo: para manter meus filhos vivos, eu teria que colaborar com eles.” Os
dois filhos hoje são adultos. Passaram por terapia e guardam apenas fragmentos
de memória de sua visita ao DOI-Codi. Nenhum quis ter filhos. Amélia credita
esse fato ao trauma na infância.
Agredir
crianças para atingir a mãe não era um recurso excepcional. Nem sequer as
mulheres grávidas eram poupadas. Em 1974, com uma barriga de seis meses de
gestação, a militante do grupo revolucionário MR-8 Nádia Nascimento foi presa,
junto com o seu companheiro, em São Paulo. “Já foram logo me dizendo que
filho de comunista não merecia nascer.
Arrancaram minha roupa na frente do meu companheiro, que já estava muito machucado
pela tortura, e perguntavam se ele queria que me torturassem, diziam que
dependia dele. Ameaçaram me estuprar na frente dele, mesmo grávida. Até que,em
um dado momento, me colocaram na cadeira do dragão. Ali, comecei a sangrar por
causa dos choques e perdi meu filho”, conta Nádia, que teve uma série de
complicações médicas decorrentes do aborto provocado e da falta de cuidados
hospitalares. A criança se chamaria Lucas e hoje teria 39 anos de idade.
A LÍDER ESTUDANTIL CATARINA MELONI EM PASSEATA. MAIS TARDE, ELA ESCREVERIA O LIVRO"1968: O TEMPO DAS ESCOLHAS" (FOTO: JESUS CARLOS (IMAGEM GLOBAL)) |
Também
presa aos seis meses de gestação, Criméia de Almeida, de 67 anos, conseguiu
manter seu filho na barriga, a despeito das torturas. Quando a bolsa estourou,
na cela solitária que ela ocupava em uma carceragem do exército em Brasília,
dezenas de baratas que habitavam o lugar começaram a subir por suas pernas,
alvoroçadas por se alimentar do líquido amniótico. Embora pedisse ajuda, teve
de esperar horas até ser transferida a um hospital. Lá, a ex-guerrilheira do
Araguaia, que havia trabalhado como parteira na Amazônia, teve as pernas e os
braços amarrados. “Quando o bebê nasceu, já o levaram para longe de mim. E o
médico me costurou sem anestesia, eu gritava de dor. Daí passaram a usar meu
filho para me torturar. Passavam dois dias sem trazê-lo para mamar. Quando ele
vinha, estava com soluço, magro, morto de fome. Ele nasceu com quase 3,2 kg.
Mas com um mês de vida pesava apenas 2,7 kg. Na infância, ele tinha muitos
pesadelos, chegou a ter convulsões. É claro que ficaram traumas em todos nós.
Quando eu estava presa e ouvia o tilintar de chaves na carceragem, que
significava que alguém seria torturado, o bebê começava a soluçar dentro do
útero. Hoje, aos 40 anos, João Carlos ainda soluça toda vez que fica
estressado”, afirma Criméia.
Ele
não conheceu o pai, André Grabois, que até hoje é considerado desaparecido
político. Criméia não teve a chance de enterrar seu companheiro. É provável que
André tenha sido assassinado pelos militares durante a guerrilha do Araguaia –
movimento comunista na região amazônica combatido pelo governo entre 1972 e
1974, no qual acredita-se que os militares tenham lançado bombas de Napalm, o
mesmo químico usado no Vietnã, de acordo com mais uma revelação recente da
Comissão da Verdade. Sorridente até ali, em um evento sobre educação
internacional para mulheres, a ministra das mulheres, Eleonora Menicucci,
ganhou um semblante pesado ao ser indagada por Marie Claire sobre sua história
na ditadura. Quando foi presa, em 1971, tinha apenas 22 anos e uma filha de 1
ano e 10 meses. Para forçála a dar informações de sua atividade política, os
militares colocaram a menina, Maria,
apenas de fralda, no frio. A criança chorava e os torturadores ameaçavam
dar choques nela. Ieda Seixas, que foi aprisionada na mesma cela que a atual
ministra logo depois dessa sessão de tortura, afirma: “A Eleonora andava como
um animal enjaulado, de um lado para o outro, e dizia ‘minha filha, minha
filha’. Tinha os olhos esbugalhados, passava a mão pelos cabelos com desespero,
parecia que ia explodir. Era mais do que estar transtornada, ela estava em
estado de choque”.
Sobre
a experiência, a ministra diz: “A Maria superou tudo e hoje é uma vencedora. Eu
também superei. Tive outro filho que me deu a certeza de que o que fiz foi
correto e me mostrou que eu ainda era capaz de ser mãe mesmo depois de todas as
torturas que sofri. Mas, ainda assim, relembrar isso é muito sofrido. Acho que
cada um resolve à sua maneira. A Maria aprendeu a lidar com isso com mais
liberdade e menos sofrimento. Eu, tudo o que tinha de falar, eu falei. Porque o
pior não é a tortura física, mas a psicológica, a ameaça. As ameaças que faziam
comigo de torturar a Maria na minha frente eram tão pesadas que talvez fossem
mais fortes do que a própria tortura em si”.
AS GRADES DO DOPS (FOTO: MATERIAL BRASIL NUNCA MAIS DO ARQUIVO EDGARD LEUENROTH/UNICAMP) |
O
FUTURO
É
com essa mesma memória que o Brasil tenta aos poucos lidar. A abertura dos
arquivos e os depoimentos, que pode resultar em processos contra os
torturadores, não são as únicas manifestações. No cinema, "Hoje",
filme da diretora Tata Amaral, mostra o quão atual é nossa dívida com a
história. A protagonista do longa, vivida pela atriz Denise Fraga, é uma
ex-militante de esquerda cujo marido foi morto pelos militares. Ela recebe uma
indenização pela morte dele e compra um apartamento, mas, no dia da mudança, o
desaparecido ressurge. A figura do retorno mostra como é difícil seguir em
frente sem resolver o passado. É assim no filme e na vida de Criméia, Amélia,
Ieda, Ana Mércia e Ana Maria. “Ao fazer "Hoje", me deparo com uma
sociedade que permite que sua memória seja roubada. E que aceita que, neste
momento, alguém esteja sendo torturado numa prisão brasileira. Será que em
algum momento a gente vai dizer: ‘Chega!’?”
Fonte:revistamarieclaire
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