No
Brasil, a grande imprensa está empenhada em propagandear o golpe contra a
presidenta Dilma Rousseff. A mídia estrangeira, na contramão, vê a
possibilidade de derrubada de um governo democraticamente eleito como um
retrocesso e uma ameaça à democracia no maior país da América Latina. A maior revista alemã, Der Spiegel, publicou
artigo sobre a situação política no Brasil denunciando um “golpe frio” contra o
governo.
O
golpe, na análise dos alemães, pode destruir todos os progressos conquistados
nos últimos 30 anos. Articulado em ação conjunta por parte da oposição, a
Justiça age juntamente com a maior empresa de comunicação, a Rede Globo, “para
estimular uma verdadeira caça às bruxas que tem como alvo o ex-presidente
Lula”, analisa o artigo, que não se furta a chamar Sérgio Moro de ambicioso e
que tem o “evidente objetivo central de colocar o ex-presidente Lula atrás das
grades”.
O
artigo, assinado por Jens Glüsing, correspondente da revista no Rio de Janeiro
foi publicado na última sexta-feira (19) e traduzido por Pedro Muñoz, doutor em
História e reproduzido nesta segunda-feira (21) pelo portal Brasil 247.
Há
artigos com o mesmo tom na mídia europeia. O site Público ,de Portugal,
publicou, nesse domingo (20), A justiça partidária e o limiar do golpe no
Brasil. A jornalista Sylvia Debossan Moretzsohn dis que Sérgio Moro
"avançou todos os limites".
Segundo
a articulista, o País vive sua mais grave crise
política desde a redemocratização.
O espanhol El País publicou O Brasil perante o
abismo, assinado pelo professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ), Ignacio Cano, mostrando que o País, "depois de anos de crscimento
e inclusão social", agora está sob séro risco não só de retrocesso, mas de
degradação institucional. " No processo de polarização crescente que o
país vive, a política fica cada vez mais judicializada e a Justiça se politiza,
de forma que os limites entre as duas esferas estão cada vez mais tênues",
diz o artigo.
Leia
abaixo a íntegra do artigo da Der Spiegel:
A
crise institucional no Brasil: um golpe frio
Os
opositores de Lula erigiram, o que sua frágil sucessora não conseguiu desde sua
posse: unificar as bases do Partido dos Trabalhadores, dos sindicatos e
movimentos sociais com o Governo.
Cem
mil simpatizantes de Lula protestaram ao longo da sexta-feira em todo país
contra o impeachment da presidenta, que visa retirá-la do poder. Na Avenida
Paulista em São Paulo, onde o termômetro para o protesto é contado, foram
ocupados 11 quarteirões. As manifestações foram pacíficas e Lula mostrou uma
postura conciliadora. Ele absteve-se de atacar a Justiça e conclamou para o
diálogo. As palavras de ódio foram pouco ouvidas nas manifestações de Rio e São
Paulo.
O
mesmo não ocorreu nos protestos massivos contra o Governo do último final de
semana, que juntaram um número cada vez maior de golpistas, radicais de direita
e reacionários. Embora eles não sejam a maioria dos manifestantes, têm atraído
cada vez mais simpatizantes. Isso tem se mostrado preocupante para ainda jovem
democracia brasileira.
Pela
primeira vez, desde o fim da ditadura militar em meados dos anos 80, o maior
país da América Latina se vê diante de uma iminente profunda crise
institucional que pode destruir todos os progressos conquistados nos últimos 30
anos. Parte da oposição e da Justiça age, juntamente com a maior empresa de
telecomunicações TV Globo, para estimular uma verdadeira caça às bruxas que tem
como alvo o ex-presidente Lula.
Sérgio
Moro, ambicioso juiz de Curitiba, sul do Brasil, persegue um evidente objetivo
central: colocar o ex-presidente atrás daS grades. Moro dirige as investigações
do escândalo de corrupção sobre a empresa semi-estatal petrolífera Petrobras,
no qual centenas de empresários, lobistas e políticos estão implicados, entre
eles vários membros do alto escalão do partido de Lula, o Partido dos
Trabalhadores.
Como
num furacão, o juiz Moro varreu a elite política e econômica. Ele revelou
desvios da ordem de bilhões de Reais. Mais de cem suspeitos estão na cadeia e,
a maior parte, sem estarem ainda condenados. Muitos brasileiros celebram, por
isso, o juiz como um verdadeiro herói nacional.
Fracos
indícios
Porém,
nos últimos meses os sucessos de Moro lhe subiram a cabeça. O juiz faz
política, que não é a sua função. A quebra de sigilo das escutas telefônicas
entre Lula e a presidente Rousseff, poucas horas depois da nomeação de Lula
como Ministro, perseguiu fins políticos e fez com que o juiz fosse questionado,
para pelo menos dar explicações.
Até
o momento, Moro não foi bem-sucedido na elaboração de sua acusação contra Lula,
embora dezenas de promotores e policiais federais em Curitiba já há meses
realizam uma devassa nas finanças e relações pessoais do ex-presidente. Os
indícios são ainda frágeis.
Lula
não tem milhões em contas na Suíça, como o poderoso presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha, que foi acusado por corrupção e lavagem de dinheiro e
chamado de criminoso por um juiz da Suprema Corte. Mas, isso não o fez deixar a
presidência e não o impediu de ter o controle sobre a comissão responsável pelo
impeachment da presidente.
Nessa
referida comissão, possui lugar o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, que
foi condenado na França por corrupção, mas que não será entregue pelas
autoridades brasileiras, pois é deputado federal.
Essas
são as figuras responsáveis por dar a palavra sobre a deposição da presidente,
que não teve até agora nenhuma culpa revelada, minando a legitimidade de todo o
processo.
À
reboque de Lula, adverte-se um golpe frio sobre a democracia brasileira. Há grandes
motivos para se preocupar.
Veja
a íntegra do artigo (em alemão) http://www.spiegel.de/politik/ausland/brasilien-hexenjagd-auf-lula-ein-kalter-putsch-kommentar-a-1083218.html
Fonte:
redemundonoticias
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