Em entrevista ao Diário Gaúcho, o presidente da entidade, Paulo de Argollo Mendes, defendeu a profissionalFoto: divulgação / SIMERS |
Jeniffer Gularte
A
médica, Maria Dolores Bressan, deixou de atender o filho da vereadora suplente
do PT na Capital, Ariane Leitão por questões partidárias
A pediatra que se negou atender uma criança de um ano e um mês, na Capital,
porque o menino é filho de uma militante do Partido dos Trabalhadores (PT) teve
o comportamento aprovado pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers).
Em entrevista ao Diário Gaúcho, o presidente da entidade, Paulo de Argollo
Mendes, defendeu a profissional:
—
Ela tem a nossa admiração — disse Paulo de Argollo, em entrevista ao Diário
Gaúcho.
O
caso ganhou repercussão na semana passada quando Ariane Leitão, vereadora
suplente na Capital e secretária de Políticas para as Mulheres do Rio Grande do
Sul durante a gestão Tarso Genro, publicou uma mensagem que teria sido enviada
pela pediatra Maria Dolores Bressan.
No
texto, a média explica: "...Tu e teu esposo fazem parte do Partido dos
Trabalhadores (ele do Psol) e depois de todos os acontecimentos da semana e
culminando com o de ontem, onde houve escárnio e deboche do Lula ao vivo e a
cores, para todos verem (representante maior do teu partido), eu estou sem a
mínima condição de ser Pediatra do teu filho".
Procurada
pelo Diário Gaúcho, Maria Dolores preferiu não se manifestar.
–
Declarações sobre o caso serão dadas pelo Sindicato Médico — limitou-se a dizer
a médica.
Ariane denunciou Maria Dolores ao Conselho Regional de Medicina (Cremers).. A médica
tem 15 dias para apresentar defesa após notificação.
A
seguir, trechos da entrevista do presidente do Simers:
Diário
Gaúcho – Como que o sindicato vê a atitude da médica?
Paulo
de Argollo Mendes – É absolutamente ética. O código de ética médico tem um
artigo que estabelece como deve se dar a relação entre médico e paciente. Tem
coisas muito claras. Por exemplo, se é uma urgência ou se tu és o único médico
da cidade, tu atendes e ponto. Não tem condicionais, é a tua obrigação. Tu não
és o único médico da cidade e o paciente tem a possibilidade de escolher outros
profissionais, daí tu tens que ser honesto, tem que ser leal com o teu
paciente. Se tem alguma coisa que te incomoda e que tu achas que vai prejudicar
a tua relação com o teu paciente, se tu não vais se sentir confortável, se não
vai ser prazeroso para ti atender aquela pessoa, tu deves dizer para ela
francamente: olha, prefiro que tu procures um colega.
Diário
– O médico deve atender apenas pessoas com quem ele se dá bem?
Paulo
– Não, eu acho que ele deve evitar atender as pessoas que percebe que, por
algum motivo, não vai se dar bem.
Diário
– O senhor acha que isso pode influenciar no atendimento?
Paulo
– Inconscientemente até pode influenciar. O médico sempre procurar ser o máximo
possível imparcial.
Diário
– O senhor já presenciou outros casos semelhantes?
Paulo
– Eu não me recordo de um caso tão rumoroso como esse.
Diário
– Isso não é comum?
Paulo
– Não. Eu acho que, às vezes, o médico evita de ser muito direto. Acho que essa
médica foi extremamente honesta.
Diário
— Ela está abalada com a repercussão?
Paulo
– Não. Acho que ela está surpresa.
Diário
– Positiva ou negativamente?
Paulo
– Nem positivo, nem negativamente. Só admirada.
Diário
– Ela demostra arrependimento?
Paulo
– Não. Não tem porque se arrepender. Ela tem que se orgulhar disso. Tem que se
orgulhar de ter cumprido o código de ética, ter sido clara, honesta.
Diário
– A criança foi prejudicada?
Paulo
– Absolutamente não. Existem milhares de médicos em Porto Alegre que podem dar
um atendimento tão bom quanto esta doutora.
Diário
— E se acontecesse com o senhor?
Paulo
— Eu gostaria muito que o médico fosse franco, que ele não fosse um fingido,
ficasse fingido que tem prazer e alegria em me atender quando, na verdade, ele
está representando um papel.
DG
— O que acontece fora do consultório influencia na consulta?
Paulo
— Não que interfira na consulta, mas interfere no relacionamento entre as
pessoas. Porque não foi por causa de uma consulta, o procedimento da médica
ocorreu fora do consultório, não interferiu na consulta, mas no relacionamento
entre dois adultos maduros e esclarecidos. Essa moça é até vereadora, ou
suplente de vereadora, não é uma analfabeta ou uma pessoa com deficiência. São
dois adultos inteligente e aptos que devem ter um relacionamento maduro,
tranquilo, sereno e até bem claro.
Fonte:
diariogaucho
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